O Presidente Biden sabia da possibilidade de derrota do seu Partido e que a sua vinda poderia efectuar-se num momento, em que já não tivesse qualquer influência. Porém, a sua estadia não deixa de ser prestigiante.
No início do mandato do Presidente Biden, as empresas multinacionais que são membros do Board da Câmara Americana do Comércio e têm assento no Conselho de Empresas com os Presidentes Americanos, tinham excluído Angola, do draft das Recomendações da US Chamber of Commerce ao novo Chefe de Estado, referindo a debilidade económica e a corrupção. A ausência deste país pode ser verificada no draft inicial das recomendações anexadas ao e-mail do dia 21 de Janeiro de 2021, da Câmara do Comércio em anexo. Esse draft já era o resultado do primeiro draft referido no e-mail da Câmara do Comércio no dia 13 de Janeiro de 2021 em anexo.
Em ambas apresentações, Angola não constava, mas apenas o Quénia em primeiro lugar, seguida da Zâmbia, do Ghana e por último a África do Sul. Todavia, em ambas reuniões, como em tantas outras, nunca nos cansamos de insistir a importância da Administração Biden dar a devida atenção a Angola. Foi assim, que já depois do segundo draft que deveria ser o final, como estava escrito, por nossa insistência verbal, aceitaram que enviássemos com urgência o nosso impute a respeito de Angola. A tradução é original, constam do Doc 1, de 22 de Janeiro de 2024, em anexo, cuja fraseologia passou a ser revisitada. De referir, que somos pioneiras na abertura financeira dos EUA a Angola, que do ponto de vista económico em, nosso entender, continua a não ser a adequada, para a existência de uma parceria econômica equilibrada “win win”.
Contra factos não há argumentos, de que Angola sempre foi e será muito importante para os Estados Unidos da América. Esse facto ficou demonstrado, porque não obstante a Administração Americana não tenha reconhecido de imediato a independência de Angola, por causa do apoio da ex URSS, à semelhança de Portugal, a sua maior empresa petrolífera, a Chevron (Cabinda Golf Oil), nunca abandonou o país, mesmo durante o período mais conturbado da guerra civil.
Angola contribuiu até o final dos anos 90, com 8% do total do petróleo importado pelos EUA, matéria prima imprescindível ao seu contínuo desenvolvimento. As diversas Administrações americanas lidam com o governo do Partido no poder, mas pela importância que o país tem, nunca deixaram de cortejar o maior Partido da oposição.
Nos EUA a produção é intensiva. O principal objectivo da sua política económica e externa, consubstancia-se fundamentalmente no seu fortalecimento, pela criação de mais postos de trabalho, através da produção, para a exportação de equipamentos, peças, acessórios, sobressalentes, produtos farmacêuticos e agrícolas e da prestação de serviços. Não são fortes na indústria têxtil (importam da Ásia), nem na construção civil (existem sub-contratos com empresas estrangeiras, ou trabalham utilizando mão-de-obra de imigrantes).
Porém, procuram parcerias econômicas, visando sempre a maximização do lucro de forma unilateral. Os americanos têm como cultura, antes de dar qualquer passo em direcção a determinado objectivo, recolher a melhor informação de fontes com credibilidade, dando preferência a quem conheça bem os países, apostando nos nacionais dos mesmos. Apreciam quem lhes faça entender com clareza primeiro, o que podem colher de bom, para além do mau que pode ser o mais visível, mas não o mais importante e essencial. Para o efeito, é muito importante conhecer bem a sua cultura, mas, sobretudo, conseguir-lhes passar com clareza e convicção muito resumidamente, o que pretendem saber. No ensino americano, na Administração e empresas americanas, o mais importante é saber sintetizar e ilustrar.
Todavia, em meio de tantos atropelos aos direitos humanos, de corrupção e gestão deficiente, nenhum lobby americano, ou português/americano, conseguiria passar a mensagem verbal, ou por escrito, com a mesma convicção de quem tenha Angola de verdade no coração. Só angolanos conscientes e convictos, de que Angola é o país de todos que precisamos de salvar, podem fazê-lo sem esperar qualquer recompensa financeira.
Angola não é pertença de grupos, que sobrevivem ao longo de determinado regime e sistema económico e político transitório. O amor ao país e aos angolanos não tem preço, até conseguirmos trazer os dólares de novo, sem precisarmos de ir buscá-los à RDC, por via do comércio ilegal. Os lobbies não os conseguirão trazer se não fizermos o nosso trabalho de casa.
O Governo e a oposição angolanos tem gasto ‘rios’ de dinheiro com lobbies. Da parte governamental, só se justifica, porque muitos dos seus diplomatas são funcionários da Segurança de Estado com uma preparação deficiente e não só. Nos EUA, o Departamento de Estado, no tempo em que o Sr. Bertino Matondo era Primeiro Secretário, chamou a atenção pelo facto de até os ofícios serem escritos e entregues por um lobby, o Sr. Larry, se a memória não me falha.
A visita do Presidente Biden a Angola, ainda que reitere o interesse da Administração Americana por Angola, não a prioriza, nem vai solucionar os problemas da economia real. Biden vem mais é agradecer, nas entrelinhas, as grandes encomendas que Angola fez por ajuste directo, de equipamentos eléctricos, militares, aviões, carruagens, outros componentes, incluindo consultoria e outro tipo de prestação de serviços, que ajudou a reduzir a taxa de desemprego no último trimestre do seu mandato, dando um empurrão ao seu Partido durante as eleições.
O Presidente Biden sabia da possibilidade de derrota do seu Partido e que a sua vinda poderia efectuar-se num momento, em que já não tivesse qualquer influência. Porém, a sua estadia não deixa de ser prestigiante.
Não poderemos todavia, deixar de reconhecer o trabalho de base efetuado pela Câmara do Comércio Americana, (a quem o lobby pago pelo Governo angolano também contactou, porque tínhamos já o trabalho de base feito). A US Chamber of Commerce, sempre que um Chefe de Estado americano é empossado, tem a obrigação de apresentar-lhe o Memoradum com recomendações, relacionadas com a exportações da produção e dos serviços das empresas, em representação de mais de 3 (três ) milhões de empresas que representa.
A US Chamber of Commerce, foi criada pelo Presidente William Howard Taft em 1912. A Câmara Americana do Comércio tem canal directo com a Casa Branca e com o Congresso, e tem a função de mediar e reportar em defesa das empresas. A sua liderança reforçou-se com a criação de mais uma representação em Angola (AMCHAM), cuja abertura propusemos e co-fundamos. A assinatura de parcerias entre empresas americanas e angolanas, iniciou com a assinatura de um protocolo sob os auspícios da Câmara Americana do Comércio, com financiamentos a mobilizar pelo EXIM Bank (líder da engenheira financeira com bancos da UE e BAD). Os anúncios dos financiamentos, com as garantias devidas exigidas, foi o culminar do início da parceria, que apenas lamentamos não abranger também investimento directo (IDE), possivelmente por causa de interesses comerciais, que se poderiam cruzar com as empresas OMATAPALO e CARRINHO selecionadas com base em critérios pouco transparentes e seus “acionistas”.
Abaixo mais factos que comprovam a importância de Angola:
1991- O Presidente do Partido UNITA Jonas Savimbi , foi recebido pelo Presidente George Bush;
1991- O Presidente José Eduardo dos Santos foi recebido na Casa Branca pelo PR George Bush;
1994- Reconhecimento de Angola pela Administração Clinton;
1995- O Presidente José Eduardo dos Santos foi recebido pelo Presidente Clinton;
1999- (EX-IM BANK Press release 12/10/1999) – Autorização pela Administração Bush de créditos a exportação à Angola, pelo EX-IM BANK e OPIC (dependentes do PR);
2004- O Presidente José Eduardo dos Santos foi recebido pelo Presidente George W. Bush;
Observação 1: O Presidente José Eduardo dos Santos teve encontros à margem da AG da ONU e do G20, com os Presidentes Barack Obama e George W. Bush;
2021- Participação do Presidente João Lourenço e de empresários angolanos na Cimeira Empresarial Estados Unidos/África;
2022- Presidente João Lourenço foi recebido pelo Presidente Biden;
Observação 2: O Presidente João Lourenço teve dois encontros à margem da AG da ONU e do G20 com o Presidente Biden;
Observação 3: Os 6 (seis) Embaixadores de Angola nos EUA, encontraram-se pessoalmente com o Presidente desse país, quando entregaram as cartas credenciais. Nessa ocasião, podem fazer-se acompanhar de um número limitado de famíliares e amigos. (Nos EUA a família, amigos e sociedade civil tem extrema importância).
Em anexo: tradução de e-mail com a solicitação para inclusão de Angola, no contributo da Câmara ao Presidente Biden, pelo membro do Board da U.S./Business Center da US Chamber de Commerce, Maria Luísa Abrantes.
(DOCUMENTO 1) TRADUÇÃO
Para : Scott Eisner : US/Chamber.com (Presidente Executivo)
Data e hora : 22 de Janeiro de 2021, 17H10
Caro Scott,
A seu pedido, em anexo, apresento os meus inputs para as “Recomendações sobre a Política do Presidente Biden para África”. Por favor informe-me se recebeu.
Melhores cumprimentos
Maria Abrantes
(CONT. DO DOC. 1) TRADUÇÃO
ANEXO AO E-MAIL
Data e hora de envio :
22/01/2021 , 17H10
Para : Scott Eisner : US/Chamber.com ( Presidente Executivo)
Data : 22 de Janeiro de 2021
Assunto: “Recomendações ao Presidente Biden sobre a Politica para África”
A seu pedido, abaixo apresento os meus inputs, para incluir nas “Recomendações ao Presidente Biden sobre a Politica para África”:
O Golfo da Guiné em África é uma zona estratégica e chave, para a segurança marítima no oceano Atlântico. Entre os países africanos do Golfo da Guiné, ainda que a Nigéria seja um mercado actrativo por ter uma população de cerca de mais de 190 milhões de habitantes, numa área de 933,769 Km2 (menos de 1/10 do tamanho dos Estados Unidos), Angola e a sua vizinha República Democrática do Congo possuem mais de 135 milhões de habitantes e uma área de 4.500.000 km2 (cerca de 1/2 dos Estados Unidos).
Todavia, os países vizinhos do Norte de Angola do Golfo da Guiné, ao Norte, nomeadamente a República Democrática do Congo e o Congo Brazzaville, assim como o seu vizinho do leste de África, a Zâmbia, tem de utilizar o porto renovado e caminho de ferro reconstruído de Angola (a via mais rápida para importar e exportar), porque não tem outra saída mais próxima para o mar que o Porto do Lobito, na província de Benguela, a 2.ª região mais rica do mundo depois da Califórnia nos EUA.
Angola está estrategicamente localizada na costa Atlântica da África Ocidental, onde actua como porta de saída para a África Central e meridional, por estrada e por caminho de ferro. Angola tem 12% da rede hidrográfica de África, a sua floresta do Maiombe é a segunda maior floresta do mundo depois da floresta do Amazonas, possui a maior parte da Bacia do Okavambo (uma das maiores reservas naturais do mundo ) e tem trinta dos trinta e cinco minérios dos mais procurados no mundo.
Os Estados Unidos de América tem um acordo de parceria estratégica com Angola, um dos poucos países africanos com estabilidade política.
A maioria da sua população pratica o cristianismo. O islão ainda não atingiu o número de seguidores para ser oficialmente autorizado .
Maria Abrantes
24/11/2024