HOMENAGEM A NELSON MANDELA

CESALTINA ABREU

Madiba continua a ser uma inspiração para muita gente; eu, particularmente, considero-me inspirada, influenciada por ele. Nas minhas mensagens diárias, recorro frequentemente a algumas ideias que ele não se cansava de partilhar, nomeadamente a de que “Está nas nossas mãos fazer do mundo um lugar melhor”. Embora possa parecer algo inalcançável, eu acredito, como Madiba, que sim, a mudança que queremos no mundo e nas nossas vidas depende de nós.

Na sua homenagem, transcrevo cinco facetas da vida de Nelson Mandela detalhadas numa trajectória elaborada pelo National Geographic (1).

1. Nelson Mandela – a sua origem nobre

Nelson Rolihlahla Mandela nasceu em 1918, na pequena vila de Mvezo, no leste da África do Sul. Veio de uma família real do povo Tembu, de língua Xhosa, um dos maiores grupos étnicos do país, como informa a Encyclopedia Britannica.

A plataforma detalha que ele era filho do chefe do clã Madiba, Henry Mandela e, portanto, o seu sucessor. Contudo, após a morte do pai, o jovem Nelson “renunciou à sua reivindicação de liderança” para estudar na capital, Joanesburgo, e se tornar um advogado.

Nelson Mandela assina o juramento de posse, ao assumir a Presidência da África do Sul. Foto de Chris Sattlberger

2. Antes de ser preso, Nelson Mandela viveu sob as duras leis do ‘Apartheid’

Já em Joanesburgo, formou-se em Direito e, em 1944, entrou para a política. A partir de 1948 passou a viver sob o regime de segregação racial chamado ‘Apartheid’, implementado pelo governo da época, e que se baseava em separar pessoas negras e brancas em formas de convívio distintos.

“O ‘Apartheid’ determinava, com base na raça, onde os sul-africanos poderiam morar e trabalhar, o tipo de educação que poderiam receber e até se poderiam ou não votar”, explica a Britannica“A população negra, imensa maioria na África do Sul, era privada de direitos”, detalha a fonte, e vivia sob uma violenta opressão.

3. Nelson Mandela passou 27 anos na prisão e cumpriu uma pena de trabalhos forçados

Mandela foi preso em Junho de 1964 acusado de tentar derrubar o governo de minoria branca que comandava a África do Sul na época. Acusado por traição e sabotagem, a sua pena foi de prisão perpétua, refere a Britannica.

O activista e político passou a maior parte da sua sentença em Robben Island, uma cadeia situada perto da Cidade do Cabo, fazendo trabalhos forçados que incluíam quebrar pedras. “Durante a década de 1980, Mandela recusou muitas ofertas de libertação antecipada do governo”, explica um artigo sobre a vida do sul-africano publicado pela National Geographic, dos Estados Unidos.

Somente em 2 de Fevereiro de 1990, o então presidente sul-africano F. W. de Klerk reverteu a condenação de Mandela e de organizações anti-apartheid, e anunciou posteriormente que Madiba seria liberto, diz a fonte.

Quando saiu às ruas, na Cidade do Cabo, mais de 50 mil pessoas o esperavam para ouvir o primeiro discurso público do líder político em mais de 20 anos preso: “A nossa luta chegou a um momento decisivo. A nossa marcha para a liberdade é irreversível”, disse Mandela – tendo a suas palavras sido transmitidas para todo o mundo.

Um coral das forças sul-africanas canta pela paz e homenageia o legado de Nelson Mandela num evento organizado pela Operação Híbrida da União Africana e das Nações Unidas em Darfur (UNAMID), em 18 de Julho de 2011, para marcar o Dia Internacional de Nelson Mandela. Foto de Oliver Chassot

4. Nelson Mandela foi o primeiro presidente negro da África do Sul em 300 anos

Em 1994, Madiba foi eleito presidente da África do Sul com mais de 60% dos votos, colocando fim a um ciclo de três séculos de domínio europeu (com colonizadores-invasores portugueses, holandeses e, por último, ingleses) sobre os povos africanos nativos da região, como explica o artigo da NatGeo.

A vitória de Madiba foi inesperada, pois havia um clima de tensão e violência que presidia as eleições. “Mandela fez uma campanha incansável, apelando para que as pessoas jogassem as suas armas no mar”, reforça o artigo da NatGeo.

A sua vitória foi um marco não só para a África do Sul, como para o mundo, já que, 20 anos antes da sua ascensão à presidência, as pessoas negras do país não podiam votar ou sequer usar os mesmos autocarros públicos e comboios que os brancos. A vida no país da segregação racial incluía frequentar lugares – praias, mercados e restaurantes – indicados apenas para negros, e viver em bairros considerados guetos, explica a Britannica.

5. Mandela morreu aos 95 anos e foi galardoado com o Nobel da Paz

Mandela morreu aos 5 de Dezembro de 2013, em Joanesburgo, quando já vivia bastante reservado. Foi casado com Winnie Mandela, que também era activista pelos direitos do povo negro. Da época em que ficou preso, manteve o hábito de arrumar a sua própria cama todas as manhãs, mesmo quando era presidente, detalhe referido também no artigo da NatGeo.

Em 1993 recebeu uma das maiores honrarias da sua trajectória: o Prémio Nobel da Paz, dividido com F. W. de Klerk, ambos devido à actuação no combate ao ‘Apartheid’. A sua vida foi repassada na autobiografia “Long Walk to Freedom” (“Longa Caminhada Até a Liberdade”), que se tornou um best-seller internacional. O livro de memórias começou a ser escrito “secretamente” por ele quando ainda estava preso: “a biografia foi retirada da cadeia clandestinamente por prisioneiros libertados”.

Todos os anos, Mandela é celebrado por seu legado e a data dedicada a ele pede reflexão num mundo com inúmeros conflitos étnicos e raciais.

18 Julho de 2024

(1) https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2024/07/dia-internacional-de-nelson-mandela-os-5-fatos-surpreendentes-sobre-a-trajetoria-do-lider-sul-africano

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