RESPOSTA A UMA PERGUNTA SOBRE A CIMEIRA EMPRESARIAL EUA/ÁFRICA

O marketing é muito importante, quando temos a casa organizada, mas não quando se esconde o lixo por debaixo do tapete, nem temos o trabalho de casa feito.

MARIA LUÍSA ABRANTES

Fizeram-me hoje o seguinte pedido:

“Maria Luísa, quero ouvir a tua opinião sobre esta Cimeira que decorre em Luanda”. 

Aqui vai a minha resposta: 

Dos 54 Chefes de Estado africanos, os 10 Presidentes que vieram à Cimeira EUA/África que está a decorrer em Luanda são novos, ou seja, estão no poder há pouco tempo.  Os outros, mais antigos, que já tiveram a oportunidade de participar em Conferências do CCA e sabem que daí não levarão nada mais que compras de equipamentos, ou de serviços, com endividamento para os respectivos países e nada mais, não vieram. 

A representação da Câmara Americana do Comércio em Angola (AMCHAM) colaborou, mobilizando patrocinadores, que são empresas que operam em Angola. Com o dinheiro dos patrocínios, é que o CCA tem pago o local do evento e a organização, quando faz esses encontros a cada 2 anos nos Estados Unidos. Aliás, o cálculo do valor a gastar com o local e logística para o evento, é, por norma, o valor total que se solicita aos patrocinadores para cobrir essas despesas.  As entradas, cada uma a 2.200,00 dólares por participante, com desconto de 20% para os trabalhadores do Estado e membros da AMCHAM, seria o lucro e é bastante.

Porém, o Executivo angolano, cujos assessores do PR são muito limitados, decidiu pagar tudo (local do evento e logística) e não me surpreenderia, que tenha incluído o alojamento e o transporte internamente dos membros do CCA e do governo. Protocolarmente, os únicos engajamentos que seriam obrigatórios, eram a segurança e o transporte apenas dos membros do governo. 

De resto, a Cimeira empresarial não trará investimento directo (de risco), não só porque a CCA não tem a força da Câmara Americana do Comércio, embora tenha todo o seu apoio, por se tratar de uma ONG americana, mas, sobretudo, porque não há ambiente para tal. Infelizmente, também não deixarão um cêntimo na hotelaria local. Os contribuintes angolanos ficarão com os bolsos mais rotos e os membros do CCA (entidade de um privado), partirá com os bolsos cheios e com a recordação do bem que passaram na Marginal de Luanda. 

O marketing é muito importante, quando temos a casa organizada, mas não quando se esconde o lixo por debaixo do tapete, nem temos o trabalho de casa feito. Tanto criticaram o Presidente José Eduardo dos Santos, por permitir a contratação da CNN, num momento em que havia de verdade um clima propício à atração do investimento estrangeiro directo, com crescimento do PIB de 15%, que tudo fizeram para sabotar. Organizemo-nos primeiro, sem pretensão de apenas de querermos aparecer. Com filtro, qualquer um fica bem na fotografia. A Marginal de Luanda não representa a Angola profunda, que necessita de desenvolvimento urgente. 

Por via do link que segue, pode-se aceder ao texto que escrevi sobre o encontro: https://marialuisaabrantes.com/cimeira-estados-unidos-africa/

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