Com muita tristeza, verificamos que Presidente João Lourenço tem duas agendas opostas. Uma de marketing político voltada para as aparências, virada para o exterior, e outra política, para o país real, que por azar e mágoa da maioria dos angolanos, tem sido muito mal gerida, sobretudo nos últimos 7 ( sete ) catastróficos anos.

Em política não há almoços grátis, só se for para alguns líderes africanos. Tenho repetido incessantemente, que nos países desenvolvidos e emergentes, a política é feita para alcançar resultados econômicos, ou para alguns corruptos atingirem objectivos financeiros pessoais. Os franceses, segundo quer a imprensa internacional, quer declarações de lobbies, quer entrevistas de ex Chefes de Estado da francofonia, quer dos julgamentos dos ex Presidentes Jacques Chirac e mais recentemente, de Nokolas Sarkozy, são o melhor exemplo desse tipo de actuação.
Sinceramente, cheguei a pensar, que nas vestes de Presidente da União Africana, o Presidente João Lourenço tivesse sido mandatado para visitar o ex Presidente do Gabão Ali Bongo e aplaudi o gesto. A verdade, é que até mesmo os prisioneiros de guerra merecem ser bem tratados, ainda que, desta feita, o prisioneiro fosse um convicto de delito comum, ou seja, um grande corrupto comprovadamente.
Daí, até poucos dias depois da visita Presidencial, aparentemente depois de ter conseguido interceder para liberarem o ex Presidente corrupto Ali Bongo, o vermos chegar sorridente e triunfante ao aeroporto 4 de Fevereiro em Luanda, num avião com as cores da nossa bandeira, que não nos parece ser um voo regular, iria um grande passo. Deixou-me atônita.
Aliás, não é a primeira vez que atitudes contraditórias do Presidente João Lourenço me deixam nesse estado, que não é de negação. O problema, é que a linguagem facial, visual e o tom de voz, para além da linguagem gestual, dizem muito de nós e nisso, tal como eu, o Presidente João Lourenço dificilmente consegue esconder as suas emoções, quando é entrevistado e, possivelmente, noutras ocasiões.
Com muita tristeza, verificamos que Presidente João Lourenço tem duas agendas opostas. Uma agenda de marketing político mais voltada para as aparências, virada para o exterior, e outra agenda política, para o país real, que por azar e mágoa da maioria dos angolanos, tem sido muito mal gerida, sobretudo nos últimos 7 ( sete ) catastróficos anos.
Na segunda agenda, entram entre outros males, o dos ajustes directos, sem a urgência inadiável necessária para o efeito, e o sistema de “dois pesos e duas medidas”. Desta feita, vimos o Presidente da República a antecipar o veredito de vários cidadãos angolanos, acusando-os de corrupção entre outros crimes, julgando-os publicamente, sabe-se lá com que intuito se pretende influenciar a justiça.
Tivemos o caso da Presidente do Tribunal de Contas, que contrariamente a um caso similar relativo ao Juiz Joel Leronardo, Presidente do Tribunal de Contas, foi humilhada em hasta pública, antes de qualquer acusação formal. Temos outro caso, em que o Presidente João Lourenço até elevou o tom de voz e endureceu as feições do rosto e o olhar, e ameaçou com sanções econômicas o Governo Português, para a todo o custo, transferir para Angola o processo crime por corrupção do Engº Manuel Vicente, crime esse que se provou existir, com a condenação do corrompido.
No âmbito da agenda política para o exterior, depois de, por falta de conselho jurídico adequado dos seus assessores, ter orientado a apreensão (arresto) do patrimônio de Isabel dos Santos, em Portugal, apanhou um contragolpe do Governo Português que nacionalizou a EFACEC, em seu proveito, (também nem soube aproveitar) e recebeu outra bomba dos bancos portugueses como resposta. Estes, aproveitaram a incompetência dos poderes Executivo e Legislativo angolanos, para ficaram com os restantes bens arrestados, alegando que seriam para pagar dívidas de empresas onde Isabel dos Santos tinha acções. Isto é: ficou provado que ela não levou dinheiro de Angola para investir em Portugal. Será, por exemplo, que a OMATAPALO e a CARRINHO levaram?
Provavelmente, incomodados por não trazerem um bom resultado ao Chefe do Executivo e, pelo facto de Isabel dos Santos ter exposto um “cheirinho” do ” buraco financeiro” da SONANGOL, constatado pelos auditores externos, resolveram vingar-se. Para tal, procuraram uma “agulha no palheiro”.
Quer dizer, foram pegar no facfo de no dia seguinte a sua exoneração, a mesma ter ordenado o pagamento em divida às supracitadas empresas de auditoria, que confirmaram terem recebido o dinheiro e, normalmente, ela teria direito a ficar alguns dias para passar a pasta.
Por ultimo, agarraram-se a empresa de prestação de serviços que agenciou as empresas de consultoria, que afirmam ser de uma amiga dela. Mas ainda que fosse, será que o Presidente João Lourenço não terá relação de amizade com alguém da família Carrinho e com pessoas com quem trabalha? Isso significa algo mais?
Logo no início do seu mandato, em que utilizou muito bem o slogan lançado pelo Presidente José Eduardo dos Santos “Corrigir o que está mal …”, iniciou uma campanha de descrédito público direcionada claramente ao seu antecessor, que o indicou e fez campanha por ele. Começou no exterior (Portugal) e seguiu-se, chamando-o, a ele e à família sem distinção, de corruptos (marimbondos).
Enquanto ex Vice-Presidente do MPLA, membro do Bureau Político desse Partido, Vice-Presidente da Assembleia Nacional, ex Ministro da Defesa, ex Secretário Geral do MPLA, ex Governador Provincial, o que fez, ou o que disse, para manisfestar o seu desagrado, para com a anterior governação de que foi parte integrante?
Como, ou porquê, aceitou trabalhar cerca de 40 anos, como um dos braços direitos de alguém a quem chamou de corrupto, quando a maioria das decisões importantes eram gizadas e aprovadas pelo Bureau Político do seu Partido?
Como é que Sua Excelência Presidente da República, conseguiu as garantias bancárias para os seus primeiros investimentos, se pelo que descreveu da sua família, não recebeu herança e apenas os salários que auferia não o permitiriam?
O exemplo mais gritante de dois pesos e duas medidas, foi o facto de José Filomeno dos Santos, filho do Presidente José Eduardo dos Santos, não ter podido ir visitar o pai no leito do hospital em Barcelona, onde estava em estado crítico, nem ir buscar o seu corpo, (que veio como carga no porão do avião, sem honras de Estado), porque tinha o passaporte preso, já após ter sido ordenada a sua entrega.
Vários ex e actuais Chefes de Estado Africanos contactaram-me, informando-me, que tinham contactado a Presidência da República, e não tiveram resposta satisfatória relativamente a possibilidade de visitar o jazido do Presidente José Eduardo dos Santos. O tal jazigo, onde até a presente data está aprisionado o corpo de Presidente José Eduardo, nem tem dignidade, segundo um elemento do processo dos 50 que lá entrou. Porém, quer queiramos quer não, o nome do Presidente José Eduardo dos Santos já está registado na história, e é reconhecido internacionalmente, como o homem que conseguiu levar a bom porto, a paz na África Austral. O arquiteto da paz.
Já dizia o velho ditado “Diz-me com quem andas…”
