
Os dirigentes do MPLA deviam conhecer a metáfora do burro morto. Aquando da saída de José Eduardo dos Santos, em 2017, desistindo de concorrer ao segundo mandato que a Constituição de 2010 conferia-lhe, mas estando já a caminho de completar 38 anos de poder, era um dado adquirido que o então Presidente já não dispunha de condições políticas para alcançar uma vitória eleitoral. É falso que a desistência de José dos Santos de concorrer àquelas eleições de 2017, deveu-se simplesmente à sua vontade. José Eduardo dos Santos saiu por descobrir que estava montado num burro morto que é o seu partido, o MPLA.
Deve-se dizer que não era só a imagem de José Eduardo dos Santos que estava desgastada, era o MPLA que já desde 2012 dava sinais de que estava moribundo, e os resultados das eleições daquele ano (2012) assim dizem, ao se comparar com a expressiva vitória com maioria qualificada alcançada, em 2008. Depois seguiu-se a crise económica que se atribuiu à queda do preço do petróleo no mercado internacional e daí podemos dizer que o MPLA, o burro, caiu morto. Ainda assim, José Eduardo dos Santos não percebeu que o mais sensato seria sair e deixá-lo. Fê-lo já em condições adversas. Pressionado pelos seus companheiros.
No entanto, os mesmos que forçaram a saída de José Eduardo dos Santos, para que João Lourenço montasse no burro morto, na esperança de o reanimar e o fazer caminhar novamente, compreenderam mais tarde que afinal o novo montador do burro morto não foi capaz de alcançar os objectivos pretendidos. Começaram as acusações de que o montador não foi capaz de reanimar o burro morto.
Ao mesmo que o montador se defendia, dizendo que conspiravam contra ele e que o burro apesar de estar morto até engordava; que ele foi o único capaz de melhorar a alimentação do burro, ao combater a corrupção e até teve a coragem de colocar na cela alguns culpados que fizeram com que antes, o burro ficasse moribundo, inclusive, o filho do montador que ele sucedeu e que o escolheu para ele ser o novo montador do burro morto.
Como se não bastasse, contratou o homem mais inteligente do país, quiçá, do mundo, que melhor do que ninguém entende de burros, e que só ele seria capaz de o ajudar a reanimar o burro e que, até então, estavam no bom caminho. Argumentava também que o povo é que é ingrato, que só sabe reclamar, que a fome é relativa e que a culpa é da UNITA, que não sabe reconhecer o esforço que está a ser feito para aumentar até a velocidade do burro morto. Por isso, só tinha de lamentar o facto de, o povo e a UNITA serem os inimigos de Angola.
Para o efeito, justificou também que até os comités de especialidade estavam todos engajados para analisar o problema do burro morto, com base numa abordagem multidisciplinar. Enquanto isso, o homem que melhor entende de burros já descobriu que um dos problemas é o contrabando de combustíveis. O major Pedro Lussaty, que também contribuiu para que o burro enfraquecesse tanto até ficar moribundo, também já está na cadeia.
Como também o ministro do Interior, Eugénio César Laborinho teve ser afastado e com saíram os directores do Serviço de Investigação Criminal (SIC) e do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME). O homem que melhor entende de burros no mundo, indicou os novos ocupantes para estes dois serviços. Escolheu aqueles que foram por ele devidamente adestrados. Seguidamente, no SME foram detidos aqueles que também andaram a dificultar a reanimação do burro morto. Acusados de vender documentos migratórios e, isto inviabilizar o país de captar receitas para adquirir a ração especial, e de mais alta qualidade, para reanimar o burro morto.
Portanto, o melhor especialista de burros no país e no mundo, não poupa esforços, está engajado também na CIVICOP, a desenterrar os mortos dos conflitos políticos, para a realização dos seus funerais condignos para atenuar a dor e o sofrimento das famílias. Eis a razão por que, não se deve enterrar o burro morto, porque a sua recuperação se vai concretizar, com absoluta certeza. Todos os relatórios do homem que melhor entende de burros no país e no mundo, apontam para resultados positivos. Se assim não fosse, não teria sido descoberto o roubo bilionário na AGT, assim como em todos os organismos do Estado, onde os roubos não param e, tudo para impedir que o burro seja reanimado.
Aliás, justamente, num momento em que o burro morto já dava sinais de que iria se levantar e caminhar, eis que, o nosso grande especialista em burros descobre que um grupo de terroristas pretendia destruir o Palácio Presidencial, a Refinaria de Luanda e até infraestruturas críticas na província do Huambo. Isto tudo porque são invejosos. Porque viram que o burro morto deu sinais claros de reanimação assim que ouviu dizer que o Presidente dos EUA, Joe Biden, ia visitar Angola. Infelizmente, o burro morto mal ouviu a notícia de que os terroristas tinham já os explosivos para denotar o hotel onde Joe Biden ficaria hospedado, voltou a dar sinais de inanimação.
Mas, ainda bem que os terroristas também já estão presos e até o advogado David Mendes, conhecido como o “advogado do diabo” que se ofereceu para defender estes terroristas, já confirmou todos os planos que eles tinham. Só que, agora, a Ordem dos Advogados de Angola (OAA) lhe instaurou um processo disciplinar, porque entendeu que David Mendes, na sua qualidade de advogado dos terroristas, violou os códigos de ética e deontologia profissional. Mas, o Mendes também já veio se defender, dizendo que todos são invejosos, que o pretendem silenciar, que ele e o maior especialista de burros no país e no mundo, são os únicos que podem fazer alguma coisa para ressuscitar o burro morto.
Eles conhecem quem são os mandantes destes actos de terrorismo. Um deles foi citado nos autos que a PGR no Huambo fez questão de disseminar nas redes sociais. É o Liberty Chiaca, Presidente do Grupo Parlamentar da UNITA. Como sempre a UNITA é a culpada. Até já encomendaram uma notícia na Bloomberg, para dizer que o novo Presidente dos EUA, Donald Trump, suspendeu o financiamento para o corredor do Lobito, tudo porque a visita de Joe Biden foi um sucesso.
Aliás, é a primeira vez que um Presidente norte-americano, com mandato expirado visita o nosso país. Mas, também, não seja por isso, o grande especialista de burros do país já está engajado na redefinição do conceito de “burro morto”. Não tarda, o actual Presidente dos EUA, Donald Trump vai reconhecer o esforço do seu homólogo angolano João Lourenço, para reanimar o burro morto.
Este conceito vai incluir aspectos como a actual eleição do Presidente João Lourenço, para presidir a União Africana (UA), destacar que o Presidente João Lourenço também é o Campeão da Paz da nossa organização continental, mas terão de ser comedidos no exagero porque a sua missão de facilitador do diálogo, para o cessar-fogo na RDC, não surtiu o efeito desejado e não tem corrido muito bem. Ou seja, tem corrido muito mal.
Só que, por sorte, o Presidente João Lourenço vai desistir desta missão impossível, alegando a sua eleição para a presidência da UA. No fundo, o Presidente João Lourenço está mesmo a fugir, mas não é politicamente correcto dizer. Então, a desculpa tem de ser mesmo que não será viável acumular as duas missões.
Com esta reconceptualização de “burro morto”, a ver vamos, se Donald Trump não vai ficar impressionado e altamente maravilhado com os grandes feitos do nosso Campeão da Paz. Não tivéssemos em Angola, o homem que melhor entende de burros no mundo. E sobretudo de um burro morto, que não tarda será ressuscitado para a surpresa de todos.
Ora, todas as estratégias estão a ser gizadas, de tal sorte que o PRA-JÁ e o seu líder, Abel Chivukuvuku estão alinhados no mesmo diapasão de reanimar o burro morto. Agora é que serão elas… a UNITA vai rir, a Frente Patriótica Unida (FPU), vai ruir. Os conflitos entre eles já começaram. Os deputados eleitos pela lista da UNITA, que actualmente passaram a ocupar cargos na direcção do PRA-JÁ, não queriam sair do Parlamento. De propósito solicitaram a suspensão dos mandatos em vez da renúncia e, o assunto já deu maka entre eles. A UNITA veio explicar-se, por via de uma conferência de imprensa, para informar a opinião pública nacional e internacional, apresentando um quilométrico texto.
Mas, o que interessa é que o orçamento já foi disponibilizado, o PRA-JÁ já recebeu uma parte do que lhe cabe, para este esforço de reanimação do burro morto. Este burro morto ainda vai dar muito que falar. Os festejos da independência também fazem parte da estratégia. Por isso, ou tudo ou nada. Ou vai ou racha. Álvaro Holden Roberto e Jonas Savimbi não terão direito à medalhas dos 50 anos de independência. Eles são os culpados da morte do burro. Agora serão vingados.
Esta é a actual realidade com que se depara hoje o MPLA. Os dirigentes do partido preferem negar a realidade e desperdiçar tempo, recursos e esforços com soluções inúteis. Como resultado vemos o país a afundar, porque, o burro que o devia puxar e pôr em marcha está morto. Mas, nem o montador do burro, nem os seus auxiliares têm a humildade e a coragem de admitir. Em vez disso, esforçam-se, por tomar decisões cada vez menos inteligentes e ineficazes, tentando encontrar culpados, para os seus erros reiterados.
Convençam-se, o burro está morto.