Desmantelar a Fobocracia

” (…) Com o direito ao voto nas comunidades angolanas no exterior, numa altura em que a nova vaga de emigração de angolanos abrange milhares de jovens e atendendo à capacidade da Diáspora de influenciar formal ou informalmente as atitudes cívico-políticas dos seus concidadãos no País,  agudizou-se o medo que o Poder sente da liberdade de informação, de pensamento e de decisão dos angolanos no estrangeiro. Neste contexto,  o Poder engendrou novas maneiras de reforçar o controlo da Diáspora, para lá dos conhecidos métodos securitários desenvolvidos por embaixadas e afins.

Assim, a Presidência angolana criou o Centro de Articulação com a Diáspora (CAD), com a missão de intoxicar os angolanos no estrangeiro com informações de exclusão e silenciamento da realidade do País, ocultando notícias sobre a real situação de miséria nacional,  a que qualquer diaspórico tem acesso, bastando, para tal, ter um smartphone. Controlado pelo CIPRA, estrutura de propaganda da Presidência angolana, o CAD, segundo o seu director,  Alberto Cafussa,  é um ‘espaço de confluência de valores e informações entre Angola e as respectivas comunidades no exterior do país ‘. 

Essas iniciativas de milhões ajudam, sobretudo, a precaver o futuro material de fobocratas que vivem apanicados com a possibilidade, mesmo que remota, de perda dos seus lugares de membros da casta dos privilegiados. Essa nova metodologia de controlo da Diáspora mostra que o medo dos seus autores de perderem regalias e qualidade material das suas vidas fala mais alto que qualquer apreço pela qualidade dos produtos que apresentam. Das publicações do portal ‘Voz da Diáspora ‘, órgão de informação do CAD, pululam textos de penosos argumentos e mal escritos.  

Com sucursal,  num subúrbio de Lisboa,  dirigida pelo adido de imprensa da Embaixada em Portugal,  o CAD,  um sorvedor de dinheiros públicos, tem o seu fracasso assegurado, porque,  certamente, os angolanos na Diáspora,  para saberem da actualidade sobre o seu País de origem,  preferem as redes sociais e plataformas como o Club-K do que qualquer outra dos desacreditados serviços de informação da Presidência…”

Luzia Moniz in “Desmantelar a fobocracia”, na coluna Tunda mu Njila, do Novo Jornal,  edição 782, 21.04.2023

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