BALANÇO-2024. SONANGOL CONTRIBUIU PARA ‘AMAMENTAR’ EMPRESAS PÚBLICAS

Os resultados divulgados recentemente pelo relatório do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), na apresentação sobre a avaliação agregada a que se submeteram 87 empresas no exercício de 2024, indicam que a Sonangol representou 93 por cento dos lucros do Sector Empresarial Público (SEP). 

Os dados disponíveis justificaram a atribuição do título de “empresa mais robusta financeiramente no sector público”, e confirmam o que já era expectável: 69 empresas são uma constelação, mas, sem a estrela petrolífera que continua a carregar o sector público às costas, o lucro agregado não chegaria aos  788,4 mil milhões de kwanzas, e daria apenas para um modesto lanche de ‘bombô com jinguba’ para alimentar a crescente família angolana. 

Esses resultados não teriam sido alcançados, sem uma gestão assertiva e focada na injecção de valor acrescentado. Sem dúvida, tem sido fundamental na manutenção da robustez da economia nacional e na consolidação da Sonangol, como pilar do desenvolvimento energético de Angola.

Depois da crise mundial, caracterizada ainda pela influência negativa da guerra na Europa (Rússia e Ucrânia), 2024 foi considerado um ano em que, segundo o relatório da Sonangol, “foram dados passos decisivos em áreas críticas para o crescimento e evolução da empresa, com o reforço da posição no sector energético, estabilizando a produção de petróleo e gás e fortalecendo a presença no mercado”.

Os níveis de direitos líquidos sobre a produção nacional alcançaram cerca de 18%, deu-se seguimento a campanha de exploração nos activos offshore, no sentido de assegurar mais recursos petrolíferos e, consequentemente, ir ao encontro do objectivo do aumento da produção operada. Essa intervenção, segundo o relatório, “foi encarada como prioridade para a Sonangol na dinamização da actividade onshore, para os blocos terrestres da bacia do Kwanza, onde a perfuração de poços nos blocos KON 11 e 12 deram provas de existência de volumes de petróleo bruto, que podem produzir bons resultados ainda durante este ano”.

No quadro operacional, a Sonangol manteve estável a operação da Refinaria de Luanda e marcou passos significativos em prol da materialização dos projectos estruturantes de construção de refinarias, que culminaram com a inauguração, recentemente, da Refinaria de Cabinda, ao mesmo tempo que se avançou com a preparação técnica e administrativa para as refinarias do Lobito e do Soyo.

Recorde-se, em 2024, para além de se ter assegurado o abastecimento regular a todo o território nacional, a Sonangol deu continuidade a construção do Terminal Oceânico da Barra do Dande (TOBD), o maior do país, inaugurado aos 10 de Fevereiro deste ano, constituído por 16 tanques de stokagem nesta primeira fase, com custos na ordem de 700 milhões de dólares.

O investimento, suportado integralmente pela Sonangol, constitui “um Projecto desafiante e de extrema complexidade técnica, que proviu o país com uma capacidade de armazenamento adicional de 582.000 m³, repartidos em 320.000 m³ de gasóleo, 160.000 m³ de gasolina e 102.000 m³ de LPG, reunindo as condições para assegurar as Reservas Estratégicas e de Segurança Nacional”, como referiu na ocasião o PCA Gaspar Martins.

Em 2024, a produção petrolífera de Angola teve um processo de recuperação estável e apoiou no crescimento económico mais forte, mantendo-se assim alinhada com o objectivo do Governo, sobretudo na sequência da decisão da saída da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), no final de 2023.

Para o período em análise, o relatório dá conta que foi notório o crescimento das exportações petrolíferas, cujos impactos positivos deveram-se a conclusão, com sucesso, das manutenções programadas no campo Dália do bloco 17, a realização de outros trabalhos correntes pelas demais operadoras do mercado, bem como do aumento do preço médio do Brent, que passou de 77,4 USD/bbl para 81,3 USD/bbl, valor muito acima dos 65 USD/bbl previsto no OGE.

Em termos de desempenho, em 2024 a Sonangol alcançou o resultado líquido positivo de cerca de USD 846 mil milhões, decorrente da conjugação do seu volume de negócio e do exercício da redução dos custos. Em termos gerais, a redução do preço do barril, conjugada com as alterações no ambiente geopolítico e da consequente alteração do comportamento dos mercados, resultaram na redução do volume de negócio consolidado da Sonangol em cerca de 38%, face ao período homólogo. 

O ano 2024 foi marcado pela materialização de iniciativas e de projectos, com maior realce para a exploração e produção, refinação e petroquímica.

Na sua última edição, o Semanário Expansão sintetiza a radiografia do sector público: apenas 25 empresas registaram lucros; 39 tiveram prejuízos; 12 não apresentaram contas; 26 empresas tiveram as suas contas auditadas sem reservas, mas 40 foram com reserva e 3 viram as contas chumbadas. Os lucros do agregado foi de 788,4 mil milhões Kz; 154 mil milhões sem a Sonangol, BPC e Unitel; Energia e transportes lideram prejuízos; empresas do Estado têm 55,363 trabalhadores; 46,6 mil milhões Kz é o que se consumiu com subsídios operacionais.

No domínio da exploração e produção, há o registo de cerca de 17% de direitos líquidos sobre a produção nacional, e uma quota de produção operada média de cerca de 24 mil barris por dia, um aumento de 5% bem como, a aquisição sísmica nos Blocos 17, 30, 44 e a realização de serviços de sondagem para perfuração completa de 10 poços.

Na tocante a refinação e a petroquímica, em 2024 há a considerar a estabilidade operacional da Refinaria de Luanda, com uma taxa média de utilização de 75% da capacidade instalada, superior à 2023 em 3 p.p, contribuindo para uma autonomia doméstica média de produtos refinados de cerca de 28%. Durante o período, foram realizadas actividades preparatórias de aprovisionamento de materiais, equipamentos e outros meios necessários à materialização da Paragem Geral da Refinaria para manutenção, com vista a melhoria do seu desempenho operacional. 

Nesse período de gestão, foi, entretanto, reforçado o compromisso com a transição energética, com investimentos em projectos de energias renováveis, estando a Central Fotovoltaica de Caraculo, no Namibe, em operação desde 2023. E deu-se sequência ao desenvolvimento da Planta Fotovoltaica de Quilemba, na Huíla, que tem uma capacidade inicial de 35 MW, em parceria com a TotalEnergies.

Há a considerar, de igual modo, o início do processo de instalação de painéis solares nos postos de abastecimento e instalações de gás.

Em suma, 2024 foi um bom ano e esse desempenho está já a produzir resultados que perspectivam 2025 mais assertivo, com maior crescimento em todos os domínios. 

 

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