“Os mortos não estão mortos”

“A existência precede a essência. Ou seja: as acções que você realiza e as escolhas que você faz definem quem você é. Este é exactamente o desafio que os africanos hoje enfrentam: definirmo-nos nós próprios o que somos, e voltar a ser sede do nosso próprio pensamento e da nossa visão do Mundo”.

Sindika Dokolo

Completa-se hoje um ano desde que partiste, mas o meu instinto, continua a não acreditar que não houve crime na tua morte, Sindika Dokolo, quando praticavas mergulho perto da ilha de Umm-al Haab, no Dubai. E essa dúvida, é partilhada por inúmeras pessoas com quem contactei ao longo desse período de ausência física, uma das quais, por via das redes sociais, foi perentória porque várias vezes fez parte do círculo de mergulhadores com quem privavas nas profundezas do mar.

Sabemos todos que Sindika era um homem de negócios e tinha relação com diferentes figuras no mundo. E que nos últimos tempos, as coisas não corriam bem para o seu lado, nem para a sua família (esposa no caso), face as consequências do congelamento de contas e arresto de bens em Angola e no exterior. E notava-se esse aperto, essa dificuldade, essa pressão nas entrevistas que concedia.

Mesmo não estando na posse de informação que possa conduzir à suspeitas de crime na sua morte, uma investigação mais aturada não descartaria essa hipótese. Afinal, se a alta roda do mundo de negócios é por si só um túnel onde se entra e nem sempre se sabe como se sai, pior ainda, quando o negócio envolve diamantes. E a compra, em 2012, da joalharia suíça De Grisogono, que se tornou insolvente, adquirida por cerca de 200 milhões de dólares, supostamente com fundos públicos (como foi acusado), mas também de outros parceiros, pode ser uma das peças chave desse complicado caso. Sobre isso, os meus botões ‘dizem’ que os fios do cordel podem estar ligados a Rússia. E o tempo se encarregará de desmistificar tudo isso, porque que não há crimes perfeitos, mesmo quando praticados por altos profissionais ao serviço de organizações muito bem estruturadas, que não têm contemplação quando não se paga o que se deve.

Onde quer que estejas agora, um abraço. Provavelmente, a tua história pode ser bem o exemplo de que, para tudo, existe um limite. Como refere Birago Diop, no poema o “sopro dos ancestrais” citado por tua mãe (Hanne Dokolo) no tributo que te foi prestado, “Os mortos não estão mortos”. Se também é o teu caso, mesmo num sonho, envia-me uma pista…

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