Conversações entre a República Democrática do Congo e o grupo armado M23, apoiado pelo Ruanda, que se apoderou de vastas áreas do leste da RDC, rico em minérios, terão início em Luanda a 18 de Março, conforme anúncio feito esta semana, depois de um encontro entre o Presidente congolês, Felix Tshisekedi, e o seu homólogo angolano, João Lourenço.

Embora o Presidente Paul Kagame, do Ruanda, entre várias contradições, tenha tentado desmentir o seu apoio incondicional às tropas rebeldes do M23, durante a conversa de 28 de Janeiro do corrente ano com o Secretário de Estado americano Marco Rubio, o Presidente Donald Trump não se compadeceu.
Durante conversações de iniciativa do Presidente Felix Tshisekedi, da República Democrática do Congo, este expôs a situação real que vive o seu país e propôs à Administração Trump, o exclusivo acesso aos minerais raros existentes, em troca do apoio dos Estados Unidos de América ao seu processo de paz. De imediato, os Estados Unidos aplicaram sanções ao Ruanda, (à semelhança da Bélgica, Alemanha e Inglaterra) e impuseram como condição para normalização das relações, o fim do apoio do Ruanda ao exército rebelde do M23.
O Presidente Trump exigiu, que os presidentes Paul Kagame e Felix Tshisekedi regressassem aos Acordos de Luanda, com a condição do primeiro retirar o seu apoio ao M23, para a negociação da paz entre a RDC e o referido grupo rebelde de congoleses (zairenses), de origem ruandesa.
Impende forte suspeita, que o M23 tenha ligação com os “banyamulenge”, de etnia tutsi de origem ruandesa, acusados de poderem ter estado na base do assassinato do Presidente Laurent Kabila. O M23, à semelhança dos “banymulenge”, reclamam entre outros aspectos, mais lugares-chave do que já possuem, nos poderes executivo, legislativo e judicial da RDC.
Há ainda o facto, de ter sido suspenso o pagamento anual de 60 milhões de dólares/ano ao Ruanda, que o Presidente Joseph Kabila autorizou, como retribuição aos serviços prestados pelos ruandeses, que integraram o exército congolês (zairense), para derrubar o regime do Presidente Mobutu Sese Seko. Esse pedido foi feito pelo Presidente Yuri Museveni do Uganda ao Presidente Paul Kagame, (seu companheiro de guerrilha e chefe da Segurança do PR ugandês), após aproximação do então guerrilheiro Laurent Kabila ao primeiro.
A concretizar-se o acordo de paz entre a RDC e o M23, ganha a República Democrática do Congo, os seus cidadãos e a sua economia, ganha a massacrada e “assaltada” Angola e o respectivo desenvolvimento económico, ganham os restantes países vizinhos da RDC, ganha África, mas, sobretudo, a curto prazo, ganha a política diplomática do Presidente Trump. Dessa forma, salvar-se-iam os créditos do Presidente João Lourenço como mediador, beneficiaria a economia americana (“Americans First” – Americanos Primeiro) e, no futuro, ganharia o projecto do Corredor do Lobito, que tanto temos defendido.
13.03.2025