Os destros políticos, os mafiosos, são todos uns filhos das mães deles, estão sempre fixos no lado do mal. Racistas, egoístas, xenófobos, malandros, patifes, desonestos. Claro que isto não corresponde à verdade, por isso não alinho nessa fantasia. Há filhos de muitas mães em ambos os lados da política. Execráveis e malandros, há-os nas duas partes.
Afasto-me deliberadamente da lógica do “politicamente correcto”. Daquela ideia que sustenta a luta contra a exclusão de pessoas ou de grupos, dos coitadinhos, desfavorecidos e descriminados. Empregue com frequência no discurso político comum (quantas vezes eivado de declarado oportunismo), tornou-se uma expressão corriqueira, usada em muitas discussões. Apaixonadas e simplistas, (hoje mais do que antigamente), acabam por transformar os debatentes dessas makas estéreis (já sem o sentido das de outrora), nos seres ridículos em que normalmente se tornam.
Que me perdoem os meus amigos, ou nem por isso, os que ainda considero, indefectíveis defensores da linha crucial que marcava diferenças fundamentais dos comportamentos. Mas a verdade é que, defendendo-se (como alguns o fazem) complicadas e inconcebíveis posições políticas, tornam o princípio sem lógica que valha, indefensável perante factos concretos e insofismáveis realidades.
Confesso que já não suporto o modo como a problemática da “esquerda” e da “direita” e, principalmente, das suas reles políticas, são actualmente esgrimidas nos palcos da discussão (palestras, conferências, colóquios que a comunicação patrocina e torna local privilegiado para se ganhar fama e dinheiro). Como se o lado canhoto das nossas escolhas fosse sempre o mais correcto, aquele que acolhe a dignidade e a rectidão, os melhores membros e dirigentes, enfim, o lado bom da fita política. Ao invés, os destros políticos, os mafiosos, são todos uns filhos das mães deles, estão sempre fixos no lado do mal. Racistas, egoístas, xenófobos, malandros, patifes, desonestos. Claro que isto não corresponde à verdade, por isso não alinho nessa fantasia. Há filhos de muitas mães em ambos os lados da política. Execráveis e malandros, há-os nas duas partes.
Abstendo-me de ir ao fundo da questão (já vejo dedos apontados, marcando-me como um reles reaccionário), direi sem titubear que no que respeita aos velhos problemas nacionais, a “destreza” da “canhotice” tem sido o grande mal dos nossos pecados. Não se compadecendo com as desgraças do povo, vai assestando no edifício da sociedade civil que ergueu a seu gosto e da justiça que a desonra a toda a hora, golpes premeditados, certeiros e alguns deles mortais. Tem sido assim, desse modo infame, que a “esquerda” do nosso orgulho, foi pondo a nu ao longo dos anos, completamente despida, a verdade dos factos, a ocultação da nossa verdadeira índole e da monumental fraude perpetrada contra o país. Não sei se me faço entender.
Se não, vou esclarecendo. Porque nunca ouvi falar de “centro” na política indígena, não me lembro de meios-termos. Direi com um certo à vontade que, nos dias que correm, não me tem sido mostrado outra coisa que não seja aquilo que observamos. Uns certos panoramas à esquerda com pinturas de um cenário miserável. Um conjunto de indivíduos ditos de “esquerda”, acobertados por esdrúxulas imunidades, hipotecando o país e usurpando, a seu belo prazer, com o beneplácito do Estado e dos seus órgãos e instituições mais dignas (pelo menos de nome e estatuto), sem dó nem misericórdia, com uma vaidade arrepiante a tomar-lhes todos os sentidos, a desviar a riqueza dos angolanos, para benefício deles próprios. Dessas pessoas, de suas famílias, seus compadres e respectivos apêndices.
Desculpando-me pelo exagero dos termos que podem eventualmente atingir pessoas de bem (ainda presos a esses tentáculos do mal) que não pretendo magoar de modo nenhum (eu quero mesmo é ferir o sistema que não sente a dor dos seus semelhantes), direi para quem queira ouvir e em jeito de denúncia pública, o seguinte: é de tal modo cruel o desfalque perpetrado (não há dia nenhum que não seja descoberto, no país ou fora dele, um roubo ou desvio, um saque de bens estatais ou um negócio mal explicado, num conjunto de actos que colocam em causa o nome e a reputação do país, mostrado por várias situações desprestigiantes e amplamente divulgadas, mas nunca desmentidas por quem deveria fazê-lo), uma série de factos que nos obrigam a parar para pensar.
E é de tal modo gritante o silêncio de quem deveria ter voz activa, que leva a indivíduos como eu a pensar também que os opositores políticos (internos ou externos), naturalmente conotados com a “direita” manhosa e maldita, estejam a alimentar os mesmos propósitos rascas, já que na dinâmica das suas acções oposicionistas, não se vislumbra nada mais (para além do que têm feito, o que não é mais do que a sua obrigação), que contrarie e os desvie, de facto, da linha torta actualmente em vigor.
Mas isso, não passa de mera especulação. Não sei se estaremos perto ou muito longe de saber, embora a fúria do meu descontentamento marcada por anos de permanente desencanto, me leve a definir a espécie poderosa que se posiciona para substituir a outra, também como pessoa de mal, admitindo inclusivamente que a sua génese possa ter a mesma marca da ruindade que nos atormenta actualmente.
É natural que este amontoado de desarrumadas suposições não muito habituais em mim, venha a ser considerado como “politicamente incorrecta”, vindas apenas de um tipo visceralmente descontente. Estou-me literalmente nas tintas para isso. A verdade é que vou dando mais força à ideia de fugir dos “políticos” para me aproximar dos patriotas. Dos verdadeiros. Como se isso fosse possível! Que besteira, dirão os sabichões, os de bandulho cheio. Não há patriotas que não sejam políticos, dirão os conservadores do templo. Não necessariamente, direi eu a contrapor. E lembrarei que nos dias que correm, precisamente na Argentina, um país que se prepara para ir a votos dentro de pouco tempo, Javier Milei (um filhinho da mamãe dele como já é designado), curiosamente o candidato que melhor se posiciona para vencer esta eleição, está a ser apoiado por uma impressionante falange de jovens. Ele vai afirmando categoricamente que não é político, pelo menos no sentido como vemos o político tradicional. Não é possível, insistirão os cépticos, difícil, mas possível, continuarei eu na minha. Há, sim, patriotas, que não querem nada com a política. E que sabem governar. Entenda quem quiser.
Não será, pois, por outras razões quaisquer que não sejam as que me ditam a consciência. As que estou a deixar identificadas neste artigo, expressas através de palavras que andam estranguladas na minha garganta há alguns anos. Há muito tempo mesmo. Significarão uma espécie de declaração de princípios e interesses. Não será, de modo nenhum, contra qualquer pessoa em particular, mas contra o conjunto daquelas que mais responsabilidades têm pelas desgraças que atormentam o nosso povo.
Refiro-me, com o devido respeito que alguns nomes ainda me merecem, ao grupo que, arvorando a tal bandeira da liberdade e pegando nos canhenhos que orientavam a modernidade das sociedades e dos seus povos, criaram os partidos políticos que estamos com eles e, à custa disso, fizeram e vão fazendo regularmente o que todos nós sabemos. Pelo povo, para bem do povo. Vão dizendo disparates, ao som de remoques de que assim é que está a cuiar. Vergonhoso! Fazem-no com uma regularidade e um descaramento impressionantes. Mas, não é disso, porque está na moda, que deriva a minha atitude. Não sou tipo de modismos. Vou ser claro. Faço esta declaração porque me afastei, e isso não é de agora, deixei simplesmente de acreditar nos políticos, de um modo geral. Venham pois, daí, os patriotas, e afastemo-nos decididamente dos políticos de meia-tigela, dos oportunistas que tão bem conhecemos.
Direi mais, ainda, para ser melhor entendido. Acredito que, se as pessoas que se dispuserem a governar no futuro forem verdadeiros patriotas, não teremos de enfrentar um décimo dos problemas com que nos deparamos no nosso quotidiano. Vejamos porquê. Porque o patriota que governa, tal como eu o identifico, tem, acima de tudo, a noção de que a sua missão é a de servir o povo e o país. A par de zelar pelo desenvolvimento da Nação e da criação da riqueza nacional, não pode descurar questões como o emprego, a escola, a saúde, a segurança social do seu concidadão. Conciliar estas boas formas governação, implica que o cidadão que se comprometa a tal, no acto de assumir a função, tem a obrigação de despir-se do fato de empresário ou comerciante que eventualmente ostente. Mas não será fazê-lo no género “faz de conta” para beneficiar na mesma e de seguida, as suas empresas ou os seus negócios. Terá que afastar-se dos seus empreendimentos, de facto, durante a vigência do seu mandato. Distante da promiscuidade de que enferma a actual sociedade angolana, onde não se sabe onde começa o interesse do Estado e acaba o do Privado. E como é possível conseguir ter na governança cidadãos com esse perfil? Não sendo fácil, teriam que submeter-se ao escrutínio de uma justiça também ela patriota e não política, ou seja, capaz de fazer cumprir as leis, capaz de controlar e fiscalizar no primado da justiça e do patriotismo, a riqueza do país, sabendo distinguir, castigar e afastar os malfeitores dos defensores do bem comum.
É evidente que tudo isto não passa de um sonho. A sociedade que governa é toda ela politizada e não se sente com réstia de vontade de abandonar as práticas adoptadas meio século atrás, sob a mentira tornada verdade de que “o mais importante é resolver os problemas do povo”. Porque retiram delas muitos benefícios. De facto, os políticos que não são patriotas que nos governam desde a fundação do país, graças à enorme dose de patriotismo usada pelos combatentes na conquista da independência, e essa é verdade impossível de ser negada, atrelaram-se a esse epíteto glorificado de patriotas, e à sua custa têm amealhado fortunas consideráveis. Construíram mentalidade de tal modo hipócrita que não lhes permite ver com clareza onde reside a infelicidade dos seus concidadãos. E por muito que queiram descobrir fórmulas milagrosas de reverter a situação, o remédio é só um. Simples, como devem ser as coisas sérias. Sermos governados por patriotas e não por políticos.
Enquanto aguardo por dias melhores, despeço-me dos meus estimados leitores e amigos, desculpando-me por alguma coisinha menos agradável. Esperem por mim no próximo domingo, à hora do matabicho.
Lisboa, 27 de Agosto de 2023
Javier Milei não foi nenhum menino filhinho da mamãe, ele é filho de operários, o seu pai era chofer de autocarros. Ele é economista e sempre trabalhou no sector privado!!!!!!!!!!! sou angolana e moro na argentina há mais de 40 anos. Excelente artigo, em geral. E sim, a mairoria dos votantes de Milei são jovens e muito jovens, algo inédito!!!!!!!!!!!!!
Meus agradecimentos pelo esclarecimento e esperamos voltar a vê-la consultando o nosso site.A propósito, a comunidade angolana na Argentina é numerosa? Realiza encontros de aproximação? Qual a relação que mantêm com a nossa embaixada?