O BFA foi transformado no novo cômodo de figurantes do poder

Ou na mais recente instituição de assistência social de ex-ministros, ex-PCA’s ou de figuras suspeitas de envolvimento em casos de corrupção protegidas, ou colaboradoras dos novos donos-disto-tudo?

Após o confisco das acções da empresária Isabel dos Santos, filha do ex-presidente da República José Eduardo dos Santos e do General Leopoldino do Nascimento “Dino”, o Estado detém 51,9do Banco de Fomento Angola S.A, através da UNITEL S.A (e os 48,1por via da Sonangol). Mas, de acordo com algumas fontes está a ser processado o arranjo que permitirá, por via da Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) a alienação do seu capital, ainda este ano (num conjunto de 12 empresas) para accionistasprivados com boas ligações ao poder, no quando da estratégia de manutenção da empresa em “mãos angolanas”, para que seja apresentada como um sucesso do programa de privatizações da governação do Presidente João Lourenço. 

Como que a comprovar o novo figurino para este banco, vazou nos últimos dias nas redes sociais, cópia de uma “Autorização do Registo Especial dos membros dos órgãos sociais do Banco de Fomento Angola, S.A.” emitida pelo Banco Nacional de Angola, endereçada pelo seu Departamento de Regulação e Organização do Sistema, dirigido por Carla Gomes e Alves Ferreira, à presidente do Conselho de Administração do BFA, Maria do Carmo Bastos Corte Real Bernardo.

Assim, os novos designados para os órgãos sociais do BFA, SA num total de 22, são os seguintes:

  • Maria do Carmo Bastos Corte Real Bernardo, presidente do Conselho de Administração;
  • Osvaldo Salvador de Lemos Macaia, vice-presidente do Conselho de Administração;
  • Divaldo Kienda Feijó Palhares, administrador não executivo;
  • Filomeno da Costa Alegre Alves de Ceita, administrador não executivo;
  • Jacinto Manuel Veloso, administrador não executivo;
  • Laura Maria Pires Alcantra Monteiro, administradora independente;
  • Maria Amélia da Conceição Freitas Montenegro Duarte, administradora independente;
  • Armando Manuel, administrador independente;
  • Luís Roberto Fernandes Gonçalves, presidente da Comissão Executiva;
  • Natacha Sofia da Silva Barradas, administradora executiva;
  • Sebastião Machado Francisco Massango, administrador executivo;
  • Paulo Lélis de Freitas Alves, administrador executivo;
  • José Alves do Nascimento, administrador executivo;
  • Paulo Valódia Silva, administrador executivo;
  • Francisca Ferrão Costa, administradora executiva;
  • Alcides Horácio Frederico Safeca, presidente do Conselho Fiscal;
  • Adilson Manuel Sequeira, vice-presidente do Conselho Fiscal;
  • Valdir de Jesus Lima Rodrigues, membro efectivo do Conselho Fiscal;
  • Luzia de Castro Peres do Amaral, membro suplente do Conselho Fiscal;
  • Henda Nzinga Pires Teixeira, membro suplente do Conselho Fiscal;
  • Coutinho Nobre Miguel, presidente da Assembleia Geral;
  • Flávia Nahari Furtado Gomes, secretária da Mesa da Assembleia Geral.

ACEITAM SER ‘PENDURAS’? 

As reações em torno dessa lista foram inúmeras, em conversas privadas mas sobretudo nas redes sociais, já que ao nível dos órgãos de comunicação públicos o debate fica sempre condicionado, ou essas questões, tidas como sensíveis por chamuscarem a imagem do Titular do Poder Executivo, são remetidas para o silêncio sepulcral. 

A maior parte dos comentários consideram que se trata de uma decisão de proteção de algumas figuras com fortes ligações ao poder e não poucas, relacionadas com casos de corrupção, quer na gestão do ex-presidente José Eduardo dos Santos, mas também agora, no do Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço.

“Ninguém fala desta super lista desde super Conselho de Administração, que integra  

Armando Manuel , Alcides Safeca, Divaldo Feijó Palhares, Filomeno Ceita, Jacinto Veloso, Laura Alcantra Monteiro, Natacha Barradas, e Coutinho Nobre Miguel?” – questionou um internauta, que indo mais além nos seus comentários, concluiu:  “Quer dizer, saem como ministros, PCA’s de empresas e bancos, e ‘estacionam’ num banco que era privado e estável, é agora estatal e vai ser o BPC II, para receberem só salários e mordomias”!

O internauta coloca ainda a seguinte questão: Mas esses ‘doutores’ sem doutoramentos e engenheiros, se são tão competentes, tão bons, tão excelentes no que fazem, aceitam sempre ser ‘penduras’, viver sem dignidade, as custas do erário público?

O internauta pergunta também, se os outros é que eram os marimbondos e se esses são umas hienas”,bem como, se não se trata de acomodação de pessoas, e que se o objectivo for esse, a melhor instituição para esse efeito, seria o “Beiral” (instituição de acolhimento e assistência à idosos carentes ou abandonados por familiares).

Segundo ainda o internauta, que parece conhecer bem os visados, “Divaldo Kienda Feijó Palhares, nomeado como não executivo, continua como DF do Grupo SONANGOL. Para fazer o quê? Armando Manuel é administrador independente, isso é o quê? Que administrador é esse? Vai faz o quê? Trabalha como? Luta pela independência? 

Membro suplente do Conselho Fiscal faz o quê? Fiscaliza o efectivo já que é suplente?” 

O internauta concluiu afirmando que, “a minha lenta compreensão faz-me entender que o novo Conselho de Administração do BFA (excepto evidentemente a presidente do Conselho de Administração e o Vice-presidente), é na realidade um novo governo, para não dizer que é um GRANDE TACHO. Um desavergonhado acomodo de parentes e amigos, em vez de promoverem o desenvolvimento sócio-económico do país e, corolariamente, a promoção do bem-estar social das nossas populações. O Filomeno da Costa Alegre Alves de Ceita até tinha fugido por uns tempos, porque estava metido na negociata da venda de divisas”.

GALINHA DE OVOS DE OURO

De acordo com o Expansão, o BFA tem sido, nos últimos 5 anos, o campeão dos lucros entre os bancos angolanos. No exercício passado teve um lucro de 140 mil milhões Kz, um resultado 40% superior ao do segundo classificado da lista, o BAI.

De acordo com cálculos do Expansão, o BFA é também o banco que mais dividendos paga aos seus accionistas, já que em 2021, ano em que publicou o último relatório e contas disponível, pagou em dividendos 78,3 mil milhões USD. Em termos práticos, o BFA naquele que foi o ano atípico, onde os lucros dispararam por conta da reversão de imparidades, pagou 5.215 Kz por cada uma das 15.000.000 acções em circulação.

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