Isabel e Tchizé contratam advogada para impedir que “desliguem” José Eduardo da vida

Ana Paula e o médico João Afonso podem ser proibidos de permanecer na casa ocupada pelo ex-presidente, por suspeita de ocorrência ou envolvimento em crime de envenenamento

Declarações constantes num áudio chegado ao Kesongo de fonte próxima à familiares directos de José Eduardo dos Santos, dão conta que as suas filhas, Isabel e Tchizé dos Santos, contrataram assessoria jurídica espanhola, para contestar e impedir que se concretize qualquer intenção manifestada por Ana Paula e pelo Dr. João Afonso, médico afecto aos Serviços de Inteligência e enviado de Luanda para cuidar do ex-presidente, de se desligar as máquinas que asseguram a continuidade do seu estado de vida por se encontrar em coma (que pode ser irreversível), depois de uma queda que ocorreu em sua residência, que pode ter resultado de eventuais práticas que levantam, agora, suspeição de tentativa de homicídio.

Carmen Varela, a advogada espanhola contratada pelas duas filhas do ex-presidente, que detém carteira profissional desde 1975, começou por clarificar, no áudio em referência, que “Ana Paula dos Santos, que diz ser esposa do senhor dos Santos, na verdade já não é”. Pelo menos em Espanha, como diz. E esclarece que não é, primeiro, porque “o matrimónio não foi registado em Espanha, logo não é válido, porque ocorreu em Angola”. Por outro lado, acrescenta a advogada Carmen Varela, “Ana Paula e José Eduardo dos Santos estão separados há quase seis anos, e ela até é detentora de passaportes com diferentes domicílios”.

Sobre o estado de saúde do ex-presidente e os procedimentos a observar e que, como tem sido amplamente divulgado por diferentes órgãos de comunicação, dependia de uma reunião que deveria ter lugar hoje entre a família, o médico João Afonso e a equipa médica espanhola que agora acompanha o ex-presidente, a advogada Carmen Varela reafirmou que, “as filhas, em concreto, negam-se a que se faça a desconexão do paciente, por entenderem que essa desconexão pode ser provocada por um possível delito”.

A advogada reafirma que o Comité Médico “não pode passar por cima da família, que decidiu não desconectar”. Do mesmo modo, clarifica que “a senhora (Ana Paula), não está autorizada a fazer parte da decisão, porque os seus documentos não são válidos em Espanha e a sua separação rompeu com o matrimónio, que aliás, não está referenciado”.

Sobre essa matéria, a advogada Carmen Varela deixou claro que, “quem decide são as filhas, que não querem que o seu pai seja desconectado, e querem que se realizem exames para esclarecer possível envenenamento, para se saber porque razão o senhor (dos Santos) caiu pelas escadas e se levou 15 minutos para se comunicar a ocorrência à polícia”.

“Estamos a falar de um ex-chefe de Governo, de um Governo corrupto e trata-se de um caso muito delicado” – esclareceu a advogada, como representante legal das filhas, que solicitam que não se desconecte as máquinas, pelo que, disse que será solicitada “autorização judicial e, sobretudo, para que não se deixe entrar o médico, que foi enviado pelo presidente de Angola, na casa ocupada por José Eduardo dos Santos, porque acreditamos que pode estar vinculado, nem tão pouco aquela que se diz ser sua esposa, que não é”. 

“Somente a filha mais-velha que está aí e a Tchizé dos Santos, que são, legalmente, as representantes” – clarificou a advogada. 

Ramiro Aleixo

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