RESISTIR CONTRA A UNIFORMIZAÇÃO DO PENSAMENTO

“Salvem os loucos porque os que dizem ser normais, estão a acabar com o mundo”

RECADOS DA…

CESALTINA ABREU

Escolhi para reflexão esta frase que retrata o nosso tempo, em todo o mundo, para desespero nosso, dos ‘loucos’. Pensar contra o nosso tempo é um acto de heroísmo, mas expressá-lo é um acto de loucura! Sobrevivemos a uma real(i)dade cada vez mais distorcida porque moldada aos interesses das elites, e um Planeta Terra cada vez mais em desequilíbrio, colocando em risco a vida, não apenas dos humanos. Esta situação resulta da acção de elites reforçadas pela tendencial expansão dos regimes autocráticos, que desrespeitam direitos fundamentais, desinvestem / inibem a formação de capital humano e de capital social, nomeadamente através de uma educação para a subordinação e a obediência. 

Esta frase é um clamor à resistência contra as normas sociais impostas por, e a favor das, elites dominantes e as suas alianças internacionais, gananciosas, e insensíveis às necessidades humanas, sociais e ambientais. A oposição entre dois conceitos ‘loucura’ e ‘normalidade’ impele a uma análise profunda sobre a mobilização do estereótipo da ‘loucura’ como instrumento de controlo sociopolítico, complementado pela manipulação de massas, através da cultura do medo e da desinformação, visando o conformismo paralisante da ‘normalidade’.

A história da humanidade lembra-nos que os que foram rotulados como “loucos” – Einstein, Galileu Galilei, Camille Claudel, Nellie Bly, movimentos culturais, artistas individuais, entre outros – sempre desempenharam papéis fundamentais na mudança de paradigmas. Cientistas, artistas, filósofos, jornalistas e activistas desafiaram as normas vigentes, enfrentaram a repressão, mas conseguiram plantar as sementes de mudança em direcção à transformação do status quo. Desafiaram convenções, criaram espaços para expressões alternativas nos seus respectivos domínios de intervenção social, tiveram a ousadia do pensamento que se desvia da norma e confronta as estruturas de poder.

As estratégias de dominação das elites – conformismo, consumismo, materialismo e desumanização – sempre em nome do ‘preço a pagar pelo progresso social’ (deles só…) – submetem os ‘normais’ pela alienação e o controlo social, resultando em desigualdades sociais, destruição ambiental e controlo mental através dos meios de comunicação, promovendo um senso de impotência colectiva e de normalidade diante das injustiças.

Neste início de semana, Saúde, Cuidados e Coragem para ‘salvar os loucos’, aqueles que não se conformam, que ousam questionar a “ordem natural” das coisas, que sugerem alternativas. Eles têm um papel vital na resistência contra as estruturas opressoras. Salvar os “loucos” significa valorizar a diversidade, a divergência de ideias, incentivar a criatividade e a inovação, e a resistência às forças que buscam uniformizar o pensamento e condicionar a acção. 

Kandando daqui!

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