ADEUS, LÍNGUA PORTUGUESA! BRASIL VAI ABANDONAR O PORTUGUÊS E ADOPTAR UM NOVO IDIOMA…

Linguista brasileiro propõe o reconhecimento do “brasileiro” como uma nova língua, distinta do português europeu, com base em diferenças estruturais, culturais e históricas. A proposta reacende um debate sobre identidade e soberania linguística.

POR: ALISSON FICHER*

Gilvan Müller de Oliveira, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e ex-diretor executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), defende o reconhecimento do “brasileiro” como um idioma distinto do português europeu.

Segundo Müller, a variante falada no Brasil já possui características suficientes para ser considerada uma nova língua.

Num artigo com o título “Por uma política linguística para a língua brasileira”, publicado em 2014 e debatido em eventos oficiais da CPLP, ele argumenta que há uma assimetria estrutural e política entre o português europeu e o brasileiro.

Diferenças entre o português brasileiro e o europeu

O linguista defende que a gramática, o vocabulário, a pronúncia e as estruturas sintáticas do português do Brasil já se afastaram significativamente da norma culta de Portugal.

“A distância entre o português falado no Brasil e o de Portugal é maior do que aquela entre o espanhol da Argentina e o da Espanha”, afirmou Müller em debates académicos e textos técnicos sobre política linguística.

A proposta vai além da linguagem cotidiana: Müller defende uma política linguística própria para o Brasil. Isso incluiria a criação de um Vocabulário Ortográfico do Português do Brasil (VOP-BR), desvinculado das normas europeias, e a autonomia no tratamento normativo da língua em ambientes oficiais, educacionais e diplomáticos.

O linguista argumenta que o Brasil, ao adoptar integralmente acordos ortográficos discutidos na CPLP, como o de 1990, fez concessões que não refletem a realidade linguística do país.

Propostas de política linguística para o Brasil

A proposta divide opiniões entre estudiosos da área. Embora alguns linguistas reconheçam que há um afastamento crescente entre as variantes faladas nos dois lados do Atlântico, outros ponderam que ainda há unidade suficiente para considerar o português uma só língua.

A morfologia, as preposições e a estrutura básica do idioma ainda permanecem em grande parte comuns.

Além disso, o português brasileiro possui uma norma culta reconhecida e oficializada, utilizada no ensino, na mídia e nos documentos oficiais.

Língua portuguesa e a força da variante brasileira no mundo

Mesmo assim, os dados reforçam a percepção de que o português falado no Brasil já se consolidou como um sistema linguístico próprio.

Estatísticas da UNESCO e da Ethnologue indicam que o Brasil é responsável por mais de 80% dos falantes da língua portuguesa no mundo.

O idioma, no país, já passou por diversas reformas ortográficas, adaptações fonéticas e enriquecimentos lexicais com influência de línguas indígenas, africanas e de imigrantes europeus e asiáticos.

Debate internacional e influência da CPLP

No plano internacional, a discussão também está a ganhar força. Durante a sua gestão no IILP, Müller participou de iniciativas para ampliar o reconhecimento das diferentes variantes do português, defendendo que as normas locais de países lusófonos fossem valorizadas de maneira equivalente à norma europeia.

Embora não exista, por enquanto, nenhuma medida oficial do governo brasileiro para adotar o “brasileiro” como idioma distinto, a proposta de Gilvan Müller reacende a discussão sobre identidade linguística, autonomia cultural e o futuro da língua no país. Com mais de 210 milhões de falantes, o português do Brasil já se impõe como a variante dominante do idioma no mundo.

No entanto, a questão permanece aberta: o Brasil deve seguir vinculado às normas e estruturas do português europeu, ou reconhecer de forma institucional a sua própria língua?

A questão que se põe é se os brasileiros estão, realmente, preparados para essa mudança? O que significaria, na prática, o Brasil adoptar oficialmente um novo idioma?

*Jornalista: Fonte – CPG (Clik Petróleo e Gás)

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