Ainda a propósito do 1º de Maio de 2023

Os sonhos e aspirações dos sindicatos do passado foram realizados por meio da acção colectiva, e é hora da geração de hoje transformar em realidade a aspiração de um mundo que coloca as pessoas em primeiro lugar. 

Ainda a propósito do 1º de Maio e das lutas por trabalho digno, por um outro modo de produção e de distribuição e por uma ordem política e económica que concretize o discurso de ‘não deixar ninguém para trás’, partilho a informação do CSI1 sobre os importantes benefícios económicos que podem resultar de investimentos modestos em infraestruturas, na economia do cuidado e na economia verde.

Um novo estudo da CSI, conduzido por pesquisadores da Universidade de Greenwich, mostra que o aumento do investimento público pode ter efeitos positivos significativos no emprego e no crescimento económico geral. O estudo apresenta uma simulação do impacto que um aumento nos gastos públicos poderia ter na economia assistencial (Economia do Cuidado), na economia verde e na infraestrutura em oito países. 

O relatório considera que um aumento anual repetido nos gastos públicos de cerca de 1% do PIB nesses três sectores geraria retornos económicos superiores ao nível inicial de investimentos realizados. As descobertas revelam que: 

  • Investir mais 1% do PIB na economia assistencial / de cuidado, num período de cinco anos, levaria a um aumento médio do PIB de mais de 11%, bem como a um aumento de 6,3% no emprego; 
  • Um aumento de 1% no PIB da economia verde, num período de cinco anos, levaria a um aumento médio do PIB de 10%, bem como a um aumento de 7,5% no emprego total; 
  • Um aumento da despesa pública de cerca de 1% do PIB em infraestruturas, num período de cinco anos, conduziria a um aumento de 12% do emprego e do PIB. 

Owen Tudor, secretário-geral adjunto da CSI, sublinhou: “Os efeitos contínuos do Covid- 19 no emprego, juntamente com um mundo de trabalho em mudança, apontam para a necessidade de abordar urgentemente o défice e a desigualdade de emprego. Os governos devem aumentar os seus investimentos para apoiar a criação de empregos de qualidade, especialmente em sectores estratégicos que beneficiam as pessoas e o planeta, incluindo assistência em cuidados, infraestrutura e economia verde”. 

Globalmente, os sindicatos pedem a criação de 575 milhões de empregos e a formalização de, pelo menos, um bilhão de empregos informais até 2030, para ajudar a cumprir o compromisso da Agenda 2030, Compromisso das Nações Unidas com o pleno emprego e o trabalho decente, conforme definido no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 8 (ODS 8). 

Solidariedade, paz, igualdade 

Sob o lema Solidariedade, Paz, Igualdade, a maior força democrática organizada do mundo, o movimento sindical global, dispõe-se a contribuir para superar esses desafios e trabalhar pela paz. Fortalecer a solidariedade em tempos de crise é essencial para criar um mundo mais justo e humano. 

O caminho para esse mundo – fundamental para a paz – é o Novo Contrato Social. Recursos não faltam, mas falta vontade política para vencer a oligarquia, reformar a tributação e investir nos serviços públicos e num futuro sustentável. 

Por meio da acção sindical, podemos efectivamente gerar a responsabilidade democrática necessária para remodelar a economia global. Isso significa agir sobre: 

  • Empregos, para alcançar o pleno emprego, criando 575 milhões de empregos em todo o mundo por meio de investimentos em cuidados, empregos verdes e infraestrutura, e formalização de empregos no sector informal; 
  • Aumentos salariais, com salários mínimos decentes para reverter décadas de declínio na proporção de prosperidade que corresponde aos trabalhadores e trabalhadoras, e garantir uma vida digna para todos e revitalizar as economias; 
  • Direitos, para garantir os direitos de organização e negociação dos trabalhadores, garantir um trabalho seguro e saudável, proteger contra a discriminação, trabalho forçado e trabalho infantil e construir um mundo sustentável por meio de uma transição justa; 
  • Igualdade, para garantir a igualdade salarial entre homens e mulheres e combater o racismo e a homofobia; 
  • Proteção social, para investir na cobertura de três quartos da população mundial que são total ou parcialmente privados deste direito humano básico, começando com um fundo global para proteção social; 
  • Inclusão, para remover o quadro colonial estrutural dos sistemas financeiros e comerciais do mundo que negam a prosperidade a bilhões de pessoas. 

Sindicatos em todo o mundo estão a tomar medidas para enfrentar a crise do custo de vida. Em resposta, em vez de se engajar positivamente no diálogo social, muitos governos restringem ainda mais o direito fundamental de greve. Mas, seguiremos na defesa do direito de mobilização para garantir o trabalho decente e alcançar a justiça e a liberdade. 

Recordando as grandes lutas travadas e vencidas pelos trabalhadores e trabalhadoras ao longo de tantas décadas, reiteramos o nosso compromisso de fortalecer o poder dos trabalhadores, organizando e exercendo esse poder para construir um mundo baseado na equidade, solidariedade, igualdade, democracia e respeito mútuo. 

Os sonhos e aspirações dos sindicatos do passado foram realizados por meio da acção colectiva, e é hora da geração de hoje transformar em realidade a aspiração de um mundo que coloca as pessoas em primeiro lugar. 

Tradução livre e adaptação do texto em espanhol por Cesaltina Abreu 

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1A Confederação Sindical Internacional (CSI) representa 200 milhões de trabalhadores e trabalhadoras em 338 organizações afiliadas nacionais em 168 países e territórios. 

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