ENTRETANTO, EM GAZA… (1)

O Sionismo desafia o Mundo com o seu desrespeito pela vida humana e fecha um ciclo da sua história, assumindo plenamente a sua natureza Nazi.

LUÍS BERNARDINO

A Faixa de Gaza é um dos locais mais densamente povoados do Globo, com uma área total de 365 Km2 (45 km de comprimento e 6 km e 12 km de largura no Norte e no Sul, respectivamente) alojando uma população de cerca de 2.3 milhões. Gaza tem estado sob ocupação israelita desde 1967, e efectivamente sob um bloqueio completo desde que o Hamas ganhou as eleições em 2006. Desde então, Israel tem controlado completamente o movimento de pessoas e imposto restrições severas a tudo o que pode entrar e sair no território. Isto, associado ao encerramento da fronteira Sul de Gaza com o Egipto, criou uma crise humanitária crónica muito antes da guerra iniciada a 7 de Outubro de 2023, com aproximadamente 80% da população dependente da ajuda humanitária através do Plano de Resposta Humanitária OCHA 2023. Devido à crónica falta de espaço (agravada pela ocupação e pelo bloqueio), as áreas povoadas de Gaza não podem expandir-se horizontalmente, ficando como única opção promover a construção na vertical, o que aumenta a densidade populacional. Desde 2006, Gaza tinha sofrido cinco guerras, com destruição significativa da propriedade civil e privada, e largas áreas ainda aguardam reconstrução. 

FACTSHEET December 2023, Handicap International 

7 de Outubro de 2023: operacionais do Hamas penetram o Sul de Israel armados e deslocando-se em vários tipos de transporte civil: matam 1200 pessoas, entre civis e militares e trazem sequestradas 200 pessoas para a faixa de Gaza.

10.10.2023: O ACTUAL CONFLITO NA PALESTINA EXORCIZA OS DEMÓNIOS COLONIAIS

A retaliação bíblica de “olho por olho, dente por dente” tem redundado nos últimos decénios de confrontação entre israelitas e palestinianos na prática, por parte de Israel, da variante de 10 (ou 100 ou 1000?) olhos palestinianos por um olho israelita. Os números na fronteira do Líbano em 2006 (com destruições no terreno que levariam anos a repor), em Gaza em 2014 e em 2021 (com igual destruição), assim como o que se passa no dia a dia na Cisjordânia (onde os fanáticos sionistas já deliberadamente inviabilizaram a criação de dois Estados em favor dum grande Israel) dão conta da morte de milhares de palestinianos (muitas crianças ) contra a perda de israelitas cujo número se pode contar pelos dedos da mão.

O facto que desta vez as mortes em Israel se cifrarem excepcionalmente em cerca de 1200 não nos deixa infelizmente dúvidas de que a carnificina que punirá os palestinianos não cessará antes da retaliação sobre dezenas de milhar de vítimas. Tal é a dialéctica racista do colonialismo sionista, que hierarquiza o valor das mortes, consoante se trata dum “indígena” ou dum “colono”. Este racismo, que constituiu uma constante do domínio colonial através da História, mantém-se infelizmente como um traço ideológico nas sociedades Ocidentais, mesmo que encoberta a frio pelo politicamente correcto nas sociedades pós-coloniais. Mas em dramas como o presentemente vivido no Médio Oriente, veio ao de cima, não só nos centros de poder da América e da Europa (para quem conta muito, também, a geoestratégia), como nos meios de informação que controlam a opinião pública desse países, o claro favoritismo, teórico e, hélas, prático que lhes merecem os colonialismos, ainda que tardios, as análises eurocentristas de como se deve organizar (ou desorganizar) o Mundo, a indiferença racista perante os direitos e o sofrimento de populações com que não se identificam, a aprovação da ampliada violência de guerra “civilizada” dos aliados do Ocidente e o silenciamento da humilhação, sofrimento e morte de milhares de pessoas, cuja desesperada reacção é prontamente etiquetada de “terrorismo”.

O QUE MOVEU O HAMAS?

Certos comentadores e correspondentes de guerra explicam a acção violenta do Hamas em 7 de Outubro como forma de inverter o esquecimento da questão Palestina, pela estratégia israelo-trumpiana dos acordos de Abraham, em que a religião é mais uma vez instrumentalizada junto de regimes árabes autocráticos que cinicamente se vão dispondo a pactuar, à volta de negócios, com Israel, esquecendo o drama dos palestinianos. Para António Guterres e grandes intelectuais judeus e não judeus, que conhecem a realidade de Gaza e da Cisjordânia, as motivações de Outubro são mais profundas, e cristalizam a revolta e o desespero da população, outrora senhora das terras da Palestina, e agora acantonada pelos sionistas em campos de concentração, como é Gaza e vão gradualmente sendo as pequenas Gazas com que os colonos Israelitas estão a retalhar a Cisjordânia. Mas a verdade é que o conflito resultante, e a tragédia que se adensa, trouxeram à superfície as realidades que acompanharam a implantação do estado de Israel, actualizaram a história do contranatura e monstruosidade de refazer um Estado que tinha sido extinto há 20 séculos, através da mais recente empresa colonial, e todo o seu cortejo de imensa destruição e sofrimento humano.

FACTOS QUE ESTAVAM ESQUECIDOS

O APOIO DOS NAZIS À CAUSA SIONISTA

Em 21 de Junho de 1933, a Federação Sionista de Judeus Alemães encaminhou um memorando de apoio ao partido Nazi, afirmando que : “…um renascimento da vida nacional como o que ocorre na Alemanha deve ocorrer também com o grupo nacional judeu. Sobre as bases do novo estado nazi que se estabelece sobre o principio da raça, desejamos também enquadrar a nossa comunidade…”Estava feita a aproximação para conseguir a ajuda e financiamento do Terceiro Reich para implantar o projecto Sionista de Theodor Herzl de 1896, através dum acordo assinado em 25 de Agosto de 1933 entre a Federação Sionista de Judeus Alemães, o Banco Anglo- Palestino (dirigido pela Agência Judaica) e as autoridades políticas e económicas do Terceiro Reich. Este pacto nazi-sionista permitiu a imigração de aproximadamente 60.000 judeus da Europa para a Palestina, entre Agosto de 1933 e Setembro de 1939, quando teve inicio a segunda Guerra Mundial (um cínico diria que este foi o expediente que o Estado Nazi encontrou para se livrar de Judeus – promovendo e apoiando a sua emigração para “as colónias”).

6 MILHÕES DE MORTOS NO HOLOCAUSTO: O NÚMERO JÁ TINHA SIDO FIXADO NO INICIO DO SÉCULO!

Entre 1918 e 1921 mais de 1.100 acções violentas vitimaram 100.000 judeus na área que é presentemente a Ucrânia. Esta violência em tão larga escala criou receios sobre a vida de 6 milhões de judeus através da Europa, que estavam em risco devido a este ódio anti-semita. Entre os que faziam estas terríveis previsões, incluía-se o escritor Anatole France; menos de 20 anos depois, estes receios vieram a materializar-se (The Times of Israel, 23.12.2013).

SE NÃO ESTÁ INFORMADO, CALE-SE!

Esta admoestação está contida num recente vídeo divulgado no Youtube, e é proferida por Norman Finkelstein a, nada mais nada menos que … Bernie Sanders. Finkelstein é um eminente intelectual Judeu, cujos pais estiveram nos campos de concentração nazis, mas cuja decência e integridade o têm feito denunciar a maneira como os sionistas usam o Holocausto (a indústria do Holocausto, como escalpeliza no seu livro) explorando o sofrimento dos judeus com extorsões a vários governos que revertem em favor da empresa colonial na Palestina. Finkelstein foi um apoiante de Sanders nas eleições americanas, mais uma razão para não perdoar a sua afirmação ignorante, em favor do veto americana no Conselho de Segurança das NU para uma pausa humanitária na guerra da Palestina, usando o argumento dos ocidentais de que “Israel não pode parar a guerra, porque o Hamas quer destruir Israel”. Vale a pena procurar no Youtube a informação histórica e sociológica que Finkelstein fez sobre Gaza e a sua sofredora população, sobre o início do bloqueio logo que, em 2006, o resultado das eleições democráticas na Palestina, colocou Hamas como vencedor, as tentativas de negociação do Hamas com Israel, a que estes responderam, a certa altura, com o assassinato do interlocutor das negociações. Na verdade, o Hamas representa o povo palestiniano. A violência do Hamas é alimentada pelo desespero da população, como o levantamento judeu no gueto de Varsóvia o foi contra os nazis. E o terrorismo (bem definido)? É a arma da parte mais fraca do conflito. Foi usada pelos judeus nos anos 40 contra a autoridade britânica na Palestina. Finkelstein provou a Sanders (e a toda a gente de boa vontade), que não é o Hamas que quer destruir Israel, mas é Israel que o quer destruir, porque o vê como o único movimento que reage activamente contra o apartheid Israelita. Se, face à grande identificação do Hamas com o Povo Palestiniano, destruir o Hamas – como é o proclamado objectivo das hordas de Netanyahu – implica sacrificar todos os palestinos, como é o que está a ser feito, assim seja – esse é o culminar do projecto sionista, aniquilar os habitantes, ou expulsá-los para os países vizinho, implantando o grande Israel.

PORQUE É QUE MESMO UM POLÍTICO COMO SANDERS ESTÁ MAL INFORMADO?

Em 2021 a sondagem Gallup demonstrava que 75% dos americanos eram muito ou bastante favoráveis a Israel. Trata-se dum bom indicador do grau de informação que o contexto cultural e político proporciona ao cidadão americano médio, reflectindo os pontos de vista veiculados pelos grandes meios de comunicação , nomeadamente as televisões, os grandes jornais, a rádio e os circuitos online. O fenómeno é mundial: há, em todo o globo uma centralização das noticias e das imagens de todo o Mundo, e um tratamento selectivo, de acordo com uma bem definida estratégia política (inteligente o suficiente para fazer algumas concessões tácticas, em nome da aparência de imparcialidade). O mesmo monopólio se encarrega de distribuir os conteúdos pelas agências do mundo ocidental e na hora das notícias e dos comentários todas as pessoas, em todos os países têm a mesma informação e as mesmas interpretações, O que o cidadão médio tem do Mundo não é uma representação da realidade, mas sim a alucinação montada pelo Big Brother. Alguma fonte fora da sua alçada é prontamente silenciada, como se tem visto desde o inicio da guerra na Ucrânia.

Ora, segundo a publicação Brasileira “Olho no Texto”, são as corporações judaicas do grupo Rothschild essa agência controladora dos mídia mundial, seleccionando 96% dos conteúdos dos mídia através de basicamente 4 empresas:

(1) Disney, a maior empresa de mídia do mundo, controlado pelos banqueiros Rothschild, comanda empresas como a Hollywood Pictures, Caravan Pictures, mais dezenas de empresas de cinema e teatro, dezenas de cadeias de TV, centenas de publicações, nos EUA e em todo o Mundo;

(2) The Warner, conhecida como Time Warner, é propriedade dos Rothschild e controla dezenas de cadeias de TV, p.ex. a CNN, dezenas de redes de cinema (Warner Brothers) e cinema de animação em vários países, centenas de publicações em Inglês, Espanhol e Francês e outras línguas, como o Português (Fortune, p.ex.); a Dodge & Fox, que controla Hewlett Packard e Novartis, parece à primeira vista uma corporação independente, mas os seus accionistas convergem novamente na família Rothschild;

(3) Century Fox (News and Corporation), o grupo do Australiano Rupert Murdoch, detentor de cadeias televisivas (p.ex. Sky), imensos jornais(Wall Street Journal) cadeias desportivas, do Dow Jones Investor Bank – tem como maior investidor a JPMorgan Chase &Co., ligada a Sionistas e à família Rothschild, a Invesco Ltd e a Waddell & Reed Financial Inc., também ligado à família Rothschild;

(4) CBS e Viacom, o maior conglomerado de midia do mundo, com interesse principal, mas não se limitando, ao cinema e televisão por cabo; o seu universo é imenso (Paramount Pictures, CBS News, várias editoras; os seus investidores são Capital Mundial Investors- Rothschild, Vanguard, American Express e outros grupos Rothschild:

Para o Americanos, como para os cidadão da esfera controlada e satelizada pelos EUA, podemos dizer que a imagem do Mundo é uma alucinação Rotschildiana!

Dezembro, 7 : “Os analistas militares afirmam que a destruição no Norte de Gaza em menos de sete semanas atingiu a causada pelos anos de bombardeamento das cidades alemãs durante a Segunda Guerra Mundial.

Diz Robert Pape, um historiador militar e autor dum fundamental estudo sobre as campanhas de bombardeamento no século XX, que o nome de Gaza se juntará aos de Dresda, Hamburgo e Colónia, como os locais denotando uma das mais intensas campanhas de bombardeamentos da História (Financial Times).

UMA ALUCINAÇÃO ROTHCHILDIANA

12 de Dezembro : a Assembleia Geral das Nações Unidas

Face à tragédia humanitária de Gaza é convocada pelo Secretário Geral, para debater uma moção a favor de um cessar fogo humanitário, imediata libertação incondicional dos reféns, e estabelecimento de acessos humanitários”. Esta moção teve o apoio de 153 governos, a abstenção de 23, e o voto contra de 10, encabeçados pelos EUA e Israel.

Ouvimos a noticia nessa noite na emissão da TVI e da CNN de Portugal, acompanhada pelas declarações proferidas nos debates … de que participantes na Assembleia? Adivinhou! : só foram transmitidas as declarações dos representantes da minoria de 10, EUA e Israel. Nenhum dos 153 representantes da maioria mereceu essa honra!

Esta síntese para o público do que, para a CNN e não só, foi o mais relevante do que se passou na reunião mundial das nações é um bom exemplo de alucinação Rotschildiana!

16.12.2023 : Quase metade das munições que Israel está a usar para bombardear pelo ar a Faixa de Gaza não são munições de precisão, segundo noticiaram a estação de televisão CNN e o diário The Washington Post. A avaliação do gabinete que junta os serviços secretos nacionais (DNI na sigla em inglês) é de que entre 40 e 45% das 29 mil munições ar-terra que Israel usou na Faixa de Gaza não eram munições de precisão. Se o uso de munições que causam mais perigo para civis, em especial em zonas tão densamente povoadas, for da dimensão que está estimada pelos EUA, isso põe em causa a afirmação repetida por Israel de que está a ser preciso nos ataques e a fazer os possíveis para evitar mortes de civis, diz a CNN com base em conversas com peritos (O Publico, Lisboa).

“OS TERRORISTAS USAM A POPULAÇÃO COMO ESCUDO HUMANOS”

No vocabulário da versão Rotschildiana que ouvimos diariamente nos mídia destaca-se esta afirmação que importa descodificar:

A designação de “terrorista” tem sido aplicada há vários anos a todos os movimentos de libertação colonial, como aconteceu em África e nas colónias portuguesas. Aparentemente, qualquer acção musculada contestando a ordem colonial era considerada “terror”, mas a certa altura passa a ser um “insulto de estimação” a aplicar-se indiscriminadamente aos nossos inimigos em geral, e vimos utilizá-la pelo governo Ucraniano relativamente aos contestatários nas províncias de Leste.

Mas agora, na Palestina, o “terrorista” é, na retórica de Israel e da informação circulante, duplamente diabolizado: ele usa as populações como escudos humanos. Trata-se dum deliberado desrespeito da realidade: mais certeiro é o aforismo de que o exército sionista utiliza a população da Palestina como alvo para atingir os activistas do Hamas. A grande violência de meios de destruição e a falta de precisão do material utilizado tem destruído indiscriminadamente população civil, as crianças as mulheres, fez (até 20 de Dezembro) 20.000 mortos e várias dezenas de milhar de feridos e já destruiu 15 dos 20 hospitais da região, privando assim de tratamento as vítimas da sua barbárie. Mas, claro, isto não é “terrorismo” é “legítima defesa”- estamos a falar de gente “civilizada”.

Sabe-se que há uma grande identificação entre os palestinos em Gaza e o partido Hamas, e haverá, nas palavras dum correspondente no terreno, o cidadão que em certas horas pega numa arma, e volta depois à sua condição civil. Tais são os traços duma guerra de resistência popular, e no imaginário dos países ocidentais que sofreram a guerra há as histórias de ligação da população às organizações da Resistência. Porquê, senão por esta estranha duplicidade de critérios que reina no pensamento colonial, que se diaboliza nos povos “coloniais” o que é considerado uma epopeia se os personagens forem “civilizados”?

SIONISMO E NAZISMO

As acções e atitudes repetem-se no quotidiano e na História, protagonizados por criaturas que supúnhamos muito diferentes e até antagónicas.

Quando o rolo compressor de Hitler dominou grande parte da Europa, os seus esbirros fuzilavam os homens válidos das aldeias aonde houvesse acções da Resistência. Era uma acção retaliatória e de terror, reveladora de que os Nazis não podiam nem queriam fazer a distinção entre a população e os resistentes.

Noventa anos depois, a comunidade de objectivos entre as causas Nazi e Sionista preconizada em Berlim em 1933 pela Federação Sionista Alemã, salda-se pela comunidade de métodos, mas agora numa ampliação genocida: os colonial-sionistas matam os habitantes das aldeias e cidades onde houve reais ou suspeitas acções de resistência, os seus objectivos continuam a ser os mesmos – terror e retaliação – mas desta vez o seu alvo já não são os homens válidos: até 20 de Dezembro tinham assassinado 9.000 crianças e 6.000 mulheres.

O Sionismo desafia o Mundo com o seu desrespeito pela vida humana e fecha um ciclo da sua história, assumindo plenamente a sua natureza Nazi.

25 de Dezembro de 2023

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