O PRINCIPAL SUPORTE DO MPLA NO PODER É A COMUNICAÇÃO SOCIAL

MARIA LUÍSA ABRANTES

Circula nas redes sociais, um vídeo sobre a intervenção da CIA na independência de Angola, e sobre essa matéria gostaria de aclarar o seguinte: 

Quem fez o MPLA que temos hoje dentro da Angola, foram os jovens que estavam dentro do país, liderados por intelectuais, de 1974 até 1975, (após o 25 de Abril em Portugal). 

Quem esteve na frente de combate na província de Luanda, foram essencialmente os jovens que viviam na capital. Não foram os autodenominados “do máqui”. Mas, já nessa altura, não foram os poucos do MPLA fragmentado, que vieram, que serviram de carne de canhão,  à entrada de Luanda. Se for mentira, digam os nomes. Até o falecido Comandante Kassanji, desaparecido mais tarde em combate contra os sul-africanos na província de Benguela (que segundo versão de quem esteve no recuo, foi assassinado com um tiro a queima-roupa disparado pelo comandante das tropas cubanas, o general Arguelles, por se recusar a destruir uma ponte sobre o rio Keve, no Cuanza Sul) não era do tal “maqui” (RDC, Congo Brazaville, Zâmbia, Argélia, matas da 1ª Região, nos Dembos, etc.). Saído de Portugal como pára-quedista, ‘fugiu’ para participar na luta de libertação em 1972. Mesmo assim, desde então, os tais “do maqui”, até para falar, propunham alguém “do maqui”, porque sabiam que a imagem e a voz é que têm força. Uma prática que se mantém até hoje. Só aparece na média oficial quem eles escolhem

É exactamente por isso, que aparece no vídeo a Sra. Ruth Mendes, que pouco fazia. Trabalhava no Ministério da Defesa, mas só ia quando lhe apetecia, uma prática que era comum da parte de todas as esposas dos comandantes “do maqui” aí colocadas. Várias vezes, era o próprio ministro da Defesa, Iko Carreira, quem mandava emissários à casa dela, no Bairro do Saneamento, para perguntar por que razão não aparecia no local de trabalho. 

A maioria os “heróicos” comandantes que vieram “do maqui”, aparentemente, só estavam habituados à luta de guerrilha (escondidos). E isso ficou claro no 27 de Maio, quando ficaram assustados, encurralados, a andar de um lado para o outro, (com medo de sair), na varanda do Ministério da Defesa. Nesse fatídico dia, quem ainda assim, “do maqui”, que teve coragem de sair, mas só atrás da linha de protecção dos efectivos militares cubanos, mas comandando jovens da capital, para retomar a Rádio Nacional de Angola, quando os blindados saíram, foi o comandante Onambwé. Nem foram os tais comandantes, os tais “famosos terríveis do maqui”. Ele era o segundo homem na linha de mando da Segurança de Estado, mas também não foi o chefe dele. Verdade, seja dita. Com ele foram jovens que o MPLA encontrou em Luanda e que se ofereceram para integrar as FAPLA. 

Tal como os jovens de então defenderam Luanda, dando abertamente o peito as balas para obtermos e proclamarmos a independência, os mesmos jovens de uma nova geração, derrotaram o MPLA na província de Luanda nas eleições de 2022. Porque após utilizados e sucessivamente enganados, sentem que, de novo, são a força determinante para a mudança. E o exemplo de Luanda, pode ser replicado no resto do país, apesar da utilização dos meios de comunicação públicos como arma para reprimir ou distorcer a verdade. 

Até quando? A dura realidade, assente na fome e na miséria, poderá encarregar-se de acelerar o fim!

Legenda da foto: Artistas como Santocas, Urbano de Castro, David Zé e outros, foram importantes na implantação popular do MPLA em Luanda, criando e interpretando músicas revolucionárias de intervenção. Mas muitos deles não foram poupados e acabaram assassinados pela máquina repressiva durante e após o 27 de Maio.

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