JAcQUEs TOU AQUI!

A respeito dos Cinquenta Anos da Independência de Angola, vão acontecendo aqui, na antiga capital do Império Português, coisas interessantes, no domínio cultural. Não fossem as dificuldades que ainda manifesto na movimentação das minhas pernas estaria em todas. A lesão do tendão, no meu calcanhar de Aquiles, é de difícil cura. Mas, apesar de tudo, estou bem melhor hoje, muito mais do que ontem.
Há cinema e livros, conversas e debates, comida, cerveja cuca, coisas boas! Bela ideia, a do Seminário Internacional que se realiza na Biblioteca Nacional e abarca temas importantes. Falou-se, fala-se, irá falar-se nestes dias de festa, em Luta anticolonial, Independência e Democracia. Há cinema a ser mostrado, no Palácio Baldaya na Estrada de Benfica, houve encontros de escritores, com gente a falar e a querer saber de Angola, da nossa situação, da nossa luta “incabável”.
No passado dia 21, quarta-feira, esqueci-me do Aquiles e da dor do calcanhar para viver uma experiência interessante. Fui acompanhado pela escritora Branca Clara das Neves e pelo engenheiro Simão Cacete, que já foi candidato à Presidência de Angola, nas eleições de 1992. Um orgulho, ter a meu lado compatriotas deste quilate! Sem grandes formalismos fomos recebidos pela doutora Regina Queiroz, ela também angolana, sobrinha do grande Viriato da Cruz. Propusemo-nos trocar ideias com alunos portugueses da turma do terceiro ano do Curso de Estudos Europeus e Relações Internacionais, da Universidade Lusófona – Centro Universitário de Lisboa. Em boa hora, porque vivemos todos uma magnífica experiência que nos possibilitou constatar entre coisas boas, o desconhecimento que os jovens portugueses têm não apenas do passado colonial que aproximou Portugal aos africanos, nomeadamente aos angolanos, mas também ao vazio que têm sobre o papel desempenhado pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a muito conhecida CPLP, na ambicionada relação estreita entre os povos ditos lusófonos. Fica apenas este registo ilustrado por duas fotografias e a certeza de que este tipo de encontros, poderiam realizar-se nos vários países que integram a Comunidade. Muitos benefícios poderiam retirar-se deles.
Hoje, sexta-feira, continuarão as conferências e os encontros. Verei o que me calha em sorte, o que poderei apreciar ao vivo. Espero que o dia seja auspicioso e a maré de cultura que vaga, me traga a sorte de conhecer coisas que ainda desconheço. Na verdade e apesar dos pesares, têm acontecido coisas muito interessantes, durante esta minha longa estadia em Portugal.
Com o meu habitual cumprimento, agradeço a vossa atenção e espero-vos no domingo de manhã, à hora do matabicho.
Lisboa, 23 de Maio de 2025
