Isaías Samakuva: “Angolanos anseiam resgate e reconfiguração de Angola”.

Isaías Samakuva reassume a liderança da UNITA até a realização do Congresso.

Em declarações prestadas no acto de passagem de pastas, Isaías Samakuva começou por considerar que a decisão do Tribunal “é política e é histórica”. No fundo, disse, vem confirmar a posição política expressa pelo Bureau Político do MPLA, em comunicado oficial, a 3 de Agosto do corrente ano, quando afirmou que a presidência de ACJ na UNITA “está por um fio”. Por isso mesmo, deixou claro que “ela constitui uma ameaça séria à integridade e à coesão interna da UNITA” e que “pode criar confusão entre os militantes, lançar os angolanos uns contra os outros, desmobilizar o movimento social para a mudança e impedir a alternância”.

Numa introspecção ao passado, Isaías Samakuva lembrou de outras ocorrências similares tidas como atentados à soberania popular, praticados por órgãos do Estado com o mesmo objectivo, ocorridos em 1975, 1991, 1998 e também em 2005.

Em todos os casos, referiu Isaías Samakuva, “a identidade e a integridade política da UNITA foram o alvo aparente, mas no final, o ente atingido foi Angola, a entidade prejudicada foi o País todo. Houve confusão, houve exclusão, Angola ficou parada no tempo e o País não avançou”. Para o efeito, alertou que “estamos perante mais uma armadilha no longo processo de construção da Nação angolana”.

Isaías Samakuva disse que sente “que a situação ora criada fornece-nos uma bela oportunidade para dialogarmos mais abertamente sobre o rumo que pretendemos dar ao nosso País”, considerando constituir esse momento, como uma “oportunidade para ultrapassarmos as nossas pequenas diferenças internas”.

Entende igualmente que “os problemas de Angola são tão graves, a crise está tão aprofundada, que não devemos nos distrair com questões que nos dividem”.

Para Isaías Samakuva, “a UNITA é a força propulsora que derrubou os pilares do totalitarismo em Angola e, é uma das forças constituintes da República de Angola” e que, portanto, é “uma instituição perene, que não pode ser abalada por uma simples instrumentalidade de quem quer que seja”.

Na esteira desse seu posicionamento, Isaías Samakuva defende que “Angola precisa de pôr fim ao ciclo da confusão e dos paradoxos, o ciclo que confunde a utopia com a realidade, e por isso mistura na mesma panela a democracia e a hegemonia, o direito e a subversão, o republicanismo e o absolutismo, a opulência e a miséria”.

“O País despertou, está cansado deste paradoxo e quer decididamente sair do ciclo de crises causadas pelo casamento entre um Estado falhado e um capitalismo de banca rota” – alertou Isaías Samakuva cujo entendimento é também que “os angolanos anseiam por entrar num novo ciclo, que é o ciclo do resgate e da reconfiguração de Angola, para a construção do futuro”.

Concretamente sobre o Acórdão 700, o de novo presidente da UNITA deixou claro que essa formação política “não vai apenas conformar-se com a decisão do Tribunal”, mas aproveitará “esta ocasião para mobilizar a cidadania e consolidar o movimento social rumo à construção de um verdadeiro Estado de direito democrático em Angola”.

A terminar a sua primeira intervenção de novo nas vestes de líder da principal força política de oposição, reafirmou que “hoje a UNITA é mais que a UNITA”, sustentando a sua afirmação considerando que “ela é a expressão do desejo de mudança de todos os angolanos”. E assegurou que no que considerou ser uma “missão história” do seu partido que não vão falhar, deixou claro que “a UNITA não é um projeto de descrença”, mas sim “de reinvenção e de esperança”.

Fonte: Kesongo

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