SONANGOL APOSTA NA CADEIA INDUSTRIAL DE GERAÇÃO DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

A Sonangol está a avaliar a sua participação na implementação de um projecto da cadeia industrial de energia solar fotovoltaica para a produção de painéis em Angola, utilizando como matéria-prima o minério de quartzo.

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Para o efeito, segundo uma nota de imprensa tornada pública pela sua Direcção de Comunicação, Marca e Responsabilidade Social, rubricou sexta-feira (19) um Memorando de Entendimento com a empresa chinesa Qinghai Lihao Clean Energy, que poderá levar à constituição de uma parceria nesse domínio, que iniciará  a transformação de 50 mil toneladas de silício metalúrgico por ano, com perspectiva de expansão da capacidade para as 180 mil toneladas.

De acordo com a nota, o acordo abre caminho para que, dentro de alguns anos, Angola conte com uma indústria de painéis solares assente na exploração de quartzo, bem como na produção de silício metalúrgico e polisilício para painéis solares, uma área do sector da produção de energia limpa que tem conhecido maior dinâmica no país nesta década.

Alinhado ao princípio de retenção dos minerais referidos, evitando a exportação sem os benefícios da sua transformação, uma indústria de painéis solares desempenharia, como refere a nota, um papel chave na estratégia de transição energética, considerando a grande importância da energia solar no processo.

Pela Sonangol, o Memorando de Entendimento foi assinado pelo seu PCA, Gaspar Martins, e pela parte da empresa chinesa Qinghai Lihao Clean Energy, pelo seu CEO Wang Fu.

Destacamos que o Executivo angolano prevê investir 12 mil milhões USD para implementação do Plano de Acção do Sector de Energia 2023-27, com o objectivo de dar continuidade a diversificação do “mix energético” de formas a incorporar pelo menos 72% de energias renováveis, dos quais 1,2 gigawatts de fonte solar, e atingir a taxa de electrificação de 50% até 2027.

Na sua edição de 10 de Maio, o semanário Expansão, citando o secretário de Estado da Energia, Arlindo Carlos, na abertura do II Fórum Energia e Ambiente promovido por esse órgãos de comunicação, prevê-se que o projectos de construção de parques solares fotovoltaicos sejam concluídos nos próximos anos, e que estas centrais contribuirão para aumento da capacidade instalada de geração de solar fotovoltaica em 584,5 megawatts injectados à rede de 90 megawatts com 25 megawatts de armazenamento com baterias. Logo, faz sentido essa visão do Conselho de Administração da Sonangol de investir na transformação de silício metalúrgico e polisilício para produção de painéis solares, porque têm sido importados.

Dados disponíveis nas plataformas de comunicação do Ministério da Energia e Águas (MINEA indicam que até 2022 entraram em funcionamento as centrais fotovoltaicas do Biópio com cerca de 188 megawatts e da Baía Farta (ambas em Benguela) com cerca de 97 megawatts, este ano a central de Saurimo, na Lunda Sul, com capacidade de 26,9 megawatts que contribuem com um pouco mais de 4% da matriz pública de produção de electricidade.

Essa aposta, citamos o MINEA, permitiu já uma economia anual de 3 milhões toneladas de combustíveis fósseis, e consequentemente, uma redução de emissões de dióxido de carbono na ordem de 9 milhões de toneladas.

Recordamos, entretanto, que em Junho deste ano, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, anunciou durante o encontro de trabalho com os líderes das empresas do sector, subordinado ao tema “Objectivos, Metas, Acções e Principais Projectos do Sector definidos no Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN 2023-2027), que a Sonangol tinha a exploração e produção do minério quartzo entre as prioridades da carteira de investimentos, no quadro do seu programa de transformação para a comercialização de energias limpas.

O ministro Diamantino Azevedo sustentou a nova directiva em função das constantes solicitações, por parte de empresas estrangeiras interessadas em explorar o mineral utilizado no fabrico de painéis dólares para produção de energia fotovoltaica, em composição com o silício.

A existência de reservas comerciais de Quartzo, de acordo com o titular do MIREMPET, constitui uma garantia para o país aumentar as fontes de receitas, mas o novo paradigma da economia deve primar pela transformação das matérias-primas e exportar produtos refinados no sentido de fomentar o emprego e maximizar os lucros.

Em Maio de 2023 como resultado de um consórcio (Solenova) com a petrolífera italiana ENI, a Sonangol procedeu a entrega da primeira Central Fotovoltaica angolana no Caramulo (Namibe), primeira fase, com uma potência instalada de 50 MW, que empregou mais de 400 habitantes daquela província que fazem parte da gestão diária do referido sistema, o que se traduz num impacto social significativo.

Prevê-se que no período de funcionamento esta Central reduza em cerca de 50 mil toneladas de emissões de CO2 e produza energia limpa pelo menos durante 25 anos. E com a menor necessidade de recorrer à utilização de gasóleo, estima-se que o Estado angolano possa a poupar, só nesta primeira fase, cerca de 28 milhões de dólares por ano.

ENERGIA SOLAR: 100 MW ATÉ 2025

Informação disponibilizada pelo MINEA dá conta que Angola tem um elevado potencial de recurso solar, com uma radiação solar global em plano horizontal anual média compreendida entre 1.350 e 2.070 kWh/m2/ano. Este é o maior recurso renovável do país e o mais uniformemente distribuído.

A tecnologia mais adequada para aproveitar o recurso solar em Angola é a produção de electricidade através de sistemas fotovoltaicos, sendo a tecnologia de mais rápida instalação (prazos inferiores a 1 ano) e menor custo de manutenção. A utilização de baterias em conjunto com os sistemas fotovoltaícos permite substituir totalmente a geração térmica, mas é ainda uma tecnologia muito onerosa justificando-se economicamente apenas para soluções de pequena dimensão descentralizadas e onde o custo de transporte do diesel é muito elevado. Nos restantes casos, os sistemas fotovoltaicos sem baterias permitem reduzir a utilização de gasóleo com rentabilidade económica funcionando de forma complementar aos geradores.

Os projectos de média e grande escala no sistema leste e em sistemas isolados – sem baterias – apresentam em Angola custos nivelados inferiores a $0,2/kWh, constituindo já alternativas económicas para substituição de gasóleo. No sistema Centro e Sul, é possível inclusive atingir custos inferiores a $0,15/kWh e, se durante os anos iniciais os projectos forem remunerados ao custo do gasóleo que evitam, o custo nivelado desce para valores inferiores a $0,1/kWh após o 3º ano. Prevê-se, adicionalmente, que os custos da tecnologia continuem a cair.

Com base nestes resultados, a Estratégia  do Executivo angolano estabeleceu uma meta de instalar 100 MW de projectos solares até 2025. O estudo realizado de planeamento da electrificação rural (apresentado como primeira parte desta estratégia) permitiu identificar potencial para integrar 22 MW de projectos solares fotovoltaicos nos esforços de electrificação rural: 10 MW nas aldeias solares, 10 MW de forma complementar ao gasóleo nas sedes de município electrificadas por sistemas isolados e 2 MW no projecto 100% solar de Rivungo.O mapa seguinte apresenta o atlas do recurso solar, os inúmeros locais identificados com potencial para instalação de vários GW de projectos solares fotovoltaicos e os locais seleccionados para a instalação dos 78 MW ligados à rede, em projectos de média e grande dimensão, necessários para perfazer a meta de 100 MW. Estes locais foram seleccionados pelo seu menor custo nivelado de energia e encontram-se essencialmente no Centro e Sul do país.

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