Viticultores tentam antecipar-se ao aquecimento global

O aquecimento global está a afetar os ciclos de maturação das vinhas e o setor vinícola de França precisa de se adaptar às futuras condições climáticas.

Para tentar encontrar uma forma de os viticultores se anteciparem e conseguirem manter a qualidade do vinho quando o calor se instalar em França, foi lançado em 2007 no “terroir” de Bordéus o “ViAdapt”, um projeto para estudar o potencial de diferentes castas de qualidade mundial e adaptar a produção francesa às novas condições climáticas.

A partir deste ano e com luz verde para continuar pelo menos por mais uma década, o projeto começou a integrar três castas tradicionais portuguesas, touriga nacional, tinto cão e alvarinho, a crescer ao lado de congéneres nativas como o merlot ou o cabernet sauvignon.

“Foi neste contexto [de aquecimento global] que criámos o projeto ‘VitAdapt’, onde plantámos castas de maturação mais demorada para ver como se adaptavam e se comportavam em Bordéus para tentar perceber se esta maturação tardia pode contrariar os efeitos do aquecimento global”, explicou a engenheira agrónoma Agnés Destrac-Irvine, uma das líderes deste projeto vinícola.

O objetivo é adaptar o setor à evolução do clima sem revolucionar a produção vinícola.

O “VitAdapt” é promovido pelo Instituto francês de Investigação Agrícola (INRAE), começou em 2007 e atualmente integra 52 castas de qualidade mundial: 31 de uvas tintas e 21 de uvas brancas.

“Mantemo-nos fiéis à tradição. Não procuramos uma revolução nem criar um produto completamente atípico, que saia fora do Bordéus. Queremos trazer um pouco de frescura e também diferenciar-nos entre viticultores”, disse Bernard Réglat, um viticultor de Bommes.

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