“É impossível não sentir um profundo sentimento de realização e, ao mesmo tempo, de saudade. Foi uma honra indescritível servir esta terra, e presenciar o imenso potencial do nosso povo. Benguela não é apenas uma província, é uma família que me acolheu e inspirou-me todos os dias”.
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Profundamente emocionado, Luís Manuel da Fonseca Nunes despediu-se de Benguela no passado dia 6, no acto de transferência de pastas para o seu sucessor, Manuel Nunes Júnior, dirigido pelo ministro da Administração do Território, Dionísio Manuel da Fonseca, na sequência da sua nomeação para governador de Luanda, pelo Presidente da República. Decisão mal digerida pelos benguelenses que preferiam a continuidade de Luís Nunes (o 13.º governador), receosos com eventual redução da dinâmica na implementação do Projecto Integrado das Infraestruturas de que é mentor, que ficará registado na história desta província como o antes o depois da sua governação. O seu projecto, está assente em quatro premissas, designadamente: a recuperação de edifícios públicos e do sistema viário, a macrodrenagem e a recuperação da capacidade instalada do sistema actual de abastecimento de água que serve a faixa litoral, mas, de igual modo, acções de reabilitação de estradas, construção de escolas, hospitais e postos de saúde, esquadras policiais e instalação de sistemas de geração de energia e distribuição de água nos demais municípios do interior, em apenas três anos e oito meses de gestão (Março de 2021 a Novembro de 2024).
Luís Nunes, que chegou a Benguela num período sócio-económico crítico do pós-Covid, deixou claro que “nesta jornada, de crescimento, cada passo dado, foi realizado com confiança, e determinação” justificando, que “em cada obra, em cada política, em cada decisão, o bem-estar dos benguelenses esteve sempre à frente, e foi por isso necessário nalgumas vezes, assumir contrariedades e falta de soluções imediatas, mas sempre com a convicção de que, os resultados seriam uma realidade na vida das comunidades abrangidas, e não seriam resultados efémeros, mas sim, soluções duradouras e impactantes”.
O ex-governador de Benguela assegurou que “nestes anos de governação, o nosso foco, foi sempre as pessoas, e o nosso empenho emergencial foi para concretização de medidas com impacto directo na resolução dos constrangimentos reais, do dia a dia, das nossas populações”.
Em sectores essenciais, como a saúde e a educação, disse Luís Nunes, “lançámos as bases, para que, cada cidadão, tenha melhores condições de vida”. Para o efeito, o seu Governo reformou e ampliou unidades de saúde, criou mais oportunidades e condições para alunos e professores. De igual modo, foram implementados diversos programas de apoio directo às comunidades vulneráveis.
MOTOR ECONÓMICO E SUSTENTÁVEL DE ANGOLA
No sector económico, referiu ainda Luís Nunes, foram dados “passos importantes para a diversificação e crescimento, incentivando o desenvolvimento agrícola e as pescas, impulsionando deste modo, o empreendedorismo local”.
Prosseguindo, Luís Nunes reconheceu que “muito ainda há a ser feito para que cada benguelense veja mudanças concretas no seu dia a dia”. Contudo, acredita “que as bases que construímos, são sólidas”, e tem plena “confiança, de que, o trabalho que iniciámos, resultará em soluções definitivas”.
Referindo-se concretamente à prioridade que concedeu ao domínio das infraestruturas, Luís Nunes disse que o seu Governo trabalhou “para melhorar estradas, redes de abastecimento e serviços essenciais”, investimento realizado com o objectivo de “assegurar um ambiente favorável à integração de sinergias, com destaque para a concretização, do Projecto do Corredor do Lobito, constituindo Benguela como um motor económico e sustentável de Angola”.
DEIXO BENGUELA COM UM CORAÇÃO GRATO
Sobre o seu sucessor Manuel Nunes Júnior, o ex-governador Luís Nunes considerou a escolha “merecedora de confiança”, reflectindo “a atenção e o compromisso do Presidente da República para com o desenvolvimento de Benguela”. E disse estar certo do seu sucesso, “conduzindo Benguela com o mesmo compromisso e responsabilidade, mantendo a atenção nas reais necessidades dos cidadãos, com o foco na contínua melhoria das suas condições de vida”.
Luís Nunes manifestou a convicção de que “esta transição trará novos passos e novas oportunidades”, pelo que, lançou um “apelo a todos os cidadãos, para continuarem a apoiar este caminho, unidos e determinados”. A força que move Benguela, complementou, “é a força de cada cidadão, e juntos, podem continuar a construir uma província cada vez mais próspera e justa”.
A parte final da sua intervenção foi dedicada a agradecer a cada uma das instituições, organismos públicos e privados “que trabalharam incansavelmente em parceria com o seu Governo”. Esse sentimento de gratidão, foi extensivo aos parceiros sociais, entidades religiosas, autoridades tradicionais, aos órgãos de defesa e segurança pública, de comunicação social, serviços de proteção civil e bombeiros, INEMA, e toda a sociedade civil.
A classe empresarial, pela confiança, pelas parcerias e pelo apoio, também foi enaltecida por Luís Nunes que considerou que nessa classe “reside a base do desenvolvimento económico, que tanto almejamos”. Para ele, “foi inspirador trabalhar, ao lado de líderes que não medem esforços para erguer Benguela, com ética, inovação, responsabilidade e coragem, a mesma coragem com que investem e acreditam no potencial da nossa terra”.
A equipa governativa que esteve sempre ao seu lado foi igualmente exaltada. Foram vocês, justificou Luís Nunes, “que dia após dia, enfrentaram comigo, todos os desafios”. E considerou que “as vitórias alcançadas e celebradas e as dificuldades superadas, só foram possíveis graças à força e à dedicação de cada um”.
Luís Nunes ressaltou que “não foi uma caminhada fácil, e ninguém, disse que seria”, clarificando, no entanto, que “foi um percurso marcado por trabalho árduo, união e senso de dever que transcende qualquer cargo, que só foi possível, porque formamos uma família, a família Governo Provincial de Benguela”.
O ex-governador expressou, finalmente, o sentimento de que deixa “Benguela com um coração grato, repleto de memórias” que pretende guardar para sempre. “Ainda que a missão me leve para um novo desafio, saibam que cada palavra e cada acção que construímos juntos, continuarão a ser para mim motivo de inspiração” – concluiu.