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As rotinas que ajudam a simplificar a vida das pessoas são sempre óptimas escolhas. Como também é magnífico sair-se da rotina. Foi neste clima e com este sentimento que passei os últimos dias da semana passada. Vivi dias diferentes. Conheci novas terras do Norte de Portugal. Paredes de Coura, Barcelos, Vila Nova de Cerveira, Valença. A Espanha ali pertinho, em lindíssimas paisagens. Convivi com pessoas fantásticas, com quem dificilmente se está mal. O Adélio, a Nela, o Manuel e a sua filha Inês, jovem mestre nas modernas tecnologias, foram generosos a receber. As dras. Nídia e Helena Cruz, constituíam com a Nela, a esposa do anfitrião, o trio de angolanas presentes nesta jornada. Com todos eles, testemunhei, finalmente, a concretização do sonho do meu respeitável amigo. Um sonho que, vendo bem as coisas, também era meu.
Nessa perspectiva, foi lançada, no dia 31 de Maio, no Museu de Olaria de Barcelos, a obra “Cangamba e Praia do Bebé – dois casos de Olaria Angolana”. Um trabalho que, promovido com a minha colaboração, fora apresentado em Luanda e em modo de palestra, há muitos anos, já não me recorda a data certa, na União dos Escritores Angolanos.
Por uma questão sentimental, o autor, Adélio Macedo Correia, natural de Barcelos, a conhecida cidade do Galo, docente universitário licenciado em Ciências Antropológicas e Etnológicas pela Universidade Técnica de Lisboa, meu amigo de longa data, fez questão que fosse eu o prefaciador do magnífico livro que agora está disponível para o público e que, depois do lançamento em Barcelos, terá nova apresentação em Lisboa, no mês de Outubro próximo.
No texto com que tenho o privilégio de abrir o livro, lembro, entre outras coisas, o facto do nosso relacionamento ter iniciado numa altura em que, há mais de trinta anos, eu dava passos inseguros na escrita literária. Um período que, curiosamente, coincidia com a pesquisa iniciada pelo autor há mais de meio século em terra angolana. Explico também, como a cultura tradicional do nosso país, a ser estudada por um português me entusiasmou claramente, e justificou ter aceitado, sem reservas, o convite que me foi endereçado pelo meu amigo, o Dr. Adélio Correia.
Todos estes factos contados, aliaram-se às emoções que fui sentindo. Primeiro, ao apreciar, ao lado de muitas outras, peças nossas destacadas, magnificamente arrumadas e identificadas, num belo museu, excelentemente organizado. Não bastasse isso, ouvi ainda, elogios à minha participação no livro que se lançava e, por fim, ao constatar nas expressões dos presentes, a satisfação de me verem ali, na qualidade de um filho de Angola. Foram muito honrosas e significativas as palavras da investigadora Isabel Maria Fernandes e da directora do Museu, Cláudia Milhases.
Foi, por tudo quanto refiro acima, uma jornada que me afastou da rotina. Que me fez bem e encheu a alma de novo ar e, sobretudo, de muito orgulho. Pelas razões fáceis de entender, não quis deixar de partilhar o facto com os meus leitores, familiares, camaradas e amigos. Com o carinho de sempre, despeço-me com os meus habituais cumprimentos. Até ao próximo domingo, à hora do matabicho.
Lisboa, 8 de junho de 2025
