O cara deixou recados? Sim, pelo menos um!

Ainda ecoa mundo adentro o seu grito de protesto contra o vil racismo de que em Maio foi vítima em Espanha Viti Jr., um jogador brasileiro de tez preta ao serviço do Real Madrid. Fê-lo a partir de Tóquio, capital do Japão, onde participava numa cúpula do G7. Com semelhante gesto, Lula mostrou que acompanha com paternal atenção a sorte dos seus concidadãos espalhados pelo mundo. Não admira, por isso, que à véspera de visitar Angola lhe tenha chegado ao conhecimento o triste episódio, envolvendo um cidadão brasileiro com negócios em Angola no sector imobiliário, que foi obrigado a engolir em texto as próprias palavras pronunciadas num programa televisivo de opinião, onde só disse verdades. Tristes verdades, convenhamos, mas edificantes, se levadas em consideração por quem dirige este país. É preciso muita distração, mas sobretudo uma grande predisposição para elogios gratuitos, para não ver ironia nas palavras de Lula, quando afirma, referindo-se à imprensa angolana: “Nunca vi jornalistas tão bem comportados! Diferente do Brasil, que são mais agressivos”. O Presidente do Brasil só não foi mais claro do que o Papa Francisco, que na Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, recomendou coragem aos jovens, pedindo-lhes que”não tenham medo”, porque o discurso político vive da subtileza. Mas ficou o recado: Com um jornalismo acrítico, Estado de direito e democrático, em Angola, dificilmente passará de uma quimera. Uma ilusão sem fundo, se é que existem ilusões fundadas em outra coisa que não seja a própria ilusão.

André dos Anjos (nas redes sociais)

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

PROCURAR