O estado de ruína da Nação é da responsabilidade do MPLA

Os militantes e membros desse partido/Estado devem ter coragem de forçar a implementação de mudanças urgentes, alertando o seu líder, com razão lógica, de como o país está no buraco e que é hora de o tirar de lá, mas com o esforço de todos.

Carta aberta de Talangongo Okola 

Angola vive momentos extremos a todos os níveis, desde a retirada dos subsídios à gasolina, aumento dos preços dos produtos alimentares, da inflação que prossegue galopante com a quase depreciação diária do Kz, a falta de emprego e a redução dos níveis de empregabilidade; a falta de habitação condigna, o agravamento das condições de saneamento básico, a falta de escolas, de educação; a degradação das estradas, a carência de medicamentos, a falta de unidades hospitalares na periferia e nas áreas rurais etc… Todo esse mal, recai para a responsabilidade de quem é o Chefe do Executivo, o Presidente da República, João Lourenço, que após um primeiro mandato, completa agora o primeiro ano do segundo. 

A Constituição da República de Angola concede super-poderes ao Presidente da República e com suporte neles, transmite-nos a percepção de que por vezes faz o seu uso a ‘bel-prazer’, passando por cima do sofrimento dos angolanos, que vivem na penúria faz 39 anos.

Fontes internas fidedignas dizem que o Presidente de Angola não ouve ninguém, que é rancoroso, radical, acabando por fazer mais mal que bem, destruindo famílias; que não consegue expressar amor nos seus actos, postura que caracteriza os ditadores. Dizem entidades do próprio sistema, àqueles que só sabem falar na descrição, por temerem sanções ou a perda de privilégios se fizerem declarações abertas, incluindo em reuniões.    

A constante violação da Constituição e da Lei, a super-dependência das instituições públicas do Estado, dos Serviços de Inteligência e Contra-Inteligência a favor do partido/Estado e do seu presidente, fragiliza o bom andamento e funcionamento da “RES” e cria um mal-estar social e económico na vida de todos nós e da Nação. O País anda doente, porquanto quase nada funciona com normalidade; a insegurança atormenta as famílias, a classe média foi praticamente destruída; os pobres tornaram-se miseráveis, as crianças falam política e encontram na rua a sua sobrevivência, quando deviam estar na escola; inalam gasolina e alimentam-se do lixo. E como consequência do aumento da pobreza e da desestruturação das famílias, o número de mulheres, de jovens e até de crianças que se prostitui triplicou, bem como os níveis de contaminação por VHI/SIDA. A sociedade está mais doente que ontem… 

A quem se deve atribuir a culpa? Ao presidente do MPLA, que é o Presidente da República, porque é o condutor deste barco, que desde que zarpou, não nos tem levado a nenhum porto seguro. Antes pelo contrário, desde que assumiu o poder, apenas navegamos por marés constantemente agitadas.

Hoje, o MPLA tornou-se no partido mais impopular da região subsariana de África, situação jamais vista no passado. Promove a desunião, a discórdia, a intriga, a desinformação, a guerra, o racismo e outros males.  

Como pretende o Presidente da República João Lourenço continuar a governar Angola, quando o que faz não tem reflexos práticos na melhoria da condição de vida dos angolanos? Como deseja governar Angola se viola constantemente a Constituição e a Lei? Como quer continuar a dirigir os destinos do país, se ‘cafricou’ os tribunais?  Não consegue enxergar que Angola bateu no fundo do poço? Não sabe que é cada vez mais reduzido o número dos que gostam de si? Porquê insistir em governar um povo que já não o quer? 

A sua impopularidade atingiu níveis nunca vistos. Está de rastos! Pouco ou nada faz em prol dos angolanos e nem permite que outros o façam; então, o senhor deseja a neutralização de milhares de cidadãos como ritual de sacrifício para fins inconfessos de satisfação do seu ego?

Cada dia que passa, João Lourenço fica mais sozinho. Não se dá conta dos tamanhos erros que comete. Não sabe ler os sinais dos tempos, nem aceita conselhos das igrejas, da sociedade civil, dos partidos políticos da oposição e nem dos membros do seu próprio partido. Apenas os conselhos vindos de si mesmo.

Deixo-lhe alguns conselhos genéricos, senhor Presidente, neste momento de grande turbulência interna e de maior risco para si e para o seu governo:

  1. Mude o quadro actual da sua impopularidade em Angola, fazendo reformas profundas no Estado. Não tenha receio nem medo e mude 50% do seu Executivo e coloque gente comprometida com o país;
  2. Resolva ou obrigue a resolver os empecilhos e convoque eleições autárquicas para 2024;
  3. Torne plural o desempenho dos meios de comunicação social e deixe fluir a independência dos órgãos públicos
  4. Crie políticas económicas de suporte e apoio à produção interna viradas para o aumento da empregabilidade de jovens;
  5. Seja prático, sincero, deixe de ser teórico, egocêntrico e cheio de ego;
  6. Coloque os angolanos em primeiro, em segundo, em terceiro, em quarto lugar sempre;
  7. Deixe de fazer contratos simplificados ou adjudicações directas beneficiando empresas onde detém interesses, ou de seus familiares e amigos;
  8. Dialogue com seus opositores para recolher contribuições sobre a forma como resolver os problemas que impedem a harmonização, a reconciliação e o desenvolvimento dos angolanos e de Angola.

Só assim, os níveis de credibilidade popular em seu favor irão crescer ou irão melhorar. O angolano sabe reconhecer e elogiar quem faz coisas a favor da maioria. Tudo depende do senhor, se quiser dar rumo diferente à essa Angola martirizada faz muitos anos.

Os membros do MPLA devem ter coragem de forçar a implementação de mudanças, alertando o seu líder, com razão lógica, de como o país está no buraco e que é hora de o tirar de lá, mas com o esforço de todos. Se os membros do MPLA nada fizerem, é porque não estão com João Lourenço e, portanto, as acusações que sustentam a intenção de apresentação do pedido para a sua destituição, é legítima. E a manter-se essa postura de distanciamento da liderança, então é porque tudo pode acontecer na Assembleia Nacional, quando a discussão do processo for submetida ao voto secreto.

Tenho dito!

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

PROCURAR