A SÍNDROME DA AVERSÃO AO ESTUDO EM LUANDA

JOSÉ LUÍS MENDONÇA

Está a expandir-se no ensino superior em Luanda, a cada ano lectivo que passa, a síndrome da aversão ao estudo.

Os sintomas caracterizam-se por:

  1. Considerar os fascículos que o professor distribui e os livros que o próprio aluno adquire, como uma espécie de tortura (preguiça e aversão à leitura);
  2. Estar sentado na carteira sem nenhum caderno aberto para escrever;
  3. Estar mais atento ao celular do que à fala do professor;
  4. Incapacidade para se situar no nível do ensino superior, em que o estudante deve cooperar na preparação das aulas, com a bibliografia orientada e facultada pelo docente.

A síndrome da aversão ao estudo, ou fobia da auto-aprendizagem, é um fenómeno que está a afectar muitos estudantes angolanos e deriva de causas muito complexas.

A primeiríssima causa é o sistema de Ensino em si. O estudante vem de um percurso de dez anos de pseudo-aprendizagem, sem uma prática individual de auto-didactismo, porque os professores do ensino de base e médio nunca lhes transmitiram esse método;

Outra das causas é social, e reside na falta de perspectivas de emprego, após o término da universidade;

Uma outra causa relevante é o nível de condições sanitárias e de higiene escolar: casas de banho sem água corrente, onde nem se pode lavar as mãos… mesmo nas universidades. Isto dá um ar de desleixo e negligência da parte do próprio órgão reitor da Educação e Ensino.

Como motivar os jovens para o estudo?

É indispensável começar no ensino primário. Para o efeito a família do aluno (pais, encarregados de educação) devem participar, acompanhando o percurso do educando na escola, devem dialogar com o professor e a direcção da escola; ao mesmo tempo, as administrações municipais e comunais devem conhecer cada escola da sua área de jurisdição, interagir com as direcções e professores e encarregados de educação; a família deve acompanhar o estudo doméstico do aluno.

A televisão pública deve criar um programa diário dedicado à escola; não apenas programas didácticos, com aulas de várias disciplinas escolares, mas levar ao ecrã um professor abalizado para orientar os alunos sobre como organizar o pensamento (a agenda diária, o método analítico do texto, a selecção das ideias e palavras-chave, a extracção lexical, a elaboração de exercícios, etc.)

Os professores de todos os níveis devem ser reciclados neste aspecto do auto-didactismo e devem ser reconduzidos à compreensão do VALOR DA LEITURA constante. Deve haver troca de livros entre professores, com a criação de CÍRCULOS DE LEITORES ENTRE OS PROFESSORES. A leitura de livros literários é fundamental para o aprimoramento da língua oficial e como base de um raciocínio mais ágil e contagiante dos alunos.

Ajudar os estudantes a superar a aversão ao auto-aprendizado requer compreensão, apoio e estratégias motivacionais até os alunos se conscientizarem da importância do conhecimento nas suas vidas.

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