Cabinda não pode avançar com políticas remediadas e desgarradas. Estas nunca terão um impacto positivo em termos de estabilidade socioeconómica, tendo em conta o seu carácter de insularidade.
Grande parte das mercadorias que são escoadas para o mercado de Cabinda (armazéns, supermercados, cantinas, etc…) é transportada via RDC (percurso de cerca de 300 kms) por frotas de camiões contentorizados a partir de Luanda.
Infelizmente, os operadores económicos estão agastados com as taxas muito altas exigidas actualmente pelas autoridades congolesas. São cerca de USD 4.000 por camião. Depois do fracasso das últimas negociações, os comerciantes decidiram paralizar o envio de mercadorias para Cabinda via RDC, a partir de sábado, dia 10 de Fevereiro. O resultado será a carestia de produtos no mercado cabindense. Já em Dezembro havia falta de açúcar em Cabinda.
Mas, o outro grande problema é o encarecimento dos preços dos produtos nos supermercados e armazéns. Os operadores económicos em Cabinda têm muitas dificuldades em ponderar os altos custos operacionais com precos competitivos. Nem a redução do IVA a 2% para os produtos do cabaz alimentar, consegue fazer o milagre do desagravo do custo de vida para os cabindas.
Entretanto, o líder dos “orgulhosos lutaremos pela paz” gaba-se de terem feito, em 50 anos, mais que os colonos portugueses em 500 anos. Se os colonos tivessem ficado em Cabinda por mais uns anos, o porto das águas profundas já era uma realidade, tendo em conta que foi lançada a primeira pedra da sua construção pelo governador-geral de Angola, Fernando Santos e Castro,em 1974, pouco antes do 25 de Abril, na praia do Girassol (Itafi).
Cabinda não pode avançar com políticas remediadas e desgarradas. Estas nunca terão um impacto positivo em termos de estabilidade socioeconómica, tendo em conta o seu carácter de insularidade.
Era suposto que o Porto do Caio, obra conseguida por influência de dois filhos de Cabinda, nomeadamente o Dr Augusto Tomás, como ministro dos Transportes, e pelo empresário Jean Claude Bastos, com influências no palácio presidencial por intermédio do seu amigo Zenu dos Santos, estivesse já a funcionar. Curiosamente, ambos foram encarcerados pelo justiceiro implacável que já havia verberado que aquela empreitada equivaleria a dar aos cabindas o fogo dos deuses.
O Jean Claude confidenciou-me que havia muita oposição ao projecto em alguns sectores do regime. A solução foi pegar no Fundo Soberano e avançar com a perspectiva de termos as primeiras operações em 2019.
Lá se foi o tempo e Cabinda continua a lerpar!… Até quando?
*Deputado (no Facebooc)
