O “terrorismo” e a ocupação israelita

Por: Milleni Freitas Rocha*

Essas ONGs têm carácter civil e de defesa dos direitos humanos, como por exemplo, a defesa internacional da criança palestiniana, a defesa de palestinos que são prisioneiros políticos e a defesa da prática da agricultura pois a anexaçãode terras de palestinos são violações constantes na Cisjordânia ocupada. Ao considerá-las terroristas, Israel autoriza os contínuos ataques militares às populações civis nos territórios da Cisjordânia, hoje ocupada militarmente pelo exército e por colonos israelitas na sua maioria religiosos e da extrema direita. 

Milleni Rocha

Em 2016 a Knesset (parlamento israelense) aprovou a Lei de Terrorismo, cujo texto abre brechas para considerar organizações civis de palestinos como terroristas, o que torna o quadro ainda mais complexo e quase irreversível.

Essa região de Israel-Palestina sofre com constantes atentados, seja por fundamentalistas israelitas ou palestinos. Os ataques são frequentes e assombram a população civil israelita e palestina. Ou seja: qualquer medida antiterror tem um apelo forte entre a população, ainda mais a conservadora. 

Esse novo governo foi formado com uma coligação para opor-se ao Likud (partido do ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu) e tem pela primeira vez a participação de árabes, de representantes da esquerda israelita, mais especificamente do partido Meretz. Esse governo foi uma promessa um pouco mais progressista que os governos anteriores em relação aos palestinos. Entretanto, essa semana foi aprovada um repasse de verba de 200 milhões de Shekels com destino aos assentamentos ilegais de colonos israelitas na Cisjordânia.

Com o acirrar dessas tensões poucos meses depois dos ataques em Gaza (Maio de 2021) após a polêmica em torno das expulsões de palestinos no bairro de Sheik Jarrah, no período de transição da coligação liderada por Netanyahu para o atual primeiro Naftali Bennett, mostra-se que esse “governo de mudança” aprofunda desigualdades das condições de palestinos e reitera uma ordem já conhecida sobre o “terrorismo”, que estigmatiza grupos políticos que lutam por direitos e transforma em criminosos aqueles que escolheram lutar por justiça social. 

Especial para o Kesongo

Mestrada em Sociologia na Universidade Federal Fluminense, bacharel em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

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