Angola: 51,1% da população é pobre

O Programa Alimentar Mundial (PAM), órgão das Nações Unidas (ONU) anunciou na noite de domingo (7) no Brasil, que o número de pessoas à beira da fome em 43 países, subiu para 45 milhões, enquanto a fome aguda disparou em todo o mundo. E Angola, Haiti, Iêmen, Síria e Somália integram a lista de países que esta organização internacional considera que a situação continua grave.

O PAM refere no seu último relatório, que o aumento em relação aos 42 milhões de pessoas registados no começo do ano é explicado em grande parte, por uma avaliação que revelou que outros 3 milhões de pessoas sofrem com a fome no Afeganistão. Neste país, a carência de alimentos agravou-se após a tomada do poder pelos talibans, estimando-se que existem cerca de 23 milhões de pessoas sobre risco de fome severa, desde Agosto.

“Dezenas de milhões de pessoas não têm perspectiva. Os conflitos, as mudanças climáticas e a Covid-19 aumentam o número dos que passam fome”, disse o diretor executivo do PAM, David Beasley. “Os dados mais recentes mostram que existem agora mais de 45 milhões de pessoas que caminham para a inanição”, assinalou, após uma viagem ao Afeganistão, onde o PAM tem aumentado a sua ajuda a quase 23 milhões de pessoas.

O PAM calcula que para reverter a situação de fome no mundo, são necessários agora 7 bilhões de USD. David Beasley declarou que “o custo da assistência humanitária está a subir de forma exponencial” e por isso, “mais dinheiro é necessário para a agência poder ajudar famílias ao redor do mundo que já esgotaram a sua capacidade de lidar com a fome extrema”. 

Decisões extremas 

A insegurança alimentar tem feito muitas pessoas comer menos, pular completamente algumas refeições, ou optar por alimentar as crianças ao invés dos adultos. O PAM cita ainda casos extremos, onde as famílias acabam por comer gafanhotos, folhas selvagens ou até catos para sobreviver, como é o caso de Madagáscar. 

Em outras áreas, as famílias acabam por retirar as crianças da escola, vendem o gado que têm ou são forçadas a casar as crianças. O preço dos alimentos atingiu neste mês os mais altos custos dos últimos 10 anos, e o aumento dos combustíveis prejudica ainda mais a situação. Se em 2020 despachar um contentor custava mil dólares, agora o valor chega a 4 mil. 

Entretanto, recorde-se que já a 7 de Outubro último, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) divulgou também um relatório sobre os níveis de pobreza no mundo, em que apontava a existência de 1,3 bilhão de pessoas que vivem na pobreza. 

O estudo trazia um retrato multidimensional dos civis que vivem com dificuldades, levando em conta múltiplos fatores, como acesso à saúde, educação, água potável, entre outros.

Pobreza na lusofonia 

De acordo com o relatório da agência das Nações Unidas, Angola e Moçambique possuem mais de metade da população em cenário de vulnerabilidade. 

Mais de 16 milhões de angolanos foram considerados multidimensionalmente pobres, o que equivale a 51,1% da população total. Outros 15,5% são considerados em risco de pobreza. 

Já em Moçambique, o número supera os 70%. São mais de 22 milhões de pessoas em dificuldade. Desses, 63% vivem abaixo da linha de pobreza. 

Os dados reforçam outra constatação do relatório, que indica que mais da metade das pessoas nesta situação estão na África Subsaariana.  

Os resultados de São Tomé e Príncipe ficaram na casa dos 11% e do Brasil, em 3,8%. 

Principais resultados 

No lançamento do relatório, o PNUD destacou a vulnerabilidade de grupos étnicos. Os números apontavam que pelo menos 90% de seus integrantes vivem com grandes privações. 

Ao citar o exemplo da América Latina, o PNUD afirmou que os povos indígenas estão entre os mais pobres. Na Bolívia, as comunidades representam cerca de 44% da população. Entre elas, 75% das pessoas são consideradas multidimensionalmente pobres.  

Sobre esta questão, o representante do PNUD, Achim Steiner, considerou que “a pandemia de Covid-19 corroeu o progresso do desenvolvimento em todo o mundo”.  

Segundo disse, as conclusões do relatório reforçam a necessidade de se ter uma visão completa de como as pessoas são afectadas pela pobreza, para se “construir um futuro melhor” e projetar respostas eficazes. 

Gênero 

O relatório indicava também uma disparidade entre meninos e meninas. Os dados mostraram que, em todo o mundo, cerca de dois terços das pessoas mais vulneráveis vivem em moradias em que nenhuma menina completou seis anos de estudo.   

O relatório constatou ainda que elas estão mais expostas à violência dos seus parceiros. 

Dados 

O PNUD destacou ainda que cerca de metade das pessoas em situação de pobreza são menores de 18 anos.  

Entre os mais de 1 bilhão de pessoas vulneráveis, 67% vivem em países de renda média. 

A quase totalidade do grupo não possui meios adequados para preparar alimentos e vive sem saneamento básico.  

O estudo revelou que 788 milhões vivem em locais com pelo menos uma pessoa desnutrida e 568 milhões precisam de caminhar mais de 30 minutos para terem acesso às fontes de água potável. 

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