Não pode acontecer com a cooperação da meeira das contas?
A reputação de Angola não será lavada por nenhum lobby, por nenhuma Câmara do Comércio, onde tanto trabalhamos, muito menos pelo FMI. O FMI tem o seu trabalho facilitado, quando um país como Angola paga mais de 50% da dívida externa, mas “marimba-se para a dívida interna” e deixa os seus cidadãos morrerem à fome.
Quando já depois da imprensa internacional ter anunciado a decisão do Tribunal suíço, de congelar a conta conjunta de São Vicente com a sua esposa, pelos motivos sobejamente divulgados e conhecidos pelos angolanos, foi anunciado a reeleição de Irene Neto (esposa), para ocupar altos cargos na cúpula do MPLA, inicialmente fiquei muito admirada.
Todavia, passado o primeiro momento de surpresa, reflecti de forma “esdrúxula”. Confesso que cheguei a deduzir, que possivelmente, teriam negociado com a esposa de São Vicente. Aquando da prisão do marido, Irene Neto fez um comunicado a apoiá-lo e a dar a conhecer, que há muito teria abandonado o país e residia em Londres, se a memória não me falha.
Para quem não se recorda, esdrúxulo, significa alguém que se encontra fora das regras usuais (comuns ), causando admiração ou espanto.
A BEM DA NAÇÃO (pensei), a recuperação de 2 BI, era um motivo mais do que suficiente para o MPLA engolir esse “sapo”, porque o Executivo desse Partido gasta bem e o povo morre de fome. É que quem defende o que está errado, porque foi sentenciado, (enquanto o recurso não lhe der razão), deveria ser co-arguido.
José Filomeno dos Santos, foi co-arguido por muito menos e só ele ficou em prisão efectiva. O ex Governador do BNA esteve em prisão domiciliar. Possivelmente, a prisão efectiva inconstitucional, teria provavelmente como fim último, torturarem o pai (JES), para que morresse mais depressa. Nem com a autorização do Juiz, lhe entregaram o passaporte, nem para ver o paí pela última vez no leito de morte.
Por outro lado, insistem, propositadamente, em desinformar a opinião pública, a propósito do “caso dos 500 milhões de dólares”. Os 500 milhões de dólares constituindo na verdade um colateral a um empréstimo, constavam do contrato com a obrigação de serem devolvidos (estorno), no prazo acordado pelas partes.
Nem o compliance bancário, nem o Governo do Reino Unido poderiam impedir a transferência dos 500 milhões de dolares, porque:
- Sendo basicamente um colateral, esse depósito nunca saiu da esfera do BNA;
- No contrato constava que, em caso de litígio estes seriam dirimidos por um tribunal arbitral.
Nessa base, nunca o processo dos “500 milhões” deveria ser dirimido pelos tribunais civis e muito menos criminais. Em caso de recurso à arbitragem, uma das partes só poderia recorrer aos tribunais cíveis, se houvesse incumprimento na execução da sentença arbitral.
Já nem refiro o enorme prejuízo reputacional ao BNA, pelo grave erro cometido por políticos e militares (incluindo do SINSE e equivalente no passado), investidos Magistrados. Para piorar, a maioria dos membros do Executivo tirou o curso de “Dirigente”, por isso saiem das Universidades quase, ou directamente, para reproduzir o que leram, mas não experimentaram, nem sabemos se compreenderam, ou se apenas decoraram. Na verdade, a maioria nem decora a totalidade dos pareceres dos consultores portugueses e brasileiros, provavelmente de “amigos” ou de “associados”.
É uma vergonha, que até à presente data Angola não tenha acesso a dólares directamente dos Estados Unidos. Até os nossos vizinhos da RDC têm, segundo as minhas fontes, inclusive nos multicaixa.
É óbvio que o problema da gestão de Angola é mais complexo. Não se resolve com os acordos bilaterais, que se resumem ao comércio, (empréstimos de dinheiro, venda de serviços, venda de matéria prima, equipamentos, peças, sobressalentes). Cadê os dólares?
A reputação de Angola não será lavada por nenhum lobby, por nenhuma Câmara do Comércio, onde tanto trabalhamos, muito menos pelo FMI. O FMI tem o seu trabalho facilitado, quando um país como Angola paga mais de 50% da dívida externa, mas “marimba-se para a dívida interna” e deixa os seus cidadãos morrerem à fome, sem escolas e sem assistência médica e medicamentosa.
Uma coisa que teremos de decorar também, é que nenhum banco estrangeiro e muitíssimo menos governos estrangeiros vão deixar sair investimentos (meios financeiros) ainda que ilegais com facilidade do seu país, sem tirar primeiro bastante proveito disso. Só aprendizes do “copy and paste” (copiar e colar), que têm horror aos quadros, sabem bem porque razão, não podem, nem querem entender essa verdade.
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