Se impuseram que as tropas ruandesas devem permanecer nas áreas que ocupam no país vizinho, que paz é essa? Será que as tropas ruandesas farão proteção as minas, a troco de tirar a sua parte?

O Presidente Trump durante a sua Administração desde o seu primeiro mandato, mostra-nos a sua veia de homens de negócios e as suas tácticas agressivas de “ataque” e recuo. Posteriormente, volta para contra-atacar, surpreendendo o(s) concorrente(s) com um golpe final, ou recuando de vez. Recuou com o Canadá, recuou com o México, recuou com a China, recuou com a Rússia e agora recuou com o Ruanda, porque os seus líderes se mostraram irredutíveis e mantiveram-se firmes. Já dizia o velho ditado, que “dos fracos não reza a história”.
Nos três primeiros casos, o Presidente Trump ameaçou os seus homólogos com o “monstro” do aumento das tarefas alfandegárias. Os cinco supramencionados ameaçaram também.
Porém, na semana que findou, foi o auge. Em duas jogadas de mestre, o Presidente Trump meteu a União Europeia e a União Africana no “bolso”. No primeiro caso, deu o xeque-mate durante a cimeira da NATO, no dia 24/6/2025. No segundo caso, ultrapassou pela direita o então mediador angolano, (o Presidente João Lourenço) para o processo de paz entre o Ruanda e a República Democrática do Congo. Para fechar com chave de ouro, deu outro xeque-mate, metendo também no bolso em definitivo, a República Democrática do Congo, com a assinatura do acordo no dia 25/6/2025, com o Ruanda que saiu vencedor.
Quer gostemos ou não, eu pessoalmente não gostei, mas o Presidente Trump provavelmente deve-se ter apercebido, que o Presidente Paul Kagame do Ruanda como não se verga, mesmo sem razão, nem com o embargo que já lhe tinha imposto, não bajula. Por outro lado, tem um exército bem treinado, organizado e disciplinado e até poderia ser-lhe muito útil como aliado, para garantir a segurança das minas de cobalto e outros minerais preciosos, que sem pedir ao Presidente Félix Tshisekedi da RDC, decidiu “oferecer” aos Estados Unidos (“America and Americans First”), em troca de proteção.
Ora quem vai proteger os nossos vizinhos da RDC, (que nos invadem silenciosamente), poderá ser nada mais nada menos, do que o próprio exército ruandês. Isto é: o “lobo” poderá ficar a tomar conta do “galinheiro”.
O problema, é que na RDC há no mínimo 4 (quatro) principais grupos armados entre outros, nomeadamente, FDLR (Forças Democráticas do Ruanda); LRA (Grupo Armado de Resistência do Senhor do Uganda); FNL (Forças Nacionais de Libertação do Burundi) e ADF (Forças Democráticas Aliadas). Será que o Presidente Trump teria pensado que mais vale prevenir do que remediar?
Depois de tanta bajulação (se é que é verdade), o recado que a jornalista correspondente da TPA deu ao Presidente Trump, que o Presidente da RDC Félix Tshisekedi pretende propô-lo a candidato ao prémio Nobel da Paz, ele deve imaginar os presidentes africanos “cabeça água”, como dizem os chineses.
O Presidente Trump achou tanta piada e ficou tão contente com tanta “bajulice”, que deve mesmo ter pensado, que deveria dar um prémio de consolação ao ex-mediador angolano e actual Presidente da União Africana, pelo menos a sua mão. Se mesmo depois de ter sido ultrapassado sem lhe pedirem licença, o Presidente angolano e da OUA quer tanto vê-lo, “why not”!
O Presidente Trump, quem sabe, poderá já estar a fazer “contas de cabeça”, a pensar que o Presidente angolano, poderia trazer uma prenda melhor do que a do Presidente Félix Tshisekedi?
E se outros tantos lideres africanos seguirem o exemplo?
• “Who is the next” (quem será o próximo) ?
• O Presidente Trump, deve estar a esfregar as mãos de contente.
Enquanto isso, os debates na imprensa europeia não param, devido à aprovação do pacote de 800 bilhões de dólares pela NATO, por imposição do Presidente Trump. Consideram essa decisão, como um acto de submissão da União Europeia aos Estados Unidos. Para alguns, houve receio de retaliações no que respeita à subida das tarifas alfandegárias aos países da União Europeia. Para outros, o Presidente Trump colocou os países membros da NATO de joelhos, ao impor a decisão de alocar de imediato 5% em vez de 2% do seu PIB, na previsão orçamental de cada país membro, como contribuição à NATO.
Mas houve mais um líder europeu que não se vergou e não se quis ajoelhar. Trata-se do Primeiro Ministro espanhol, Pedro Sánchez, que afirma que manterá no seu orçamento apenas 2% do PIB para a Defesa, priorizando os projectos de desenvolvimento. Para ele, até 2035, haverá tempo para ir fazendo o aumento gradual da contribuição do PIB para a Defesa.
Trump não poderia ter aproveitado melhor local que a reunião de Davos, para deixar o seu primeiro seu recado, de que os países europeus teriam de aumentar as suas contribuições de 2% para 5%, ameaçando fazer um “linkage” com a subida de tarifas alfandegárias, em caso de não cederem a sua exigência.
Como referiu a agência de notícias Reuters num seu despacho, “os negociadores congoleses renunciaram a exigir que as tropas ruandesas deixem imediatamente o Leste da RDC”.
Se impuseram que as tropas ruandesas devem permanecer nas áreas que ocupam no país vizinho, que paz é essa?
• Será que as tropas ruandesas farão proteção as minas, a troco de tirar a sua parte?
África “quo vadis” (para onde vais)?