ALGUNS POLÍTICOS EM PORTUGAL E ANGOLA IRMANADOS NA PROMISCUIDADE POR NECESSIDADE OU COOPERAÇÃO?

Acredito que, a política desune, um bom negócio une e um político/comerciante destrói 

MARIA LUÍSA ABRANTES

Angola foi mais uma vez citada nos noticiários  portugueses, pela  falta de controle na saída de dívisas, desta feita, pela mão de um político estrangeiro , que “fugiu” ao fisco de ambos os países. De acordo com a TVI (noticiário das 20H00 de 9/11/2023), o dinheiro em espécie (euros), foi encontrado nas buscas efectuadas no escritório do chefe de Gabinete do Primeiro Ministro António Costa, Vitor Escária. O dinheiro encontrado, foi justificado como sendo pagamento de serviços prestados em Angola. 

As buscas ao Gabinete do chefe de Gabinete do Primeiro Ministro António Costa, destinavam-se a encontrar provas sobre indícios de actos ilícitos, relacionados com o tráfico de influência no negócio de exploração de lítio e de hidrogênio, segundo a mídia portuguesa. 

Por essa razão, o acto ilícito referente à transportação de dinheiro “cash” acima do valor autorizado pela legislação vigente quer em Angola, como em Portugal, deveria ser objecto de um processo separado. Todavia, constitui sem qualquer sombra de dúvida um facto ilícito, demonstrativo de como alguns políticos em Angola e Portugal, cruzam as suas influências políticas para proteção, ou realização de negócios seus ou de seus clientes na promiscuidade entre “político/empresário”, ainda que ao assumir cargos nos poderes Legislativo, Executivo e Judicial, transfiram aparentemente a esfera dos seus negócios para familiares ou para testas de ferro. 

O problema reside no facto de que em ambos os países, a Revolução de 25 de Abril que deu origem também as independências dos países africanos de língua oficial portuguesa foi mal interpretada, ocasionando de imediato a ocupação, expropriação e o saque da prioridade privada. 

O slogan “O povo no poder”, passou a significar que deveriam ser apropriados os bens privados,  pelos pseudo representantes do povo e seus seguidores oportunistas, (hoje “novos ricos”, sem ou com diploma, muitas  vezes comprado, ex.: casos Sócrates e  Relvas, etc.). Nessa base,  apropriaram-se de todo o patrimônio privado de empresas e famílias, que ao longo de décadas ou mesmo séculos suaram, para que com muito trabalho e sacrifício o construir e educar os seus filhos, ensinando-os a respeitar o trabalho e os direitos de outrem. 

Porém, a maioria dos portugueses após a entrada na UE em 1986 (então CEE) estão a mudar as suas mentalidades fruto da sua interdependência com os países da União Europeia, dependência ao Banco Europeu e ao seu compliance cada vez mais apertado, para além de uma maior cobrança da juventude cada mais esclarecida e tecnocrata. 

E em Angola?

Os casos altamente ventilados pela imprensa portuguesa, sobre transferências bancárias de valores elevados  de um servidor do Estado, com um compliance duvidoso, a concessão de contrato por ajuste directo, relacionado com interesses da esfera privada do director de Gabinete do Presidente da República, Edeltrudes Costa, entre outros, não merecem a atenção da PGR angolana?

E a tentativa de extorsão  ao ex-ministro Augusto Tomás,  por um elemento próximo ao Presidente do Tribunal Supremo em funções no Tribunal Supremo, assim como os indícios de irregularidades na gestão financeira dessa instituição, amplamente difundidos na comunicação social, não carecem de auto-demissões, ou de demissões? 

Infelizmente em Angola só estamos a piorar mais o que estava mal. Nem a entrada na ACP/UE nos  ajudou, nem com os convites para a participação em Conferências dos G20, nem mesmo com o Executivo assistindo de um dia para outro, a partir de 2017, ao batalhão de desempregados e sub-empregados do povo  angolano a comer directamente dos contentores do lixo. 

Nada comove os novos dirigentes que representam partidos políticos de oportunistas nos três poderes, formando a classe de novo ricos e de paraquedistas, porque para obterem seguidores e votos e facilmente chegarem ao poder, usaram e abusam das mesmas tácticas populistas dos partidos de esquerda portugueses. 

Hoje em Portugal já não se expropria como em Angola, mas em ambos os países “metem a mão no bolso do contribuinte”, para tapar os furos dos rombos nos bancos e em empresas nacionalizadas por gestão danosa  ou por embuste (caso EFACEC ), porque o “berço” e o carácter, quer queiram quer não, andam de mãos dadas com a moral e tem extrema importância na formação do ser humano.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

PROCURAR