O Governo anunciou a retirada da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), a partir de 1 de Janeiro de 2024 (após 16 anos), depois de ter rejeitado uma deliberação que atribuía uma quota de produção de 1,110 milhões de barris/dia, abaixo da proposta nacional de 1,180 milhões. O mercado reagiu, com o Brent a ser comercializado em Fevereiro por menos 0,39%, a US$ 79,39 por barril.
A queda do preço do petróleo devido à saída de Angola da OPEP, é atribuída ao efeito “psicológico”, fenómeno normal, que poderia acontecer por ameaça de guerra, etc., mas que regra geral é temporário. O factor que poderá ditar uma descida mais ou menos acentuada, ou a subida do preço do petróleo, será o maior ou menor crescimento das economias chinesa e indiana ( as nações mais populosas do mundo).
O peso do hipotético ligeiro aumento da reduzida produção do crude de Angola, com a pretensão de atingir a estabilização da produção por volta dos 1.300.000 de barris/dia (in Jornal de Angola, 7/5/2023), embora seja de extrema importância para a economia angolana (30% do PIB e 95% das exportações), neste momento é pouco significativa (17.º lugar, com uma produção média de 1.100.000 barris/dia em 2022), se comparado com a produção de outros países produtores membros da OPEP, nomeadamente:
– Arábia Saudita com cerca de 9.960.000 barris/dia (3.º), Iraque com cerca de 4.470.000 barris/dia (5.º), Irão com cerca 3.800.000 barris/dia (7.º), Brasil com cerca de 3.700.000 barris/dia (9.º), etc. e aliados, nomeadamente:
– Rússia, com cerca de 10.000.000 barris/dia (2.º), China com cerca de 3.870,000 (6.º), etc. .
O melhor momento para Angola desertar, seria quando a sua produção de petróleo representava cerca de 7% das importações de petróleo consumido pelos Estados Unidos de América, chegando a ultrapassar os 2.000.000 de barris/dia em Agosto de 2008, pois foi precisamente em 2009, altura da reconstrução do país, que a OPEP impôs o primeiro corte drástico de 300 mil barris diários (passaria para 1.700.000 barris/dia).
No contexto actual, os signatários do Acordo de Paris estão condicionados, porque as instituições financeiras dos seus países poderiam ser sancionadas, caso continuem a financiar energias fósseis (sujas). Tem estado a tentar contornar a situação, com recursos a fundos, criados por engenharias financeiras complexas e com taxas de juro elevadas.
Nessa base, dificilmente Angola encontrará investidores estrangeiros com capacidade financeira para fazer face aos investimentos necessários, ou mobilizar simples financiamentos à exportação, mesmo com garantias soberanas como habitualmente. Só se financiar tais investimentos por meios próprios e se endividar cada vez mais os contribuintes que ainda estão por nascer.
Com a tendência de utilização de energias híbridas e limpas, nos países desenvolvidos e emergentes e com a oscilação dos preços do petróleo, os investimentos públicos terão dificuldade em ser recuperados.
Fontes: Site da Universidade de São Paulo, Brasil, caso prático do livro de minha autoria “A Teoria dos Jogos e os Oligopólios”, 1994 “página 75 a 81, www.une.usp.br e no site da Universidade de Stanford University, EUA, livro também de minha autoria” As Privatizações em Angola”, 2010, página 95, www.searchworks.stanford.edu, ou no site da Universidade da Califórnia, Berkeley, www.law.cat.berkeley.edu).