Eleições. Confiança na CNE atingiu novo nível mais baixo

No momento em que Angola se aproxima das eleições gerais de Agosto de 2022, apenas um em cada cinco cidadãos afirmaram confiar na Comissão Nacional Eleitoral, segundo revelam dados de um inquérito realizado recentemente pela Afrobarometer

De acordo com o inquérito, cerca de metade dos angolanos afirmou que a CNE actua de forma neutra, apesar da confiança na instituição gestora do processo eleitoral ter decaído do nível mais baixo registado há três anos. 

Angola realizará as quartas eleições gerais em Agosto de 2022 e as primeiras três foram vencidas pelo MPLA, por maioria qualificada, mas, foram marcadas por suspeitas de fraude eleitoral, com a actuação da CNE no centro das reclamações, que persistem agora que se entra em fase de pré-campanha. 

O inquérito refere, que apenas um em cada cinco angolanos (21%) disse confiar “de alguma forma” ou “muito” na CNE, menos 6% comparativamente a 2019. 

De acordo com a pesquisa da Afrobarometer, o nível de confiança é relativamente maior entre os homens (25% vs 17% das mulheres) e entre os respondentes adultos (34% dos que possuem 46 anos e mais vs 17% a 19% dos 18 aos 35 anos de idade). Os cidadãos residentes nas zonas rurais (27%) também revelaram maior confiança do que os das zonas urbanas (18%). O mesmo acontece com os que possuem ensino primário ou sem educação formal (26% e 27%) comparativamente aos que possuem o ensino secundário ou universitário (17% e 19%). Apenas 14% dos residentes da província de Luanda afirmaram confiar na CNE. 

O inquérito revelou também, que cerca de metade (48%) dos angolanos afirmaram que a CNE actua de forma neutra, enquanto perto de um terço (32%) consideram que ela favorece um grupo particular.

A percepção sobre a actuação neutra da CNE aumenta entretanto, com o nível de educação dos respondentes, passando de 37% daqueles sem educação formal para 56% entre os que possuem o ensino universitário.

Aceitação dos resultados

Numa outra pesquisa realizada pela mesma entidade (Afrobarometer), a maioria dos angolanos inquiridos diz ser provável que o candidato ou o partido derrotado não aceitem um resultado desfavorável nas eleições gerais de Agosto.

As próximas eleições gerais, quartas do país em tempos de paz, afiguram-se como as mais competitivas desde a inauguração da democracia multipartidária, em Setembro de 1992. 

Três quartos dos entrevistados disseram que vão, de forma “definitiva” ou “provavelmente”, votar nas eleições de Agosto, embora apenas uma minoria espere que elas sejam “completamente livres e justas.” 

Conclusões 

Com base na recolha, tratamento e análise dessa informação, a Afrobarometer concluiu que a maioria (57%) dos angolanos considera “pouco provável” ou “muito provável” que um resultado desfavorável nas eleições gerais de Agosto não sejam aceites pelo candidato ou partido derrotado. 

A expectativa de que o candidato ou partido derrotado não aceite os resultados das eleições gerais, é particularmente difundida entre os residentes urbanos (62%), cidadãos economicamente abastados (67%) e aqueles com ensino secundário (63%) ou ensino universitário (66%). Mais de seis em cada 10 residentes da Província da Huíla (63%) e da Província de Luanda (61%) partilham desta opinião. 

Três quartos dos angolanos dizem entretanto, que “definitivamente vão votar” (57%) ou “provavelmente vão votar” (18%) nas próximas eleições gerais. Os residentes da Província da Huíla são particularmente mais propensos a manifestar a sua intenção de voto (83% provavelmente/definitivamente, contra 68% na Província de Luanda). 

Pouco mais de metade (53%) dos angolanos dizem que as eleições gerais serão “completamente livres e justas” (31%) ou “livres e justas com pequenos problemas” (22%). Muito menos esperam “grandes problemas” (13%) ou umas eleições nada livres e justas (11%). 

As expectativas de que as eleições sejam “totalmente livres e justas” são consideravelmente mais comuns na Província da Huíla (46%) do que na Província de Luanda (26%), nas cidades do que nas zonas rurais (37% vs 28%) e entre cidadãos mais velhos (46%) do que entre os inquiridos mais jovens (27%-31%). 

A Afrobarometer é uma rede de pesquisa pan-africana e apartidária, que fornece dados sobre experiências africanas e avaliações de democracia, governança e qualidade de vida. Oito rondas de pesquisas foram concluídas em 39 países desde 1999. 

Em Angola, a equipa é liderada pela Ovilongwa – Estudos de Opinião Pública, e entrevistou 1.200 angolanos adultos, entre 09 de Fevereiro e 08 de Março de 2022. Uma amostra desta pesquisa produz resultados nacionais com uma margem de erro de +/- 3 pontos percentuais e um nível de confiança de 95%. A pesquisa anterior em Angola foi realizada em 2019. 

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