O CORTE DE PRODUÇÃO DE PETRÓLEO A ANGOLA E A OPEP (0PEC)

A verdade é que as empresas estrangeiras petrolíferas que operam em Angola, habituaram-se a trabalhar com financiamento e não com investimento directo. Inclusive, os edifícios de sua propriedade e as rendas de casa onde habitam os seus expatriados, sempre foram pagos pela SONANGOL

 MARIA LUÍSA ABRANTES

O Executivo angolano encomenda os estudos de desenvolvimento económico e social a consultores estrangeiros (de língua oficial portuguesa), aliás, como todos os estudos importantes, que incluem fracas estratégias. Por essa razão, o Executivo papagueia o que lhes é vendido, mas não tem cultura de fazer contactos bilacterais com a devida antecedência, com os seus concorrentes e até com os seus parceiros nas organizações multilaterais. Nada se constrói de um dia para outro, como a TPA e a Zimbo dão a atender diariamente e muito menos sem a inclusão da sociedade civil. 

É preciso preparar com bastante antecedência as reuniões nas organizações internacionais onde Angola é membro e paga quotas, com o dinheiro do bolso dos contribuintes. Tenta-se rebater os problemas só durante as reuniões e “a posteriori”, correndo atrás do prejuízo. Relativamente à negociação da dívida externa, mencionei essa prática no livro de minha autoria com  o título “Breves Reflexões sobre o Investimento Privado – O caso de Angola”. 

Entretanto, segundo a imprensa internacional, espera-se que a OPEP aumente a quota de produção da Nigéria por exemplo, quando Angola a quem propuseram a redução da sua quota, está a cerca de 50% de metade da produção proposta desde 2008 e já atingida durante vários anos. 

Após consumir praticamente quer quase toda a receita do Fundo Soberano, quer o próprio Fundo, o Estado angolano tem dificuldade em financiar um fundo nacional para os investimentos no sector  da energia. A menos que o Executivo continue de mão estendida a pedir mais financiamento externos (empréstimos), com garantias soberanas, hipotecando mais as reservas petrolíferas limitadas, assim como as gerações vindouras. Essa prática aumentaria a incerteza e o desenvolvimento económico do país, onde a dívida externa é de cerca de 92% do PIB. 

A verdade é que as empresas estrangeiras petrolíferas que operam em Angola, habituaram-se a trabalhar com financiamento e não com investimento directo. Inclusive, os edifícios de sua propriedade e as rendas de casa onde habitam os seus expatriados, sempre foram pagos pela SONANGOL, com a perspectiva do acerto posterior de  “contas”. Quem fiscalizava ???…

Avizinham-se maiores dificuldades, porque os bancos dos países signatários do Acordo de Paris, que defende a substituição da energia fóssil (suja), pela energia limpa, para a redução do gás carbónico, não deveriam financiar a indústria petrolífera a partir de 2020. Em 2021, apenas alguns bancos nos EUA e a China abriram essa exceção (desertaram ), mas apenas para algumas das suas próprias empresas e nunca para financiar empresas estrangeiras.

E agora?

03.12.2023

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

PROCURAR