Reacções sobre a deslocação à Jamba de grupo da Civicop para recolher ossadas

Se o comunicado da UNITA faz fé estamos diante de mais uma manipulação mediática e política, usando a Civicop e os media, independentemente da origem e natureza das ossadas. Desde logo a publicidade inusitada desta informação, o protagonismo dos serviços, a desproporção de tratamento noticioso, levantariam suspeitas ao cidadão menos atento. Não assistimos a tamanha celeridade e amplitude de propaganda quando por diversas vezes os familiares das vítimas do 27 de Maio vieram a público reclamar da autenticidade das ossadas dos seus entes queridos, em várias ocasiões. Todos os mortos da fratricida guerra civil deveriam merecer respeito, seja em que campo ou ausência de campo, tenham tombado. Parece cínico instrumentalizar este assunto como arma de arremesso político, num momento em que o partido da situação se defronta com dificuldades de gestão política, económica e social. Ao invés de remexer, de modo inapropriado num dossier que até está a ser tratado institucionalmente com todas as partes interessadas, manipulando as matérias, o partido governamental faria melhor e simples obra se continuasse no território próprio da barganha política, dentro e fora do parlamento, como aliás se requer no dito Estado de direito e democrático. Já vimos o filme do bom, do mau e do vilão há muito tempo.

Mário Paiva, jornalista, no Facebook

Peregrinação à Jamba

Quando conselheiros do Presidente da República vêm a público emitir recados ao Presidente, das duas uma: ou porque têm a percepção de que as suas opiniões em sede do Conselho da República caem em “saco roto”, ou porque entendem que não devem esperar “sine die” por reuniões não previamente calendarizadas, para dizer o que lhes vai na alma. A terceira hipótese, a de não terem uma linha aberta para falar com o “chefe” em casos pontuais, parece-me demasiadamente inverosímil para acreditar nela. Num artigo de opinião publicado no Jornal de Angola a 27 Agosto do ano em curso, em reação à forma atabalhoada como o MPLA reagiu à pretensão da UNITA de remover da Cidade Alta o actual inquilino, Ismael Mateus, membro do conselho da República, diz, “ipsis litteris”, que “O MPLA não pode, a cada vez que se vê confrontado com novas formas de combate político, recorrer ao espantalho da guerra ou de violação da ordem constitucional. Esses argumentos, gastos por serem usados em todas as ocasiões, fortalecem a narrativa anti-regime e não colhem nenhuma simpatia junto dos públicos a quem se destina a mensagem”. Tenho quase a certeza de que a equipa mandata pelo Governo para vasculhar restos humanos na Jamba trará matérias mais propícias para filmes de terror do que a filmes de história. Espero estar enganado.

André dos Anjos, jornalista, no WhatsApp

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