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A questão das medalhas celebrativas dos 50 anos, que está a dar que falar na cena política e no espaço público, pode ser vista numa perspetiva em que é possível afastar a polémica intrínseca.
Passamos a dilucidar, sem preconceitos, nem tabus.
Olhando para o prisma do promotor, o Executivo do Presidente João Lourenço, se conclui que foi feita uma delimitação temporal do período em celebração, i.é, de 1975 a 2025. Logo, o que está aqui em evidência é a Independência proclamada em Luanda, pelo MPLA; os protagonistas da sua luta, que culminou com a referida proclamação; a luta travada para a defesa da Independência Nacional e a manutenção da integridade territorial, contra adversários internos e externos; a luta pela defesa das instituições democráticas, resultantes das eleições de 1992; a guerra fratricida, que dilacerou o país, até ao alcance da almejada Paz, em Abril de 2002; e o labor contínuo de preservação da Independência e da Paz. Venhamos e convenhamos, se nos fixarmos nesse prisma, fica difícil, honestamente, enquadrar quer Holden Roberto, como Jonas Savimbi. E não se pode falar em exclusão de patriotas, em discriminação histórica ou minimização de feitos e sacrifícios dos citados e, seguramente, nem os mesmos se sentiriam enquadrados e confortáveis nesse formato de festejos pelos 50 anos de Dipanda! A menos que o período de celebração medalhante remontasse e representasse o período de luta contra o colono (1961 a 1974, que inclui o evento Acordos de Alvor), logo, anterior às proclamações de Independência que ocorreram no país em 1975. Lembrar que, enquanto o MPLA fez a proclamação em Luanda, a UNITA o fez no Huambo e a FNLA na localidade de Ambriz. Pelo que, até hoje cada um destes dois, então movimentos de libertação nacional, falam/encaram os actuais 50 anos de Independência com reservas e encolheres de ombros. Como que a dizer, em surdina, se fosse connosco o país independente não seria este e nem estaria assim…
Em tese, para haver um acto celebrativo que congregue todas as colorações dos envolvidos no processo de luta anti-colonial, desde os seus primórdios, tem de existir outro formato/quadro, concebido de modo tal que seja capaz de integrar todos os movimentos e seus actores mais destacados. Preferimos acreditar que o momento para esse quadro de Festa Geral da Angolanidade, entenda-se de todos e com todos os angolanos, um dia vai chegar!
15.02.2025