Fiquei detido meio ano por causa do Fundo Soberano, continuo a ser julgado na Justiça por causa do processo dos 500 milhões. No caso deste último, era uma operação suportada por contratos, cuja aprovação era da competência do Titular do Poder Executivo e do governador do BNA. Quando interpusemos o primeiro recurso no Tribunal Supremo, a votação dos juízes deu um empate de 4-4, mas houve um juiz que, sem fundamento legal, votou duas vezes. Os quatro juízes que tiveram votos vencidos apontaram também vários atropelos à Constituição, mas o processo mantém-se. Sobre o processo que se refere ao Fundo Soberano de Angola, por conta do qual fiquei seis meses injustamente detido, lembro que o Estado até acabou condenado nos tribunais ingleses em pagar indeminização à parte lesada em que eu me incluo. O Estado foi condenado por difamação e prestação de falsas declarações ao tribunal, pois, no processo dos 500 milhões, nunca houve desvio muito menos a intenção de desviar os valores que estavam em causa. A justiça inglesa fez questão de sublinhar que havia transparência na gestão do Fundo, que era anualmente auditado por entidades nacionais e estrangeiras e que tinha uma constante supervisão do Ministério das Finanças. Em suma, em ambos os casos (Fundo Soberano e 500 milhões), nunca houve desvios, nunca houve perdas de dinheiros do Estado. Digo-o outra vez: a única explicação é o facto de ser filho do meu pai, o ex-Presidente da República.
José Filomeno dos Santos (entrevista ao Novo Jornal)
Antigo presidente do Fundo Soberano de Angola (entre 2012 e 2018), esteve em prisão preventiva de 24 de Setembro de 2018 a 24 de Março de 2019.