TODOS PARA O AIAAN. MAIS UMA CACETADA NO RESPEITO QUE É DEVIDO AO CIDADÃO

POR RAMIRO ALEIXO

Num domingo, 19, a TAAG deixou de operar no Aeroporto 4 de Fevereiro e se mudou, em definitivo, para o Aeroporto Internacional António Agostinho Neto, que por justiça, no mínimo, deveria chamar-se José Eduardo dos Santos. Mas, as outras companhias de ligações internacionais, aguardarão mais algum tempo, quiçá meses. 

No mesmo dia, 19, domingo, um comunicado da empresa “Caminho de Ferro de Luanda E.P informa os passageiros, utentes e público que a circulação dos comboios regulares de passageiros no troço entre a estação do Bungo e o Terminal Ferroviário do Aeroporto Internacional António Agostinho Neto será retomada logo que estejam reunidas todas as condições de segurança necessárias”. Mas o comunicado não diz quando foi interrompida essa circulação. As condições referidas são, “a construção de novas passagens pedonais e a reabilitação das existentes, medidas essenciais para prevenir acidentes e melhorar a fluidez do tráfego ferroviário”. Isso, decorridos cerca de 20 dias de completar um ano após a inauguração do tal aeroporto Internacional, que, recordamos, foi a 10 de Novembro de 2024.

Entretanto, hoje, 20, um alto responsável do Caminho de Ferro de Luanda, por via da RNA, anunciou que entre as tais “intervenções em curso para a prossecução deste objectivo, destaca-se construir novas passagens pedonais e a reabilitação das existentes, medidas essenciais para prevenir acidentes e melhorar a fluidez do tráfego ferroviário” e que “levarão cerca de três meses”. Ou seja: só lá para Janeiro/Fevereiro ou Março estarão concluídos e os passageiros poderão socorrer-se do importante suporte do comboio. E entre a data em que se decretou a interrupção do comboio de ligação e a previsão do retorno, põe-se a quadra festiva, com milhares de passageiros a deslocarem-se quer para o interior, quer para o estrangeiro. 

Só para recordar também, cinco dias antes da inauguração do Aeroporto Internacional, a 5 de Novembro de 2024, o Chefe do Estado da Nação, Presidente da República de Angola, general João Lourenço, percorreu de comboio, os 45 (ou 51?) km que separam a estação ferroviária do Bungo (Baixa de Luanda) à gare do Aeroporto Internacional Dr António Agostinho Neto, em Icolo-e-Bengo, que se deveria chamar José Eduardo dos Santos.O objectivo da visita de campo, foi verificar a evolução das obras de segregação da linha férrea, que atravessa por áreas densamente povoadas com implicações negativas para a circulação dos comboios. 

Instalado na cabine da locomotiva da composição ferroviária, o Chefe do Estado da Nação avaliou o já feito pelas empresas encarregues da empreitada, e o que ainda restava fazer, para instalar segurança e ordem ao longo do corredor ferroviário. Mas, recordo ainda, citando o jornal de Angola na sua edição de 6 de Novembro de 2024, reportando uma entrevista concedida por Énio Costa, presidente do Conselho de Administração da Agência Nacional dos Transportes Terrestres, “muitos dos trabalhos estão, ainda, em curso, nomeadamente a efectivação da sinalização e o serviço de telecomunicações”, esclarecendo que, “relativamente às estações ou paragens do comboio, observa-se a fase de recepção provisória das infra-estruturas, prevendo-se a inauguração das mesmas a partir do segundo semestre deste ano”. Portanto, até Dezembro de 2024, fim do segundo semestre, no máximo.

Mas, quase um ano depois da visita do Presidente, o balanço demonstra que o comboio não funciona, que os mesmos problemas continuam lá e que, portanto, o passageiro terá que se virar com os candongueiros, mixeiros, aldrabões e também ladrões que operaram nesse circuito de transportes…

Na ocasião, Énio Costa assegurou ao JA que “das onze estações existentes ao longo do trajecto entre o Bungo e o terminal do novo Aeroporto Internacional, no Distrito Urbano de Bom Jesus, somente cinco beneficiaram de obras de grande dimensão”.

A decisão de não submeter todas as estações a obras de requalificação, segundo o PCA da Agência Nacional dos Transportes Terrestres, devia-se ao facto de as intervencionadas (Bungo, Musseques, Viana, Baía e Novo Aeroporto) estarem projectadas para fazer a conexão com outras províncias. Por isso, disse, têm a dimensão que têm. “Nem todas as paragens do comboio carecem de intervenção. O que precisamos, para as demais estações, são somente pequenos equipamentos para a protecção dos cidadãos”, explicou.

Nesta explicação, o PCA do CFL, Manuel António KandaKanda, assegurou ao Presidente que a partir de quinta-feira, 07 Novembro de 2024, o CFL daria início as viagens regulares de transporte de passageiros no corredor BUNGO-AIAAN, através de dois serviços, designadamente “Expresso e Interestações” que permitiriam alargar a circulação dos comboios de transporte de passageiros para 7 dias por semana e estender o horário para além das 22 horas. ‘Sol de pouca dura’

RODOVIA CIRCUNDANTE ZANGO-EN 230

Num segundo momento da sua missão de campo nesse dia, o Presidente João Lourenço, segundo os órgãos de comunicação públicos (porque eu não acompanhei e os privados não são sérios como dizem) viu “de perto as obras da estrada que bordeia o novo aeroporto, ligando o Zango 8000 à Estrada de Catete, por altura do Km 44. A rodovia começou a ser executada em Julho último (2024) e deverá ser concluída no próximo ano (2025)”.

Disseram também que, “a via em construção visa contribuir para um trânsito mais fluído para as populações residentes no Pólo Sul da capital (Benfica, Talatona e Zangos) nas suas futuras deslocações ao novo aeroporto e vice-versa, sem precisarem de o fazer pela Via Expresso Fidel Castro”. Previram, certamente, o engarrafamento que está a ser causado pelos camiões cisternas que se abastecem de água nas mangas do Kikuxi que tinha que ser construída há escassos metros de uma via rápida (Expresso Fidel Castro). Decisões inteligentes que, eventualmente, fazem parte também de um grande pacote de negócio para uns, como é a reabilitação das estradas. Não tarda, surgirá ali um buracão, a via será encerrada e quem não quiser perder o voo no novo aeroporto, o melhor será optar por dar uma volta maior, seguindo pela circundante Zango-EM 230. 

Como que para melhorar todo esse “ambiente de negócio” agentes da Polícia Nacional saíram à rua para realizar operações stop (em Luanda particularmente, mas também já ocorre em Benguela e no Sumbe), e a executar multas a quem não fez a reinspenção do seu veículo. Mas quem tem recorrido aos serviços de viação e trânsito da zona do Palanca, diz que por lá, não há “sistema” há duas semanas. 

Mas no meio de todas essas constatações, o que é novo afinal? Absolutamente, nada. Já sabemos que este é o melhor país para investimento. Porque quem nos governa não complica. Simplifica! Nós é que só vemos complicação em tudo. Como na falta de ligações de e para o novo aeroporto.

No meio de tudo isso, quem ganhará, serão as companhias que por mais algum tempo, permanecerão no Aeroporto 4 de Fevereiro. Porque contrariando o ministro dos Transportes Ricardo de Abreu, chegar ao aeroporto que se deveria chamar José Eduardo dos Santos, por justiça, é mais difícil do que perecer e entrar no reino de Deus. Porque é necessária muita fé, muita crença e muita paciência, que quase ninguém mais tem, porque andamos nisso há 50 anos.

Ora se isso não mata, aumenta o nosso descrédito.

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