AS RELAÇÕES ENTRE OS EUA E A CHINA

Pragmatismo e cedências só são apanágio de líderes políticos com sentido de Estado 

MARIA LUÍSA ABRANTES 

O encontro entre os Presidentes Biden e  Xi Jinping em São Francisco, Califórnia, no dia 15/11/2023, à margem do Fórum de Cooperação Econômica Ásia Pacífico (APEC), serviu para desanuviar a tensão que cresceu ao longo do último ano, restabelecendo a normalidade das relações bilaterais. Foi assim manifestado o respeito mútuo que as duas maiores economias mundiais se têm. O anterior encontro entre ambos, ocorreu há cerca de um ano,  durante a reunião do G20, na Indonésia. 

Segundo o Presidente Biden, o Presidente Xi Jinping foi o Chefe de Estado com quem se encontrou mais vezes. Encontraram-se pessoalmente 68 vezes, desde a Administração Obama, enquanto seu Vice-Presidente.

O encontro foi precedido por uma visita à China de 4 dias, da Chefe do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, que terminou a 9/7/2023, com o objectivo de “trabalharem em áreas de interesse mútuo”. No final da qual, a mesma afirmou que “não esperamos que esta viagem traga quaisquer avanços significativos”, no relacionamento bilateral. “No entanto esperamos ter discussões construtivas e estabelecer canais de comunicação a longo prazo”, disse, o que conseguiram. 

As várias Administrações americanas sempre  privilegiaram a diplomacia econômica, fundada na proteção do Estado à propriedade privada, na liberdade contratual e na democracia, garantidas por eleições livres. O Presente Biden, está há cerca de um ano das eleições Presidenciais e tem que melhorar a sua popularidade e a do Partido Democrata, segundo sondagens. 

Para além do sentido sentido de Estado, a situação do aumento da dívida externa dos EUA, superior ao seu PIB que é de cerca de 25 trilhões de dólares, devido ao apoio a intervenções militares no exterior, é preocupante. De 24 trilhões de dólares em 2022, passou para 33 trilhões de dólares em 2023. 

De notar, que a China (1,44 trilhões, valor mais elevado em 2013) e o Japão, são os principais crederes dos EUA, dos 22% do orçamento de Estado que depende do exterior. Os restantes 78% da dívida, é devida às suas instituições e aos Estados (incluindo empréstimos realizados pelo governo federal, títulos do tesouro e outros compromissos). 

Nessa base, o Presidente Biden após o encontro, concedeu uma entrevista à comunicação social e referiu, que ele e o seu homólogo chinês acordaram, que ambos os países envidariam  esforços, no sentido de:

– Reforçar a vigilância para evitar o tráfico de estupefacientes (fentanil)  provenientes da China, que vitimizam mais pessoas que as armas de fogo;

– Estabelecer uma comunicação directa entre os Chefes de Estado e entre os militares dos dois países;

– Avaliar os riscos da Inteligência Artificial;

– Abordaram  a invasão da Ucrânia pela Rússia e  o conflito em Gaza, entre Israel e o Hamas. A proposta do Presidente Biden é a existência de dois Estados e resolução do conflito através de negociações. Referiu, que comunicou a Israel, que não aconselha a ocupação de Gaza;

– Relativamente às próximas eleições no Taiwan, o Presidente Biden afirmou que mantém  o reconhecimento de que existe uma só China;

– Foi abordada a questão das práticas comerciais da China (custos). Recordemos, que o Presidente Trump teve que recuar, no que respeita à tentativa de impor a subida de preços dos produtos chineses, através de um imposto de 45% sobre os mesmos.  Como retaliação, os chineses iniciaram o desinvestimento (venda) dos títulos da dívida e a continuarem, acarretaria a queda do valor do dólar e a valorização do yuan. Nessa altura, o Japão passou a liderar a dívida externa dos EUA. 

Para além do acordo de manterem as linhas telefônicas dos dois Presidentes abertas, não houve maiores compromissos por parte da China, que reiterou que a reunificação da China será feita com recurso anegociação ou pela força.

Os bons exemplos devem ser seguidos por todos e os maus exemplos rechaçados.

16.11.2023 

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