QUEM ENGANOU O PRESIDENTE?

Ramiro Aleixo

Decorridos menos de 30 dias após a promulgação de um decreto presidencial (15 de Abril) que actualizou as regras para a gestão administrativa da pandemia, que determinava que as entradas no território angolano estão sujeitas a apresentação de certificado de vacina, o director-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou hoje, sexta-feira (5 de Maio), que a pandemia da Covid-19 chegou, oficialmente, ao fim.

Durante uma conferência de imprensa, o responsável adiantou que manteve uma reunião, na quinta-feira, com o Comité de Emergência, onde foi aconselhado a mudar a classificação de pandemia em vigor desde o dia 11 de Março de 2020, que provocou mais de 6,9 milhões de mortos a nível mundial, tendo sido administradas 13 milhões de doses da vacina contra a doença.

Ao tomar conhecimento dessa informação, recordei-me daquele desabafo (para mim constatação) do jurista Sérgio Raimundo, que sem ‘papas na língua’ afirmou que o “Presidente está a ser enganado”. E justificou : “O Presidente da República não é omnipotente nem omnipresente. Ele pode ter muita boa vontade política de combater a corrupção, mas, se não contar com a participação de todas as forças vivas da Nação, quando ele terminar os mandatos todos que tiver vai deixar o país igual, ou pior do que o que encontrou”.

Tal como não é jurista, o Presidente da República também não é médico, e delegou responsabilidades aos seus ministros de Estado e outros auxiliares do Titular do Poder Executivo na gestão da pandemia, em que a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta ocupa papel de destaque. Onde foram então desencantar os dados que davam conta “do relativo aumento do número de casos positivos nos últimos tempos”, que conduziram a determinação “das entradas no território nacional” estarem “dependentes da apresentação de certificado de vacinação que ateste imunização completa ou, em alternativa, da apresentação de teste do vírus SARS-COV 2, de tipo RT-PCR, com resultado negativo, efectuado nas 48 horas anteriores à viagem”?

Tiveram razão todos aqueles que, face os dados da OMS, se opuseram à decisão do Governo. E neste caso, a ministra da Saúde, Sílvia Paula Valentim Lutucuta, não esteve bem. Enganou o Presidente! Mentiu à Nação e ao Mundo! E como o Presidente gosta de ser enganado, caiu na esparrela e tudo permanecerá igual ao que era antes…

Provavelmente, isso pode ser um dado indicador de muita ‘maracutaia’ que rolou na gestão da pandemia que matou centenas e enriqueceu algumas dezenas. E como sempre, à custa de todos nós, os pagantes.

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