Afinal o que é que o MPLA quer com o país?

Adriano Manuel*

O país tem apenas pouco mais do que 20 médicos especialistas em Endocrinologia, não têm mais de 200 cardiologistas,  não têm  mais de 200 pediatras, de 10 médicos especialistas em urgências médicas, e tem cerca de três médicos especialistas em Cardiologia Pediátrica. Não tem mais do que três médicos especialistas em Gastroenterologia Pediátrica só para citar estes, para uma população que se estima ser de 32 milhões de habitantes

O processo de desenvolvimento de Angola passa, necessariamente, pela melhoria do Sistema Nacional de Saúde.

Nenhum investidor, em sã  consciência, coloca o seu dinheiro numa província cujas condições sanitárias não são das melhores. Assim sendo, o governo deve ter um projecto bem estruturado, no sentido de melhorar a assistência primária, secundária e terciária.

Investir na assistência, significa, prevenir.

O que se passa em Angola, é  que se investe muito na cura em de, na prevenção. Desta maneira,questionamos:

Porquê essa atitude do governo angolano? Quem são  os colaboradores directos do mais alto mandatário da nação? Será que o fazem propositadamente?

Ainda em relação ao desenvolvimento do Sistema Nacional de Saúde, importa realçar, que o processo de formação de quadros, em todas às  áreas, com realce, na investigação, electromedicina, médicos  e outrosjoga um papel importante.

Precisamos de equipar os hospitais existentes, para melhor servir o processo de formação, bem como,  melhorar a assistência aos nossos doentes. O que observamos é  que, são  construídos novos hospitais com tecnologia de ponta, sem no entanto serem acompanhados com o processo de formação de quadros para utilização desses equipamentos, bem como, de médicos especialistas para trabalharem nestas instituições,  só  para citar, os casos dos hospitais de Cabinda, Cardeal  Don Alexandre do Nascimento, Instituto Hematológico Victória do Espírito  Santo e Hospital Central da Lunda Sul.

O número de especialistas em diversas áreas da medicina está muito aquém das necessidades do país. Só para se ter uma idéia, o país tem apenas pouco mais do que 20 médicos  especialistas em Endocrinologia, não têm mais de 200 cardiologistas,  não têm  mais de 200 pediatras, de 10 médicos especialistas em urgências médicas, e tem cerca de três médicos especialistas em Cardiologia Pediátrica. Não tem mais do que três médicos especialistas em Gastroenterologia Pediátrica só para citar estes, para uma população que se estima ser de 32 milhões de habitantes.

A mortalidade nos nossos hospitais é assustadora. Há doentes que morrem por falta de quase tudo.

Diante do exposto, médicos angolanos reclamaram melhoria das condições de trabalho, bem como condições sociais e salariais. Qual foi a resposta do governo de Angola? 

A iluminada Sílvia Lutucuta (ministra da Saúde), com o apoio de seus coloboradores directos, Leonardo Europeu, Francisco Domingos, Carlos Zeca e Mário Fernandes, dicidiram mandar regressar médicos em fase de formação, adiando o sonho de jovens de se tornarem especialistas no tempo previsto, e deste forma ajudar o país na melhoria da assistência médica. 

Outros, como são os casos da Maternidade Lucrécia Paim,  IONA e Hospital do Prenda,  optaram por fazer ameaças e a reprovação dos médicos que aderiram a greve, sob pretexto de que faltaram às actividades acadêmicas, quando os professores também estavam em greve, bem como por cortes de salários, mesmo para os que cumpriram com os serviços  mínimos. Do mesmo modo, adulteraram o números  de horas de trabalho, única  e simplesmente para asfixiar financeiramente os médicos angolanos, porque supõem que é  desta forma que inibirão a classe médica de participar em outras actividades do Sindicato.

É  importante  realçar, que todo este comportamento tem o beneplácito do partido  MPLA, de tal maneira que,no pretérito sábado (30 de Abril), o secretário provincial de Luanda (Bento Bento) dirigiu uma marcha contra os médicos que aderiram à greve, com o apoio de alguns médicos, onde se destacaram Carlos Zeca, que durante a sua gestão no Hospital Geral de Luanda, foi a unidade que registou o maior índice de mortalidade,e até ocorriam casos de troca de cadáveres durante a entrega aos familiares; Francisco Domingos, ex-director do Hospital  Pediátrico, que aquando de visitas de individualidades do ministério ou de  governantes, lençóis novos apareciam nas camas, bem como roupas para doentes e tão  logo as visitas se retiravam, as camas e os lençóis novos desapareciam, sem falar do organizador da referida manifestação, que foi sem sombras de dúvidas dos piores governadores que Luanda  já  teve.

Bento Bento, primeiro secretário do MPLA em Luanda

Foi durante o seu mantado que Luanda acumulou a maior quantidade de lixo, com um saneamento básico precário, bem como, índices de mortalidade dos mais elevados, mesmo nos hospitais. 

Continuando, a ministra Sílvia Lutucuta e os seus colaboradores directos, atropelam o ordenamento jurídico angolano, sob olhar silencioso do Ministério Público, dos tribunais, da Procuradoria Geral da República, do partido no poder, bem como, do mais alto mandatário da nação.

O governo subvenciona a assistência médica e os medicamentos para governantes e altos funcionários de empresas publicas, deixando os pobres sem a qualidade que também devem usufruir.

Afinal, o que é  que o MPLA  quer com o país?

*Presidente do Sindicato dos Médicos Angolanos

One Comment
  1. Sou a Nicole Souza, gostei muito do seu artigo tem muito
    conteúdo de valor, parabéns nota 10.

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