Acordo de financiamento por via do BDA, permitirá o fornecimento de equipamento italiano de ponta, para instalação de uma unidade fabril totalmente automatizada de processamento e extração de óleo de soja e girassol, que será integrada entre as 17 outras já existentes (das 19 previstas no projecto) e inauguradas desde 2019 na zona da Taka.
O Deutsche Bank anunciou quarta-feira (12) a conclusão do processo de concepção de uma linha de crédito de 57 milhões de euros por 10 anos, para apoiar a produção local de alimentos na República de Angola. De acordo com um comunicado divulgado em Milão (Itália) a disponibilização desses recursos será garantida pela Agência Italiana de Crédito à Exportação SACE e pelo Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), e servirá para financiar um contrato de exportação entre a Andreotti Impianti Spa (Itália) e a empresa Carrinho Empreendimentos SA (Angola) para o fornecimento de equipamento para instalação de uma unidade totalmente automatizada para processamento e extração de óleo de soja e girassol.
A unidade terá capacidade para processar até 4.000 toneladas de soja ou 2.400 toneladas de sementes de girassol por dia, e fará parte do conjunto de unidades já instaladas no Parque Industrial que a Carrinho detém em Benguela. De acordo com o comunicado de imprensa a que fazemos referência, esta será a maior fábrica do género em África, e há ainda cerca de dois anos pela frente até entrar em funcionamento, estimando-se que assegurará cerca de 300 empregos directos, para além de impactar na actividade económica à grosso e retalho do mercado interno, dominado pela importação de produtos refinados como os óleos alimentares, ou de alguma produção interna, insuficiente, no entanto, para atender a demanda.
A nota de imprensa dá igualmente conta que esse é o primeiro Acordo de Empréstimo Individual (ILA) finalizado no âmbito do Acordo Quadro de Crédito à Exportação (FA) assinado em Maio de 2019 entre o Deutsche Bank, o BDA e o Ministério das Finanças (MF) de Angola, para financiar projectos de investimento privado no país. A linha de crédito, mobilizada pela equipa de Structured Trade & Export Finance (STEF) do banco para o Governo de Angola, visa financiar a agricultura, a agro-indústria, pescas e indústrias em geral,com vista a garantir uma maior oferta de bens, serviços e emprego, criando novas oportunidades para a população.
Ao pronunciar-se sobre o Acordo de Empréstimo ora rubricado, Alberto Andreotti que exerce igualmente as funções de diretor geral da Andreotti Impianti, manifestou a satisfação do grupo que representa por fazer parte “de um dos projetos industriais mais ambiciosos da África Subsaariana, contribuindo com a exportação de tecnologia e maquinária italiana num mercado extremamente competitivo, onde esta inovação de exportação com cobertura de um acordo de financiamento, organizado pelo Deutsche Bank e garantido pela SACE, ajudará a apoiar o desenvolvimento económico de Angola.”
Em igual sintonia esteve Werner Schmidt, director de Financiamento à Exportação de Comércio Estruturado do Deutsche Bank, que enalteceu a larga experiência do Deutsche Bank “no financiamento de projectos de desenvolvimento na África”, facto que lhes transmite um sentimento de “orgulho”.
A instalação da unidade de produção da Carrinho Empreendimentos SA, disse ainda Werner Schmidt, “apoia a transição econômica local da dependência da produção de commodities para a criação de processamento de alimentos de maior valor agregado, reduzindo assim as importações de alimentos e permitindo que a actividade econômica local suba na cadeia de valor”.
Bernardo Attolico, director de Negócios da SACE, acrescentou que, “a tecnologia e o know-how Made in Itália chegarão mais uma vez a Angola com esta operação que vê a SACE ao lado de Andreotti, e com um parceiro estabelecido como o Deutsche Bank”. Destacou de igual modo, que a instituição que representa “é uma das agências de crédito à exportação mais activas em África, e esta operação ilustra como a SACE apoia com sucesso as empresas italianas, mesmo em projetos muito complexos.”
Pela parte angolana interveniente no processo, Patrícia D’Almeida, CEO do BDA, também enalteceu o sentimento de “orgulho com a concretização desta operação”, destacando que esta fábrica constitui “um valioso contributo para o processo de diversificação económica em curso em Angola”. Patrícia D’Almeida manifestou, igualmente, o interesse de que “mais iniciativas desse tipo sejam implementadas.”
Recordamos que a Carrinho Empreendimentos é neste momento, a maior plataforma industrial e de logística privada angolana. Detém uma capacidade de produção de 1,2 mil milhões de toneladas de alimentos por ano, em consequência da inauguração, em Novembro de 2019, do Complexo Industrial Carrinho (CIC), situado na zona da Taka, em Benguela, que congrega já 17 fábricas de produtos alimentares de um total de 19 que estão previstas com a implantação de mais três na fase III, para extracção de óleo alimentar, refinação de açúcar e de glucose, que com as obras de infraestruturação, redes técnicas e viárias, incluindo um ramal ferroviário de ligação à linha do Caminho de Ferro de Benguela e ao Porto do Lobito, que deverá atingir os 400 milhões de dólares.
A Carrinho é uma holding (S.A) que teve a sua origem na empresa familiar denominada “Leonor Carrinho”(fusão dos nomes dos progenitores dos dois principais acionistas e gestores, Nelson e Rui Carrinho) foi fundada em 2014 quando iniciou a transformação do que era uma empresa de catering, logística, importação e exportação.Tem hoje várias subsidiárias e a mais recente delas é a denominada Carrinho-Agri, com vocação para o fomento da agricultura familiar, que está já a envolver milhares de famílias em Angola, a fim de criar uma linha de abastecimento e transformação, pela Carrinho Indústria, de produtos produzidos exclusivamente em Angola, designadamente, no que toca aos grãos: o arroz, o milho, o feijão, o trigo, a soja e o girassol.
A Carrinho-Agro já conseguiu identificar cerca de 58 mil produtores distribuídos pelas províncias de de Benguela, Huíla, Huambo, Bié, Cuanza Sul e Malanje que manifestaram interesse e disponibilidade para participar neste projecto de fomento da produção interna e de substituição da importação.
Faz também parte deste combinado empresarial a Carrinho Comércio que se encarrega da distribuição e comercialização de uma vasta gama de produtos por via das (suas) lojas “Bem Barato”.
Até ao momento, a Carrinho Empreendimentos SA emprega cerca de 2000 trabalhadores, mas até a conclusão da fase III do projecto poderá atingir os 3500.