A MINHA MENSAGEM EM 31 DE DEZEMBRO DE 2024

Precisamos de pouco para viver e para sermos felizes. Precisamos uns dos outros, e de escolher viver mais simplesmente para podermos todos simplesmente viver! Afinal, as coisas importantes da vida, não são coisas!

CESALTINA ABREU

Há dias que penso na mensagem para este dia, de maneira a não ‘me repetir’. Quem recebe regularmente as minhas saudações, sabe do meu inconformismo com o que constato, aqui e mundo afora. Do que tenho vivido, lido, reflectido e partilhado sobre a nossa vida em 2024, destaco, entre outros:

• a prevalência das guerras e a aparente indiferença (ou será capacidade?) de muitas pessoas – principalmente aquelas que mais responsabilidades têm na busca de soluções, por exemplo, deixando de promover a indústria de armamento – para conviverem com elas e as suas consequências como se de algo natural se tratasse;

• o acentuar das desigualdades de condições e de oportunidades entre regiões, entre países e dentro das fronteiras de cada país, que potencia o empobrecimento crescente de milhões de pessoas, e suas consequências;

• a desigualdade no acesso à ‘cidadania digital’, a (in)segurança dos dados dos utilizadores das redes sociais, a indústria das fake news, e os potenciais riscos da Inteligência Artificial em contraponto ao investimento na promoção da Inteligência Natural via educação pública de qualidade e investimento em capital humano em várias dimensões; em tudo isto, a preservação dos mais novos deve ser uma preocupação de todos nós, traduzida em legislação adequada, em cuidado no acompanhamento e em campanhas de sensibilização com a sociedade, as famílias e as escolas;

• a questão ambiental com os efeitos da crise climática cada vez mais evidentes e afectando a vida, a saúde e a subsistência de um número crescente de pessoas em todo o mundo. Em Angola já temos seca e fome, e deslocações de pessoas, relacionadas com as mudanças climáticas; embora a seca na região sul de Angola não seja um fenómeno de hoje, as suas frequência e intensidade, e os seus efeitos, têm sido potenciados, negativamente, pelo aquecimento global.

E isto acontece num quadro mais amplo de retrocessos acentuados em termos de democracia e tudo o que ela significa e cria condições para acontecer. Vem-se alastrando um ambiente mais favorável à persistência das guerras, ceifando milhões de vidas, à desestabilização e insegurança, à destruição de infraestruturas e patrimónios da Humanidade… Mas qual Humanidade? A que continua o seu dia a dia como se nada estivesse a acontecer, cuidando de si e dos seus mais próximos, e construindo como que uma barreira protectora dos actos violentos e das agressões. Além disso, está ‘tudo bem’? Os ‘óculos’ escolhidos não são para ver melhor, pelo contrário; são para esconder o olhar e assim melhor disfarçar que não se viu nada do que acontece à frente e, portanto, não há motivos para reagir!

Dir-me-ão que é natural que cada um procure proteger-se, principalmente atendendo à ausência de políticas de Estado de segurança pública e de protecção social, em consequência do recuo da democracia antes referido. Eu concordo, não sou suicida! Mas não consigo deixar de pensar que poderia haver outros desenvolvimentos e, acima de tudo, outros resultados, se nós, simples cidadãos nos ‘quatro cantos do mundo’, nos uníssemos para exigir:

• o fim das guerras em curso na Ucrânia, em Gaza, no Sudão;

• a negociação, séria, de ‘conflitos’ armados, por exemplo, o que envolve a RDC e o Rwanda;

• a verdade eleitoral e o respeito pelo voto dos eleitores em Moçambique, na Venezuela, Sérvia, Bielorrússia, Nicarágua, para referir alguns;

• o respeito pela dignidade humana de Homens e Mulheres e o fim das discriminações contra as Mulheres no Afeganistão, Irão, mas também em África;

• o compromisso internacional para a redução das emissões que provocam o efeito estufa e o aquecimento global;

• o comprometimento em adoptar medidas de política, coordenadas, para reverter as causas do aquecimento global, e modos de produção e de consumo sustentáveis.

O novo ano de 2025 será igualzinho aos demais anos comuns: 365 dias, 52 semanas, 12 meses. A esperança que tenho é que, em 2025, consigamos SER MELHORES, individual e colectivamente, e dar sentido à ideia de humanidade partilhada, através de tomadas de posição oportunas, firmes, aglutinadoras e inclusivas. E isso significa, no meu entender, que todos os desafios à nossa vida e ao nosso futuro (e das gerações vindouras), que constituem ameaças à nossa humanidade comum, exigem respostas eficazes baseadas em soluções colectivas, fruto de acções de cooperação.

Então, transformo o que é comum nesta época: brindes, votos e promessas, em indagações e reflexões. Sem pretensões, apenas respeitando um princípio de vida segundo o qual partilhar o melhor de cada um de nós contribui para construir um mundo melhor para todos, em todos os domínios dos ‘seres’, dos ‘saberes’ e dos ‘haveres’ (já que os ‘teres’ são escassos). E começando por mobilizar as nossas experiências, as nossas vontades, as nossas capacidades para influenciar os processos de decisão que se mostram viciados, manipulados, discriminatórios relativamente à maioria absoluta da população mundial, desde os nossos países e os seus aparatos, à ONU e as suas agências.

Precisamos de pouco para viver e para sermos felizes. Precisamos uns dos outros, e de escolher viver mais simplesmente para podermos todos simplesmente viver! Afinal, as coisas importantes da vida, não são coisas!

Com Amor e Esperança.

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