Ainda há gestores que mexem no erário

João Lourenço, líder do MPLA, partido no poder, admitiu terça-feira (5) na província angolana do Cunene, que ainda há gestores públicos que mexem no erário, mas “não com tanto descaramento, com tanta falta de medo, como era no passado”.

O presidente do MPLA fez essas declarações durante um comício que marcou o lançamento da pré-campanha eleitoral do seu partido e o fim da sua visita de Estado que iniciou domingo para cumprir um vasto programa de inauguração de várias infraestruturas públicas.

Segundo João Lourenço que é também presidente da República, nos cinco anos do seu mandato que agora terminam, ocorreu “uma viragem radical no que diz respeito à gestão da coisa pública”.

“Não estou a dizer que não há gestores que mexem no erário, não estaria a dizer a verdade se fizesse essa afirmação. Temos de assumir que ainda há gestores que mexem no erário, mas não com tanto descaramento, com tanta falta de medo, como era feito no passado”, referiu, no seu pronunciamento de cerca de 50 minutos.

O líder do MPLA frisou que os gestores têm hoje mais cuidado, por saberem que “se forem apanhados não haverá impunidade”.

“O grande mal do passado, não era só haver corrupção, haver roubo, porque às vezes quando a gente utiliza a expressão corrupção acaba por ser uma palavra bonita e como o acto em si não é bonito, temos de chamar as coisas pelo seu verdadeiro nome: corrupção é roubo”, afirmou, sublinhando que mais grave do que haver corrupção “era a impunidade”.

“Ninguém fazia nada, o que acabava por encorajar outros a fazerem o mesmo. Neste mandato, demos passos importantes na luta contra a corrupção”, frisou.

João Lourenço, que falava na qualidade de líder partidário, salientou que não se pode ainda manifestar satisfação total com os resultados alcançados, realçando que foram já recuperados muitos recursos, “mas não chega”.

“Precisamos de recuperar muito mais, mas sobretudo precisamos de criar mecanismos e criar a mentalidade dos nossos servidores públicos, de que o caminho certo não é o caminho da corrupção”, destacou.

De acordo com João Lourenço, com o dinheiro subtraído ilicitamente aos cofres do Estado no passado, várias infraestruturas poderiam ter sido criadas, exemplificando o sistema de abastecimento de água que inaugurou, na segunda-feira (4), na localidade de Cafu, no Cunene, um investimento de 137 milhões de dólares, para combater a seca naquela região.

“Quantas barragens do Cafu poderíamos construir com os dinheiros já recuperados da corrupção e aqueles não recuperados?” – questionou.

“Esta barragem que inaugurámos ontem custou cerca de 137 milhões de dólares e há pessoas que sozinhas roubaram cinco, seis, vezes mais do que isso. Então, dava para fazer quantos Cafu? Nós precisamos de fazer aqui no Cunene quatro ou cinco Cafu. Então já estavam feitos, com o dinheiro roubado por uma só pessoa”, disse.

O líder do MPLA considerou absolutamente necessário combater a corrupção, tema que marcou o seu mandato iniciado em 2017, tendo destacado que a luta contra este fenómeno não é apenas levada a cabo por si, mas por todos os cidadãos.

Angola vai realizar na segunda quinzena de Agosto, as quintas eleições gerais.

Com Lusa/Mundo ao Minuto

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