Aquilo que se designa por vontade política é um processo complexo, que nos deve levar a ter em conta quem são os decisores políticos, o que pensam, quais as regras, os valores, a ética, os padrões e normas de comportamento a que estão sujeitos, quais as suas motivações materiais e ambições políticas, a fim de podermos entender porquê que as decisões que gostaríamos de ver implementadas nunca o foram.
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Caro Carlitos,
Acabei de ouvir, com muito agrado, creio que parte da tua intervenção numa das Conferências do Expansão, sob o título “Desconstrução”. Há quem a vá considerar como sendo demasiado pessimista, pois que ao reafirmares (porque já o fizeste noutras ocasiões) que os fenómenos negativos quer económicos quer sociais e políticos são recorrentes em Angola, acabas por demonstrar que em Angola não se segue o princípio muito difundido no senso-comum de que a História “ensina” e serve para “evitar” a repetição dos erros do passado. Ora, se estamos permanentemente há 48 anos a abordar os mesmos problemas económicos, é porque de facto, a história não nos tem servido de lição. Por isso, continuamos a considerar a diversificação e competitividade fora do sector petrolífero como sendo vital para o emprego, o rendimento, a redução da pobreza e o crescimento robusto do PIB, bem como consideramos sempre a resolução dos problemas ligados ao acesso ao financiamento, em particular, para a indústria transformadora e a agricultura, como fundamentais para superar as grandes distorções na atribuição do crédito que prejudicam a eficiência e a competitividade da economia angolana como um todo. As dezenas de programas de reestruturação económica adoptados ao longo da nossa existência como Nação independente comprovam a tua tese.
Esses problemas que tu bem enumeras são recorrentes, porque nunca foram realmente resolvidos. E como afectam o quotidiano do cidadão comum, a sua persistência tende a revelar-se em contextos diferentes. A grande questão que se coloca é saber por que razão nunca foram resolvidos.
Creio que o principal entrave se encontra desde as suas origens (1975) no nosso poder político que, por duas razões fundamentais, não foi capaz de o fazer por falta daquilo que se designa de vontade política e por incompetência, isto é, incapacidade técnica, administrativa, política e inexperiência dos seus quadros de Direcção, que mesmo quando rodeados dos melhores quadros técnicos nacionais, tu referistes-te ao escol que elaborou o SEF, não logram grandes resultados porque a tal “nata” é combatida das mais diversas formas.
Mas este é um mal comum a todo o nosso Continente. É só ver como se encontram de rastos as economias do Zimbabué e da África do Sul que eram prósperas e que até beneficiaram da experiência histórica de Angola e Moçambique, mas cujas lideranças têm revelado uma grande incapacidade de lidar com os problemas sociais, políticos, económicos e financeiros dos seus países. É certo que sobre todos nós africanos pesam muitos condicionalismos externos impostos, principalmente pelo mundo ocidental, que de alguma forma também contribuem para o nosso marasmo económico e social.
Um dos grandes pensadores do século XIX, infelizmente amaldiçoado por muitos no mundo actual, disse: “Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem como querem, eles não a fazem em circunstâncias escolhidas por eles mesmos, mas sob circunstâncias directamente encontradas, dadas e transmitidas do passado. A tradição de todas as gerações mortas, pesa como um pesadelo na mente dos vivos”.
Mas, seja como for, só o simples facto que relatas de que foste incumbido, na qualidade de Secretário do Conselho de Ministros, de contactares o Governador do BNA para veres a disponibilidade do pagamento para a aquisição de armas, ou recorrer mais tarde ao PCA da Sonangol para efectuar esse pagamento, diz bem das distorções que enferma(va) o nosso processo super centralizado de tomada de decisões e de utilização dos fundos públicos, desrespeitando, na maior parte das vezes, os procedimentos legalmente estabelecidos. Deste modo, não é de estranhar que com esses métodos enraizados no tecido do nosso poder político, os tais problemas ressurjam sempre na pauta anual da nossa agenda para o desenvolvimento.
Se quisermos superar a recorrência dos nossos males, temos de ir para além da elaboração de belos programas de desenvolvimento económico e social. Por exemplo, a Estratégia de Desenvolvimento 2025-2050 está fadada a ter o mesmo destino da anterior Estratégia 2000-2025 que lhe deu origem, de que já não se fala e da qual nunca ninguém ouviu falar que tenha sido feito sequer algum balanço dos seus dez primeiros anos.
Meu caro amigo:
Sabes melhor do que eu, que aquilo que se designa por vontade política é um processo complexo, que nos deve levar a ter em conta quem são os decisores políticos, o que pensam, quais as regras, os valores, a ética, os padrões e normas de comportamento a que estão sujeitos, quais as suas motivações materiais e ambições políticas, a fim de podermos entender porquê que as decisões que gostaríamos de ver implementadas nunca o foram.
Um dos grandes pensadores do século XIX, infelizmente amaldiçoado por muitos no mundo actual, disse: “Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem como querem, eles não a fazem em circunstâncias escolhidas por eles mesmos, mas sob circunstâncias directamente encontradas, dadas e transmitidas do passado. A tradição de todas as gerações mortas, pesa como um pesadelo na mente dos vivos”.
Torna-se, pois, imperioso desconstruir, no sentido que Jacques Derrida deu a essa palavra, que foi o que fizeste, todas estas engrenagens que têm tolhido o nosso movimento ascendente, durante quase cinco décadas, a fim de que não haja de facto um “suicídio colectivo”!
Aceita um forte abraço e acredita que todas estas palavras foram escritas de “bona fide”.
*Ex-Director do Gabinete de Quadros da Casa Civil do Presidente da República
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Impressionante como esta malta que destruiu um País que tinha tudo para dar certo se mantém na crista da onda
Uma visão diferente do sistema; só tem uma coisa que
Me enrita este tal Vaz dá Conceição tbm faz parte do LinkedIn!!!
Li com muito gosto, o comentario do Dr. AVC a resenção feita pelo Prof. Carlos Feijó apresentada na Conferencia promovida pelo Jornal Expansão com titulo
sugestivo ” Desconstruindo para que não haja um suicidio colectivo”. Quer um quanto outro, acabaram.por revelar a real causa da estagnação social, economica e até espiritual que se assiste em Angola que é o sistema politico e sobretudo a qualidade moralmente duvidosa de decisores que têm vindo persitentemente a ser imposto pelo partido governante. Recordo-me que o Prof. Carlos Feijó já terá terá dito um dia de que em Angola quem manda não era o Presidente da Republica e eu acrescentaria, nem o comandante em Chefe o Chefe do Executivo mas, sim o Presidente do MPLA . Ou seja Angola, o seu povo e o seu futuro vive de facto desde 1975 aprisionado a vontade, aos gostos, interesses e necessidade do Presidente do Partido secundado por um grupo restrito de pessoas muitos dos quais sem quaisquer visão, experiencia, capacidade,s ou qualificacão técnica e cientifica reconhecida nem idoneidade moral e ética para tomar decisôes complexas que a gestão de um país como Angola requereria. Aliás, o quadro de infantilização do exercicio de funções publicas e politicas visivel na nomeação de governantes ( ministros, Secretarios de Estado, Governadores, juizes, Vices-Governadores, Administradores Municipais e adjuntos sem experiencia nem um historico comprovado, a pretexto de priorização de jovens militante, é revelador do grau de inresponsabilidade politica e da degradação moral que o sistema politico angolano alcançou contrariando toda logica da hieraraquia social. Este quadro certamente não permite adotar politicas de inclusâo e valorização de todos angolanos num projecto de nação que seria util nesta fase de restauração nacional. Sou dos que ( concordando com as ideias do AVC e do Prof. CF) considera estar o país castrado pelo imediatismo e a arrogancia politica dos partidos. A solução radica numa profunda reforma constitucional que liberte as instituições da vaidade e interesses de individuos e coloque Angola, o seu povo como fim ultimo de toda accâo. Uma reforma que faça do presidente da republica o guardião da nação e tenha no executivo dirigido por um 1o ministro como orgão encarregue de executar as politicas publicas. Uma reforma que institua o poder autarquico e resguarde e liberte o Presidente da Republica da pressão na resoluçâo de problemas locais. Uma reforma que valorize os quadros nacionais mas, sobretudo tenha no mérito, na idoneidade moral e ética a condição para a progressâo social. Porque se persistir-se, virá o suicídio colectivo que representará um fracasso civilizacional do homem negro em governar-se
Hoje como sempre andam pelo mundo de māos vergonhosamente estendidas, para que os ex colonos, a quem expulsaram, lhes deia umas migalhas, porque nāo souberam gerir o muito que lhes cai a māo. Tanto um como outro fazem parte do grupo que afundou o pais. Faladores e bons moralistas que na hora da verdade tudo fizeram para consolidar o poder de quem hoje chamam de decisores politicos incapazes.
EM BOA HORA ,SEM TABUS, APARECEM CARLOS FEIJO E ALDEMIRO DA CONCEIÇÃO , PESSOAS MUITO DO MEU AGRADO, PELO MENOS NO SENTIDO DO SERVIÇO PÚBLICO.
O CARLOS FEIJO ESTEVE SEMPRE E BEM NA ÁREA EXECUTIVA DO GOVERNO.
O ALDEMIRO NA ELEVADA FUNÇÃO DE ORIENTADOR DO GAP DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA.
ENTENDO QUE CADA UM DELES CUMPRIU BEM A SUA TAREFA.FIZERAM PARTE DO APARELHO DO ESTADO E DOS ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO DO ESTADO.
O PRIMEIRO ACABA DE FAZER UM POUCO DE HISTÓRIA ECONÓMICA ENQUANTO ESTEVE NA ADMINISTRAÇÃO DO ESTADO. O SEGUNDO PRESTA-LHE O SEU APOIO.
FEIJO REITERA O FACTO DE ANDARMOS SEMPRE A RODAR SOBRE OS MESMOS PROBLEMAS, ASSUME QUE FEZ PARTE DE TUDO E SEM TABUS NEM RETÓRICAS DIZ QUE TEMOS QUE SAIR DESTE EMBRULHO. TEMOS QUE MUDAR MÉTODOS E PARÂMETROS ORGANIZATIVOS DE TRABALHO.
O ALDEMIRO APOIA-O, ISTO É COERÊNCIA.
ERRAMOS, VAMOS MUDAR! ISSO É INTELIGÊNCIA.PERSISTIR NOS ERROS DO PASSADO É TONTICE.
MUITO BEM, PORQUE NÃO AJUDAM NA BUSCA DE SOLUÇÕES AO INVÉS DE ESTAREM A BELISCAR AS DUAS PERSONAGENS?!
José Pedro de Castro
Empresário e Consultor Internacional de Negócios
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