A Fundação Mo Ibrahim, fundada em 2006, criou em 2007, o prémio com nome do seu fundador, para premiar líderes africanos (Mo Ibrahim Prize Achievement in Africa Lidership) que o mesmo considere não corruptos, com base num índice (Index) de governação com o mesmo nome. Esse índice é uma réplica baseada nos vários critérios de boa governação, utilizados pelo Banco Mundial, para classificar a atratividade dos países africanos (ambiente de negócios).
A aferição dos critérios que compõem o índice sobre boa governação, é feita pelo Banco Mundial, porque é o único organismo (organização multilateral), seguido por todas as instituições mundiais, estatais, ou privadas e pelas Nações Unidas.
Todavia, esses dados estatísticos, têm de ser elaborados estritamente pelos Serviços de Estatística dos respectivos países membros (INE), que é a única entidade (fonte) a quem é dada “credibilidade”, que nem sempre tem. É o caso do INE de Angola.
A título de exemplo pergunto:
- Quantos angolanos em sã consciência, acham credíveis os indicadores de desemprego, ou de emprego anuais, publicados pelo INE?
- Quem vive na Angola “das maravilhas” da TPA, da Zimbo, dos comunicados do Executivo, em resumo, das estatísticas manuscritas pelo INE?
Entre tantos outros, em 2007, o prémio Mo Ibrahim foi outorgado ao Presidente Joaquim Chissano, de Moçambique, que deixou o poder sob fortes suspeições de má governação e de favorecimento a negócios a sua esposa e filhos. Os filhos deste, causaram o terror entre os empresários moçambicanos, acabando com a misteriosa morte de um jornalista daquele país.
A Fundação Mo Ibrahim, é uma instituição privada, cujo proprietário e patrono nasceu no Sudão em 1946, onde após os estudos universitários, teve o seu primeiro emprego na Sudão Telecom. Com, passagem pelo Egipto na adolescência, estudou no Reino Unido, onde adquiriu a segunda cidadania e obteve o seu segundo emprego, na British Telecom. Posteriormente, trabalhou como director da Cellnet, uma subsidiária da British Telecom.
Mo Ibrahim foi empregado de várias companhias de telecomunicações, até que, em 1989, criou a sua empresa de consultoria de ‘software’, denominada MSI, que no ano 2000 vendeu a Marconi. Em 1998 criou a Celltel, uma operadora de telefonia móvel para operar em África, mas necessitava de expandi-la, à semelhança da AFRICELL.
Um velho amigo meu, certa vez reproduziu-me uma conversa com um libanês multimilionário, a quem perguntou como foi o início da criação do seu império. E obteve a seguinte resposta:
– “Nem todos os empreendedores que iniciam os seus negócios como eu têm êxito. Há muitas formas de fazer negócios, mas há poucos caminhos para o sucesso”.
“No meu país não perguntamos de onde vem o primeiro milhão de dólares”.
Eu acrescentaria, que o êxito na implementação dos negócios, pode resultar nomeadamente, de um empréstimo bancário sobre uma hipoteca; ou de garantia real; de uma herança; da venda de património; da venda de uma patente; mas também pode ser resultante de Ajustes Directos, de Garantias Soberanas(sem garantias dos privados beneficiários); através de parcerias público -privadas, de comissão/micha, ou de corrupção.
Porém, para continuar a singrar no império do capital, só se poderia actuar das seguintes formas:
– Continuando a criar e a aumentar as dívidas a médio prazo para o investimento;
– Inovando, para redução de custos e crescimento dos lucros;
– Usando o tráfico de influências e as suas variantes (pagando lobbies; oferecendo comparticipação nos negócios ou gratificação (micha) no exterior, etc.).
Seria por gratidão a líderes africanos, pela abertura aos financiamentos inicias das suas instituições financeiras a sua iniciativa empresarial tornando-o bilionário, quando o Ocidente lhe voltou as costas?
Ou para continuar a sua forte influência juntos de governos africanos?
Mo Ibrahim, através da sua forte influência junto de Chefes de Estado africanos, granjeou grande ascendente nos centros internacionais mais importantes de decisão económica. Por isso, também criou a fundação África/Europs, para estreitar as relações entre ambos continentes.
Segundo a sua biografia, embora vivesse durante anos na Inglaterra, onde trabalhou longos anos. Os ocidentais não apostaram em conceder-lhe crédito (financiamento), para lançamento e para expansão do seu negócio de telefonia móvel. À semelhança da UNITEL, os empréstimos foram feitos por instituições financeiras africanas. É lógico que Mo Ibrahim lhes esteja agradecido.
Passo a reproduzir parte da sua biografia:
“Celtel was … financed by equity, RATHER THAN INTERNATIONAL BANKS, WICH WERE AVERSE TO INVESTIMENT IN AFRICA at that time”.
A partir daí, criou outros negócios, nomeadamente a Satya Capital Limited. Sendo um investidor inteligente e visionário, também se dedica a filantropia, que dá a possibilidade de redução ou de isenção fiscal.
Como diz o velho ditado americano “Money talks …” (o dinheiro fala…).