Angola fracassa no CAN e mundial

E tudo o vento levou…

Depois da tentativa falhada nas eliminatórias de qualificação à Taça Africana das Nações dos Camarões, a principal selecção de futebol do país voltou a baquear na “corrida” ao Mundial do Qatar

Mateus Xavier

Um somatório de fracassos. Assim se resume a campanha dos Palancas Negras (apelido da Selecção Nacional de futebol de honras) nas eliminatórias de acesso ao Campeonato Africano das Nações (CAN) e Campeonato do Mundo, ambos aprazados para 2022, nos Camarões e Qatar, respectivamente.

Os angolanos mostraram-se impotentes para fazer frente à selecções perfeitamente ao seu alcance, casos da Gâmbia, RDC e Gabão (na fase de disputa da Taça das Nações de África) e Líbia e Egipto (na eliminatória ao Mundial), facto espelhado na pobreza dos pontos alcançados e da qualidade exibicional da equipa às ordens do português Pedro Gonçalves.

Na corrida ao CAN, Angola terminou no último lugar do Grupo D com apenas 4 pontos, fruto de uma vitória (curiosamente, frente ao Gabão), um empate e quatro derrotas, tendo se apurado o Gabão e a Gâmbia, selecções antes tidas como incapazes de tirar da corrida a histórica RDC.

Neste agrupamento, Angola e a RDC eram, teoricamente, as potenciais candidatas a ocupar as vagas. Mas, a prática viria a revelar uma realidade completamente diferente daquela desenhada pelos críticos do futebol, tendo os angolanos sido aqueles com a pior colheita.

O fracasso dos Palancas Negras viria a desenhar-se na primeira derrota averbada frente à Gâmbia, por copiosos 3-1. Na segunda ronda, o combinado nacional voltaria a confirmar a sua impotência para discutir os pontos no grupo, baqueando ante o Gabão, por 2-1.

No terceiro jogo, Angola foi empatar a Kinshasa com a República Democrática do Congo, sem golos, para na quarta jornada, em Luanda, perder por 0-1 diante da mesma RDC. Na quinta ronda da eliminatória, os Palancas coleccionaram nova derrota, frente à Gâmbia, por 2-1, despedindo-se da campanha ao CAN de forma honrosa, com triunfo de 2-0 sobre o Gabão.

Angola voltava a falhar, desta forma, a disputa da maior competição africana de selecções, depois de oito presenças, designadamente em 1996 na África do Sul, 98 (Burkina Faso), 2006 (Egipto), 2008 (Ghana), 2010 (Angola), 2012 (Guiné/Gabão), 2013 (África do Sul) e 2019 (Egipto).

Mundial não passou de sonho

A nova derrota (2-0) consentida pela Selecção Nacional em Franceville, no confronto com o Gabão (sempre eles…) deitou por terra todas as aspirações de os angolanos voltarem a sonhar com a segunda presença numa fase final do Campeonato do Mundo, depois da inédita façanha lograda em 2006, na Alemanha.

A expressiva vitória (3-1) muito bem conseguida na véspera, em Luanda, diante deste mesmo Gabão, chegou a deixar transparecer a ideia de que a selecção estaria disposta a dar um “murro na mesa” e afastar de uma vez por todas “os fantasmas” da desilusão que teimavam em assombrar o balneário. Mas, debalde. Ainda que o grupo tivesse tentado justificar a “queda” com os alegados “maus-tratos” sofridos na recepção no aeroporto de Franceville, a exibiçao não permitiu aspirar por muito…

O facto é que, antes disso, ou seja, nas primeiras duas jornadas, a principal selecção de futebol do país já averbara derrotas diante do Egipto e da Líbia, ambas por 1-0, resultados que viria a deixar já muito complicadas as contas, sendo que apenas apura-se o vencedor de cada grupo.

Na cauda da classificação, com três pontos, e a duas jornadas do desfecho das eliminatórias de apuramento ao “play-off” de qualificação ao Mundial do Qatar, aos angolanos resta “atirar a tolha ao tapete” e esperar pela próxima oportunidade.

Na ressaca deste fracasso, Pedro Gonçalves, o seleccionador escolhido por Artur Almeida e Silva para tentar reencaminhar os Palancas Negras aos grandes palcos do CAN e do Mundial, justificou a campanha atribuindo responsabilidades à Federação, por não ter criado todas as condições de trabalho ao grupo.

“Tivemos um somatório de contrariedades que afectou a selecção. Demos uma boa resposta no desafio em casa, em que ficou provado o nosso crescimento, mas com todas as peripécias que o Gabão nos impôs, ficámos claramente condicionados”, disse, em conferência de imprensa.

“Nós não temos condições iguais aos dos nossos adversários do grupo. Tivemos, inclusive, limitação para ir a busca de um jogador. Não temos orçamento para pagar a viagem e tivemos que ser muito escrupulosos a ir buscar jogadores fora do país. Vejam as condições dos nossos adversários. O Gabão teve um avião em Paris, para recolher o grosso de jogadores, porque quase todos evoluem em França”, acrescentou, Pedro Gonçalves.

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