8 DE MARÇO, DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Em 2024, quase um quarto dos governos avaliados relatou retrocessos nos direitos das mulheres. Isso inclui ameaças crescentes, níveis mais altos de discriminação, protecções legais mais fracas e menos financiamento para programas e instituições que apoiam e protegem as mulheres…

CESALTINA ABREU

Hoje, 8 de Março, é o dia de nos lembrarmos que todos os dias são Dias das Mulheres!

Muitas Mulheres já nos antecederam com as suas lutas para permitir que esta data seja reconhecida como um marco na luta das Mulheres por direitos, por igualdade e equidade de condições e de oportunidades. Por respeito e reconhecimento pelo que fazem todos os dias, nas diversas ‘frentes de luta’ das nossas sociedades.

Precisamos seguir juntas, lutando pelas vidas das próximas mulheres, para que sejam melhores do que as nossas.

Como afirmou Virgínia Wolf(1) “pela maior parte da História, ‘anónimo’ foi uma mulher” retratando uma realidade de desigualdade e falta de representatividade há séculos vivida pelas mulheres. A competência levou-nos a conquistar espaços, a granjear respeito e a sonhar em ir cada vez mais além.

Hoje, a nossa presença está em todos os espaços, em todas as áreas de actividade, e essa presença vai-se adensando à medida que novas oportunidades vão sendo enfrentadas e superadas.

Contudo, e apesar da Declaração e Plataforma de Acção da IV Conferência Mundial Sobre a Mulher – Pequim, 1995 -, um compromisso histórico para fazer avançar a igualdade de género a nível mundial, os progressos alcançados estão bem aquém do esperado. As mulheres continuam a enfrentar barreiras sistémicas tanto no trabalho como na sociedade. É por isso que, neste Dia Internacional da Mulher, a Central Sindical Internacional (CSI)(2) exige:

– Um investimento maciço em empregos dignos no sector dos cuidados;

– Salário igual para trabalho de igual valor;

– A plena aplicação da Convenção 190 da OIT para erradicar a violência e o assédio com base no género no local de trabalho.

Por outro lado, as situações de guerra e as ameaças de eclosão de novas guerras em praticamente todos os continentes, constituem factores de retrocesso – lá onde houve avanços – ou de reprodução de situações de dependência/submissão das mulheres, de trabalho.

Outra dimensão a considerar são as consequências das mudanças climáticas, como as ocasionadas pelas secas, nomeadamente o que vem ocorrendo e se agravando nas sociedades pastoris da região sul de Angola, que acabam por se reflectir de maneira mais agravada nas mulheres que, devido às migrações dos homens para a Namíbia (refugiados climáticos), em busca de condições de sobrevivência, têm de assumir as tarefas dos homens na pastorícia, para além de todas as outras que já lhe estão atribuídas.

Particularmente nas nossas sociedades africanas, precisamos de acabar com a imagem da ‘mulher guerreira’, e com a romantização do seu sofrimento, como ilustram as imagens abaixo:

As mulheres continuam a enfrentar barreiras sistémicas tanto no trabalho como na sociedade.

O relatório Direitos das Mulheres em Revisão 30 anos depois de Pequim, publicado na quinta-feira, 6 de Março de 2025, mostra que, em 2024, quase um quarto dos governos avaliados relatou retrocessos nos direitos das mulheres. Isso inclui ameaças crescentes, níveis mais altos de discriminação, protecções legais mais fracas e menos financiamento para programas e instituições que apoiam e protegem as mulheres.

Segundo a ONU Mulheres (…) guerras e outras formas de crise se intensificaram, com aumento de 50% na quantidade de mulheres vivendo em estreita proximidade com conflitos (…) Além disso, a emergência climática continua crescendo, com 54% dos países afirmando que essa é uma barreira para o progresso. A ONU Mulheres adiciona que a polarização política é outro factor preocupante que torna o risco de retrocessos em igualdade de género cada vez mais elevado(3).

Por tudo isso, hoje, não escrevo para desejar um “Feliz Dia da Mulher”, nem para enviar flores ou poemas. Parece-me mais importante um convite à continuação do engajamento nas várias frentes de luta por equidade, por dignidade, por reconhecimento do papel das Mulheres em todas as dimensões e funções de todas as sociedades. Por um mundo em Paz, mais justo, mais livre, mais inclusivo, mais solidário, e mais sustentável!

Saúde, Cuidados e Coragem para continuar as, e nas, lutas! Kandando daqui!

Referências de consulta:

(1) Escritora britânica, no livro “Um Tecto Todo Seu”, lançado em 1929.

(2) CSI, Día Internacional de la Mujer 2025: Los derechos laborales de las mujeres son derechos

humanos, 6 Marzo 2025. Disponível em https://www.ituc-csi.org/dia-internacional-de-la-mujer2025#msdynmkt_trackingcontext=bced2420-5f84-408f-8f62-2a337b341555

(3) https://news.un.org/pt/story/2025/03/1845891?utm_source=ONU+News+-+Newsletter&utm_campaign=90252e9a0e-

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