Ainda a propósito da União dos Escritores Angolanos
JAcQUEs TOU AQUI!

Começo pela epígrafe. Quem sabe se não fui influenciado pelo refrão e, à boa maneira dos católicos, entregue à vontade divina de Deus? Quem sabe? Pode ser até que a eleição do novo Papa Leão XIV – que a santa criatividade dos angolanos já o coloca num passado não muito distante a viver no município do Rangel e na capela da Precol, notícia que justifica a atenção dos que cuidam da Lei das fake news – talvez tudo isso me tenha levado ao desabafo resignado. É assim, e o que tem de ser, tem muita força, sempre ouvi dizer.
Feita esta entrada, sem ela ou com a vontade de Deus, direi, sem receio de errar, que quando esta crónica chegar às mãos dos meus leitores, uma de duas coisas terá já acontecido:
1 – Impugnado o acto eleitoral, por via de requerimento legal entregue por um grupo de membros e “embarrado” pelos até então actuais membros da Mesa da Assembleia Geral;
2 – Realizado o acto eleitoral e, a despeito da ilegalidade em tempo detectada, dele ter nascido novo corpo de dirigentes da UEA.
Lamentavelmente, a ilegalidade é um estado de espírito que atrai muitos concidadãos, que acima de tudo colocam nos pratos da balança os seus interesses e jamais os da comunidade. Com essa eventual situação, nascerá, paralelamente, estou em crer que sim, acérrima disputa entre os eleitos e todos os outros vencidos que, usarão certamente todas as prerrogativas legais, para lavar, corar e pôr a nu toda verdade escondida, toda a roupa suja que necessita de ser lavada para que a dignidade seja devolvida à Casa dos Escritores Angolanos.
Persigo há muitos anos, a ideia que nos animava quando, no início do novo século, ainda era Ministra da Cultura a escritora Ana Maria de Oliveira, e todos juntos plantávamos árvores no quintal da União, como ilustra a minha fotografia inserida nesta página. Acompanhei o crescimento da minha árvore, não sei se ela sobreviveu. Sei que no sítio onde algumas delas foram plantadas existem edifícios, jangos e coisas assim, empreendimentos passíveis de gerar rendimentos. E ainda assim, há dívidas na Segurança Social, havendo entre o pessoal conhecido de todos, os “fantasmas” que ninguém conhece e recebem salários. Foi afirmado isto na campanha encerrada no dia 8. Também me reservei à reflexão e decidi.
Decidi pensar como poderei saber claramente para onde seguem as verbas resultantes do património da União, os tais edifícios mais as rendas das naves do Alvalade, de que nunca mais ouvi falar. Um direito que me assiste, já que nunca ouvi falar claramente desses rendimentos. Também e ainda por durante a rigorosa campanha eleitoral, ter sido publicada a informação da existência de trabalhadores “fantasmas” e de uma significativa dívida à Segurança Social.
Ficarei com a minha consciência tranquila se isso me for esclarecido. E se assim for, optarei por seguir o caminho que sigo. Com o devido respeito por todos aqueles que mostram não quererem saber disto para nada, que se estão nas tintas para a União e para o que lhe acontece, eu continuarei nesta senda crítica, na esperança de podermos ombrear brevemente no campo cívico com outras entidades angolanas que se batem corajosamente na defesa do Estado Democrático e de Direito, atitude nunca vista na União dos Escritores Angolanos.
Dizendo não a este estado de coisas, despeço-me com os habituais cumprimentos e abraços fraternos aos meus leitores, amigos e parentes.
Então, até domingo próximo, á hora do matabicho.
Lisboa, 11 de Maio de 2025
